Pablo Rodrigues
A CPI precisa andar A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores para apurar as supostas irregularidades na destinação de imóveis do Minha Casa Minha Vida em Pelotas durante a gestão do ex-prefeito Eduardo Leite (PSDB) precisa sair.
As suspeitas são graves demais: ingerência dos vereadores Ademar Ornel (DEM) e Waldomiro Lima (PRB) e conivência do ex-secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Ivan Vaz.
Será uma vergonha para o Legislativo fazer vistas grossas e não instaurar uma investigação.
Recorde-se: um dos principais papeis da Câmara é justamente o de fiscalizar as ações do Executivo.
Por óbvio, a busca pelas sete assinaturas necessárias à abertura da CPI tem sido feita pela oposição e encabeçada, principalmente, pelo vereador Ivan Duarte (PT).
Além dele, Marcus Cunha (PDT), Cristina Oliveira (PDT), Marcola (PT) e Fernanda Miranda (PSOL) já assinaram o documento.
Se dois dos vereadores que votam com certa frequência contra o governo, Toninho Peres (PSB) e Éder Blank (PDT), somarem-se, o mínimo estará garantido.
Para não concordarem com a abertura da CPI, Toninho e Éder precisarão ter boas explicações na manga para dar não apenas a seus eleitores diretos, mas à sociedade de Pelotas, que espera ver esse episódio esclarecido em pormenores.
Ao que tudo indica, porém, devem dizer sim à instalação das investigações no Legislativo.
O líder do governo, Fabrício Tavares (PSD), tem feito o papel que o governo espera dele: blindar a CPI.
Para isso, chamou-a de oportunista e politiqueira, por querer atingir em última análise o ex-prefeito Eduardo Leite (PSDB), pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul.
Em minha opinião, a CPI não é oportunista, mas oportuna.
Não se pode esquecer que Eduardo livremente nomeou Ivan Vaz e o manteve em seu governo. E que toda a gestão do Minha Casa Minha Vida em nível municipal é feita pela prefeitura e pela Caixa Econômica Federal.
Também há intenção política na CPI, obviamente. Se não houvesse, provavelmente não seria humana. E nem se daria em uma Câmara de Vereadores.
Se há intenção política da oposição para ver a CPI andar, não deixa de haver, por outro lado, intenção política da base do governo em frear qualquer ideia de investigar o governo do ex-prefeito Eduardo Leite.
Tudo é política. Por isso, martelar no argumento de “CPI como palanque para atingir Eduardo” é demonstrar fraqueza.
Espera-se da base do governo que ajude a esclarecer o que pode ter havido, não que desmereça a CPI. Que a base traga a público e detalhadamente o modo como as escolhas eram feitas. Quem as acompanhava?
Que a base repasse a lista de todas as entregas e veja se não há parente de vereador, por exemplo. Que tenha a coragem de cortar na carne, se preciso. Isso, sim, seria serviço de utilidade pública na atual conjuntura.
Caso nenhuma irregularidade aponte para o ex-prefeito, ele sairá ainda mais fortalecido.
Ademar Ornel, Waldomiro Lima e Ivan Vaz negaram as acusações.
Eduardo disse que não sabia de nada, que desconhecia irregularidades na Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária em seu governo.
A investigação da Polícia Federal, que começou há mais de um ano, seguirá seu curso normalmente. E terá, por certo, outros desdobramentos.
A investigação na Câmara, como se disse, precisa sair. Ela está nas mãos principalmente de Toninho Peres e Éder Blank. Que ambos tenham coragem de dizer sim à CPI. E de não negar ao Legislativo a possibilidade de fiscalizar em conjunto o Executivo, o que seria um verdadeiro contrassenso.
⊗ O artigo de Pablo foi publicado originalmente no Diário Popular, onde assina uma coluna. Nesta segunda-feira, 11.
Leite não sabia de nada por que não tinha interesse, envolvimento e comprometimento com a Pasta.
Ele desconhece qualquer irregularidade assim como Lula também não sabia de nada nos casos ocorridos na Petrobras que resultaram na Lava-Jato.
É sempre assim!
Leite aprende rápido, não é mesmo?!