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Brasil e mundo

Você acredita que existem 49 milhões de fascistas ou nazistas no Brasil?

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Rodrigo da Silva, no facebook

Se você acredita que existem 49 milhões de fascistas ou nazistas no Brasil – que a dona Maria, de Itabuna, no sul da Bahia, artesã e curandeira, escolheu o candidato do PSL porque quer o fim dos direitos das mulheres; ou que o seu Juca, de Botucatu, no interior de São Paulo, ministro da Eucaristia da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, digitou 17 numa urna porque deseja o sangue dos homossexuais nas calçadas – você certamente ainda não entendeu do que se trata o debate público em nosso país.

A crença de que a ascensão de Bolsonaro só pode ser justificada pelo aumento do voto preconceituoso e autoritário no Brasil é uma ilusão coletiva. Serve como uma boa desculpa para mascarar os problemas com a nossa democracia – e a descrença da opinião pública com as ideias defendidas pelos nossos candidatos derrotados – mas não ajuda a explicar a realidade.

Nada disso é uma novidade. Esse é o mesmo sentimento que acusou Marina Silva de tentar tirar comida da mesa dos trabalhadores e entregar o país aos banqueiros; que dizia que Aécio espancava mulheres e pregava o ódio contra nordestinos; que anunciava para os quatro cantos que Michel Temer iria acabar com o Bolsa Família e instituir a volta da escravidão.

De quatro em quatro anos nós realizamos os mesmos papeis nesse teatrinho: é o PT contra um político “que representa o ódio contra os mais pobres, os negros, as mulheres e os nordestinos”. Trocam-se os santinhos, mas as manchetes dos jornais permanecem as mesmas.

E isso não significa dizer que você deveria gostar das ideias defendidas por Jair Bolsonaro. Pelo contrário: você tem todo o direito de repudiar seu estilo, comportamento e a infindável lista de expressões politicamente incorretas utilizadas por ele nas últimas três décadas.

Isso significa dizer que o PT nunca foi esse centro democrático razoável que parte dos nossos formadores de opinião tentam pintar.

Não foi, não é e não parece ter vocação para ser algum dia.

Esse clima de ódio não nasceu em 2018. Esse clima de ódio pauta o nosso debate público muito antes de Jair Bolsonaro sonhar em ser um candidato minimamente relevante a qualquer cargo longe do baixo clero do Congresso.

E se acentua a cada vez que uma palestra é impedida numa universidade, ou quando um líder político ameaça “extirpar” a oposição, pegar em armas, derramar um banho de sangue, receber juiz à bala, criar uma lista negra de inimigos do partido e demitir jornalista crítico. Esse clima de ódio se acentua a cada vez que um opositor do partido é acusado de não querer que pobre ande de avião. Ou quando um político da oposição, tomado por um câncer, leva socos e pontapés da militância – e o presidente do partido grita que “eles” apanharão nas ruas e nas urnas. Ou ainda quando um manifestante contrário ao partido é atirado em frente a um carro em movimento e ganha de presente um traumatismo craniano.

Nada disso jamais foi razoável, republicano, democrático, tolerante. E nada disso existe a partir dessa eleição.

Há expoentes do autoritarismo no Brasil para todos os gostos. Mas não se engane: nós não iremos derrotá-los enquanto formos tomados por esse espírito cínico que toma conta do establishment intelectual desse país de quatro em quatro anos.

1 Comment

1 Comments

  1. Kafka

    12/10/18 at 11:25

    Claro que não há 49 milhões de fascistas/nazistas no Brasil. Certamente há milhões de comunistas/terroristas/ladrões/desocupados/oportunistas “nestepaiz”…

Brasil e mundo

UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

***

Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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