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Brasil e mundo

Suscetibilidade ministerial. Por Renato Sant’Ana

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A turma que se está iniciando no direito quer saber se o ato de Ricardo Lewandowski, ministro do STF, mandar prender o advogado Cristiano Caiado de Acioli tem fundamento jurídico.

Lembrando, estavam ambos a bordo de um avião (ainda em terra) quando Acioli dirigiu-se ao ministro e disse: “Ministro Lewandowski, o Supremo é uma vergonha, viu? Eu tenho vergonha de ser brasileiro quando eu vejo vocês”.

Apesar de ter sido em tom civilizado, Lewandowski pediu a um comissário de bordo que chamasse a Polícia Federal para prender Acioli. (Mas ele não é o ministro do “desencarceramento”?)

É presumível, nesse ponto, que os agentes da PF, atendendo ao chamado, hajam tido equilíbrio e sagacidade para escapar ao papel de coadjuvante numa cena esdrúxula (se o eufemismo couber).

Fato é que não prenderam o advogado (que voou em liberdade para Brasília) nem desprestigiaram a autoridade do ministro.

E o que prevê a lei? Diz que ninguém pode ser preso sem haver praticado crime. E que só será crime aquilo que a lei assim definir. É o que está dito em juridiquês no art. 1º do Código Penal – que não prevê “crime de opinião” nem “crime de impertinência”.

Com efeito, a conduta praticada por Acioli não está descrita no CP e, por conseguinte, não configura crime.

Logo, Lewandowski, por mais que reprovasse intimamente a atitude do advogado, deveria engolir em seco, mesmo sendo ministro da Suprema Corte. A autoridade pública, no exercício de suas atribuições, não age conforme o livre arbítrio, mas unicamente aplica a lei.

Durante o voo houve desdobramentos. Fazendo-se ouvir pelos presentes, Acioli deixou patente a sua irresignação, afirmando que a conduta de Lewandowski foi inconstitucional ao lhe tolher a liberdade de expressão.

“Eu não sou um presidiário tentando dar uma entrevista”, disse: um dia antes, o ministro, que no período eleitoral autorizou Lula (presidiário) a dar entrevistas, voltou a defender em despacho o cumprimento de sua decisão, que foi derrubada por seus colegas.

Mas Acioli foi delicado ao não referir a chancela de Lewandowski a uma das mais escandalosas afrontas à Constituição: a não cassação dos direitos políticos de Dilma Rousseff, como manda o preceito constitucional, quando ela sofreu o impeachment.

Em suma, nenhum crime foi praticado por Cristiano Caiado de Acioli, inexistindo, portanto, qualquer motivo de prisão. No máximo se poderia fazer um juízo moral: “esse rapaz não tem modos”, “Ele tem razão!”, “é um impertinente”, etc.

Mas o “momento venezuelano” ocorreria na chegada do voo a Brasília: Acioli foi detido por um técnico judiciário, assessor do ministro, que achou legal falar em “injúria”. Bobagem! E foi “venezuelano” pela semelhança: há muito a lei deixou de ter serventia na infeliz Venezuela, e um abuso desse gênero, aqui inusitado, por lá é comum. Ainda bem que estamos revertendo a venezuelização do Brasil!

Conclusão, não existe qualquer fundamento jurídico para que seja preso quem, em tom civilizado, expressa sua opinião, ainda que desabonadora e relativa a uma autoridade pública, eis que tal conduta não está prevista no Código Penal.

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Felicidade de “segunda”, não dá mais

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Concordo com Alexandre de Moraes: antes das redes sociais, nós éramos felizes e não sabíamos. Mas éramos felizes no sentido de que uma pessoa ignorante podia ser. Hoje a farsa não convence tão fácil. As vozes se tornaram muito mais plurais, o que é positivo para a sociedade.

A tecnologia levou a percepção de felicidade a um patamar mais elevado. Aumentou a exigência. Ninguém mais se contenta com meias verdades.

Voltar no tempo é impossível, apesar dos esforços nesse sentido. O próprio Lula não entendeu isso, por isso está perdendo popularidade. Perdeu poder de persuasão. Ele e qualquer outro governante.

A própria velha imprensa perdeu poder de persuasão. Está todo mundo vendo o rei nu. Vendo e avisando a este da nudez, em voz alta. A corte toda, que inclui a velha imprensa, está nua. Ouvindo que está nua, mas se fingindo de surda.

A tecnologia muda os comportamentos. Os avanços tecnológicos provocam essas destruições criativas. Assim como foi o canhão que permitiu Napoleão, a internet e as redes sociais estão forjando um cidadão menos distraído, mais atento e engajado. Uma democracia muito mais participativa.

O mundo mudou.

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Leite posta encontro com o Papa

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Atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite foi recebido pelo Papa Francisco nesta quarta-feira (14). Aproveitando o espaço na agenda do Pontífice, levou à Sua Santidade uma réplica das ruínas das Missões e uma caixa com camisas do Grêmio, do Inter e do Xavante, pra ficar de bem com todas as torcidas.

Aproveitando, convidou o Papa a visitar o Rio Grande do Sul em 2026, como parte das comemorações dos 400 anos das missões jesuíticas no estado — por coincidência ano da próxima eleição presidencial, sonho que Leite persegue.

No X, Leite postou: “Foi uma conversa muito gentil e muito amável do Papa, que lembrou ter ido muitas vezes à cidade de Pelotas, onde um tio dele (Victor José Bergoglio) morou”.

Leite acrescentou: “A sua mensagem de hoje (do Papa) é muito oportuna. O Papa Francisco falou sobre temperança e pediu aos fiéis que exercitem o equilíbrio. É uma mensagem que serve para as relações nas redes sociais, pessoais, profissionais e políticas nesse mundo tão dividido”. Com essas palavras, Leite, que tem discursado contra a polarização na política, parece confirmar uma impressão. Ele é conhecido nos bastidores como “Governador Casio”. Tudo calculado, nada é espontâneo, com vistas ao pleito de 2026”.

Na última semana, Leite gravou vídeo de apoio a Matteus, participante gaúcho da final do BBB, aproveitando a onda da audiência do programa. Matteus perdeu, contudo, e o comentário é de que “perdeu por causa do apoio de Leite”. Era o comentário hoje na aula do Pilates.

Terá sido a derrota de Matteus um mau agouro para Fernando Estima, de quem se fala que poderá ser candidato dos tucanos a prefeito de Pelotas?

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