A notícia de que a médica Júlia Kanaan Recuero havia detectado insegurança nos exames preventivos de câncer para colo de útero em 2014, e dado ciência do fato, em 2015, à gestão do então prefeito Eduardo Leite na prefeitura, é o fato novo mais importante para entender o caso das denúncias que motivaram a decisão de formar uma CPI na Câmara de Vereadores e de abrir investigações no Ministério Público e na Polícia Federal.
Em pesquisa de campo dos exames, chamados “citopatológicos”, a médica chegou – quatro anos atrás – à mesma conclusão a que chegaram os médicos e enfermeiros da UBS Bom Jesus em 2017, três anos anos depois.
Estes também constataram e informaram a prefeitura de sua conclusão: de que desde 2014 os resultados dos exames são “todos negativos”, um fato incomum.
Contatada pelo Amigos, Júlia Recuero confirma as informações sobre seu estudo e sobre seu alerta ao Município.
A pesquisa da médica está disponível no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Pelotas, link https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/4053
Mesmo com os dois alertas, a prefeitura não abriu procedimento para investigar a discrepância dos resultados dos exames. Não teve curiosidade ou não levou a sério, apesar da gravidade.
No mínimo, foi negligente.
Tivesse investigado o assunto quando os alertas foram dados em 2015 e em 2017, e passado a monitorá-lo, a prefeitura teria garantido a segurança dos procedimentos e evitado o mal-estar que a denúncia feita agora tem provocado entre a população. Teria também evitado a CPI e a entrada em cena do Ministério Público e da Polícia Federal.