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  • Opinião, Comunitas, Pelotas | 11.08.2017 - 18h50

    Uma pedra no sapato de Paula chamada 'Comunitas'

    Editorial

    Última atualização: 11h27 de 13/08

    Paula e Eduardo
    O Diário Popular anuncia com algum atraso a abertura da investigação de um Termo de Parceria assinado pela prefeita tucana Paula Mascarenhas com a Organização Comunitas. Há quase 50 dias, o promotor André de Borba mantém à mesa uma lupa, a espera do envio dos papéis pela prefeita. 

    Ele pediu os documentos do Acordo em junho. Até agora Paula não os enviou. “Não recebi resposta ou manifestação”, conta André.

    Ele não admite. Mas a demora tende a ser interpretada no Ministério Público como indício de culpa no cartório. Assim como o fato de os papéis ainda não terem sido divulgados ao público, no site da prefeitura.

    Uma sindicalista e um vereador visitaram André, nesta quinta-feira (10). Uma equipe do Diário também ouviu o promotor. A foto dele em frente ao computador saiu publicada na edição de hoje.

    PROMOTOR DE JUSTIÇA À ESPERA

    Promotor André de Borba cuida do caso Comunitas

    O promotor aguarda o fim do prazo legal para que Paula, enfim, entregue os documentos. Tem até 20 de agosto.

    PORTO ALEGRE SUSPENDEU O ACORDO

    Em Porto Alegre, a juíza Andréia Amaral suspendeu uma parceria da Comunitas com a prefeitura da capital, nos moldes da firmada em Pelotas, atendendo a pedido da Promotoria de lá. 

    Andréia considerou que o tucano Marquezan deveria ter selecionado consultoria por Licitação ou Chamamento Público, para garantir a impessoalidade do processo e dar chance a outras organizações de prestar o serviço. 

    Talvez pelo volume dos indícios, que já encorpam uma suspeita robusta, a prefeita esteja retardando um pouco a entrega dos papéis.

    Talvez só queira fazer com que a Promotoria de Justiça espere um pouco mais até ter o prazer de esfregar na curiosidade dela um “ato firmado rigorosamente dentro da lei”, como classificou Paula o Acordo, quando o caso foi denunciado na Câmara, nos primeiros dias de junho passado. 

    Não há como saber com certeza o motivo da demora.

    O que se soube é que, com a denúncia, veio finalmente à tona uma tão boa fatura para o governo, a assinatura do Acordo, considerado por Paula uma vitória para a cidade. Uma novidade e tanto que a prefeita, infelizmente, se esquecera de anunciar aos quatro ventos 105 dias antes, quando colocou sua assinatura no Acordo. 

    Ela continuou esquecendo de divulgar a notícia ao longo dos 105 dias, até que iluminaram o assunto na Câmara. 

    PASSAGENS ÁREAS E HOTEL

    Só depois da denúncia de um vereador, em junho, se ficou sabendo que, em 3 de março passado, a prefeita assinara com a Comunitas o Acordo. Mas ela não mandara divulgar a boa nova no site da prefeitura, pra todo mundo ver, nem pedira à assessoria para divulgar o release e as fotos do evento aos jornais, rádios, televisões, sites.

    Nenhum assessor teve a faísca de lembrá-la de fazer isto. Nem mesmo o corpo jurídico oficial chamou a atenção da prefeita para a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos do poder público, como manda a Lei. 

    Uma pena uma notícia tão boa não ter sido divulgada no dia da assinatura do Acordo por Paula, lá no comecinho de março!

    O Acordo dá o direito a consultores de empresas associadas da Comunitas de trabalharem dentro de prédios da prefeitura. Fazendo como qualquer servidor do quadro, se servindo de mesas, cadeiras, computadores, internet, telefones.     De espaço.

    Uma vez instalados nos prédios públicos, os jovens executivos privados da Comunitas têm também o direito de acesso a todos os dados da Administração Pública do Município. Acesso e registro.

    Pelo pacote completo, os consultores possuem direito ainda a ter todas as despesas pagas nas viagens a Pelotas, vinda e ida. Com hotel.

    SEM PROBLEMAS, PARA PAULA

    Paula não considera que haja problemas. 

    Para ela, é perfeitamente normal se ter recusado a fazer Licitação ou Chamamento Público e, em vez disso, escolhido a Comunitas por vontade pessoal. 

    Considera também perfeitamente normal e coerente que os consultores manuseiem até mesmo dados sigilosos da Municipalidade. Ela não pode crer que os consultores farão uso deles para favorecer empresas em futuras concorrências para prestação de serviços.

    O dirigente da Comunitas, empresário Carlos Jereissati Filho, é sobrinho do presidente nacional do PSDB, Carlos Jereissati.

    A Organização nasceu do Programa Comunidade Solidária, implantado por Ruth Cardoso, primeira-dama mulher de FHC. 

    A Comunitas é vinculada ao Centro Ruth Cardoso, ligado ao PSDB.

    Centro e Comunitas funcionam no mesmo edifício em São Paulo. 

    O nome do edifício é Ruth Cardoso. 

    As duas entidades são presididas por Regina Célia Esteves de Siqueira, que, no governo FHC, foi diretora de Projetos Especiais do Gabinete do MEC e atuou no conselho da Comunidade Solidária, presidido por Ruth.

    Paula não considera a Comunitas uma organização “tucana”. Leite também não.

    “Não é tucana”, garantem.

    BOLSO GENEROSO

    Enquanto aguarda que a prefeita enfim entregue os documentos, o promotor André tem utilizado a lupa para verificar uma doação específica à campanha eleitoral da tucana loura.

    A legislação proíbe doações de empresas a candidatos. Só pessoas físicas, que em geral doam pouco. 

    Tudo indica que Carlos Jereissati, dirigente da Comunitas e poderoso proprietário graúdo do Grupo Iguatemi, se sensibizou com um pedido de ajuda financeira feito a ele pelo ex-prefeito tucano Eduardo Leite. 

    Pois Carlos abriu o próprio cofre particular e tirou dele R$ 150 mil para custear despesas da campanha de Paula. A segunda doação mais alta por ela recebida foi de R$ 30 mil, um quinto do valor doado por Jereissati, feita por um assessor de confiança. 99% das demais doações são de pequenos valores, mil, dois mil, raras vezes cinco mil.

    Os R$ 150 mil são uma quantia tão boa que parece até doação de empresa.

    No Acordo firmado com a prefeitura, a Comunitas pede uma contrapartida financeira de R$ 300 mil.

    Não precisa ser dinheiro público. Aliás, não deve sê-lo, deixa bem claro o Acordo. Basta que a prefeita arrecade, em nome da prefeitura, os R$ 300 mil com empresários privados preocupados com o futuro da cidade.

    OUTROS PEDIDOS DE DINHEIRO

    Paula foi pedir o dinheiro aos empresários.

    Alguns aceitaram dar. Outros avisaram que não vão dar. Até cogitaram dar, mas desistiram ao perceber que seria impossível a eles colaborar também no debate das intervenções a ser feitas com seu dinheiro. 

    É que a Comunitas, por eficiente, se antecipou, embrulhou e selou o pacote de boas ações com a prefeitura.

    Os empresários a quem a prefeita pediu dinheiro dependem da concessão de licenças da prefeitura. Também não estão imunes à visita de fiscais de impostos.

    Paula não vê qualquer constrangimento em pedir dinheiro a eles.

    Resta saber o que vai achar o promotor André. Disto & tudo o mais. 

    Incluindo o fato de a Comunitas/Jereissati ter bancado uma bolsa de estudos para Eduardo Leite na Universidade de Columbia, em Nova York. Uma especialização feita no primeiro semestre deste ano, em Gestão Pública.

    A prefeita está tranquila. Hoje apresentou seu Plano de Paz. 

    * Comunitas é o diminutivo plural da palavra Comuna. Já Comuna é o depreciativo de Comunista.

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    4 Comentários
    • Djalma Filho - 11/12/2017 - 16h07

      bah kafka te superasse. Então Giuliani em Nova Yorque prendeu os cidadãos de bem em casa e deixou a bandidagem livre, leve e solta nas ruas kkkkk. Quanto ganhou pra escrever esse comentário? Que deve ter sido pago sem licitação kkkk pois já é prática comum por aqui.
    • kafka - 12/08/2017 - 14h38

      Conversei com um Policial Civil, formado em Direito e com muita experiência sobre segurança pública e sem filiação nem preferência partidária. Achou o Plano de Paz da Paula, algo parecido com o do ex-prefeito Giuliani, que tornou Nova York, antes violenta, uma das cidades mais seguras do mundo. Estou com Paula...
    • Matheus - 11/08/2017 - 22h41

      Eu trabalho na Paulista em frente à Fiesp. Esquina com a Pamplona. Andou meia quadra pra baixo, Centro Ruth Cardoso/Comunitas. Andou duas quadras pra cima, pela Avenida Nove de Julho, a FGV (onde Leite fará o caro mestrado, pago por Jereissati?)... Só não vê quem não quer essa "nova política".
    • Vinícius - 11/08/2017 - 20h23

      Excelente matéria. Essa história está muito mal contada. Faria melhor a prefeita se admitisse que se equivocou e fizesse uma licitação conforme sugere a matéria. O silêncio nesse caso é um complicador mesmo.
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