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Opinião

Cinema: As viúvas

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Conhecido pelos trabalhos em Shame e 12 Anos de Escravidão, o cultuado cineasta Steve McQueen está de volta com thriller As Viúvas, uma produção que funciona como filme de assalto e crítica social.

Na trama, três mulheres perdem seus maridos após um assalto frustrado. A gangue de Harry Rawlings (Liam Neeson) é morta pela polícia e o dinheiro que roubaram é destruído pelas chamas. Com isso, a viúva de Harry, Veronica (Viola Davis), é cobrada para que uma quantia milionária seja devolvida. Pressionada, ela encontra um caderno de anotações de Harry e segue as instruções para realizar um próximo golpe, tendo a ajuda das viúvas Linda (Michelle Rodriguez) e Alice (Elizabeth Debicki).

Mesmo que não possuam quase nada em comum, as três acabam entrando em contato com o mundo do crime e também da política, na disputa entre os candidatos a vereador Jack Mulligan (Colin Farrell) e Jamal Manning (Brian Tyree Henry).

Baseado no livro homônimo de Lynda La Plante e na série de mesmo nome que foi ao ar em 1983, o roteiro foi escrito por McQueen e Gillian Flynn, autora conhecida por obras como Garota Exemplar e Sharp Objects. Como na maioria dos trabalhos da escritora, temos aqui personagens femininas fortes e determinadas.

Com um início alucinante e seu incontestável talento, Steve McQueen entrega um longa recheado de adrenalina e, sem medo de arriscar, faz críticas à corrupção, ao racismo e à violência doméstica. Um filme que reivindica o protagonismo desse grupo de mulheres, que, aliás, fica ainda melhor com a chegada de Belle (Cynthia Erivo). Entre cenas de ação e suspense, temos a primorosa fotografia de Sean Bobbitt, parceiro usual de McQueen, com direito a alguns planos-sequência e a trilha sonora do mestre Hans Zimmer.

O diretor também mostra seu potencial de direção com a câmera. Em uma longa sequência, Jack Mulligan sai do palanque em uma região menos desenvolvida. Enquanto conversa com sua assistente sobre o cansaço da vida política, ouvimos o diálogo que ocorre dentro do carro, com a câmera acompanhando do lado de fora o percurso pela vizinhança, mostrando as mudanças de ambientações entre as regiões. Simplesmente brilhante.

Com elenco excelente e diversificado, o destaque fica, obviamente, com a magnífica Viola Davis. Interpretando uma mulher ambiciosa e complexa, a atriz equilibra a força de sua personagem com o lado traumatizado em fantásticas nuances. Outro destaque é Elizabeth Debicki, ótima como uma personagem inicialmente frágil e mimada e que se torna uma das mais destemidas integrantes do grupo. Michelle Rodriguez vive uma mulher que entra no plano para garantir a segurança dos filhos e Daniel Kaluuya, com uma incrível postura em cena, interpreta um capanga psicopata e torturador. O elenco masculino apresenta nomes como Colin Farrell, Liam Neeson, Robert Duvall e Jon Bernthal. No entanto, bons nomes como Brian Tyree Henry e Carrie Coon são pouco aproveitados, mesmo que tenham papéis fundamentais para o desenvolvimento da história.

Com uma narrativa empolgante e um elenco extraordinário, As Viúvas promete reviravoltas e segredos revelados. Imperdível!

Déborah Schmidt é servidora pública formada em Administração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Incômodas indicações para cargos na prefeitura

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Há pouco a prefeitura demitiu Pai Cleber de Xangô do cargo de “diretor de Patrolamento” da Secretaria de Obras. Numa cidade com muitas ruas de terra nos bairros, o setor é visado. Quando chove, as ruas, esburacadas, alagam. Ao ver a patrola, os moradores ficam felizes. O ponto: segundo o vereador César Brizolara, do PSB, Pai Cleber foi indicado ao cargo pelo vereador Márcio Santos, do PSDB, partido da prefeita Paula Mascarenhas. A demissão veio após Brizolara afirmar que Cleber entregava aos moradores cartões oferecendo serviços religiosos e propagandeando que o serviço de patrola ocorria graças a Santos.

Já na Secretaria de Assistência Social, o servidor Juliano Nunes foi guindado ao cargo de função gratificada de “diretor de Alta Complexidade”. Segundo o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, em depoimento ontem (19) na Câmara, Nunes foi indicado ao cargo pelo vereador Carlos Júnior, do PSD, da base do governo. Como Pai Cleber, Nunes foi afastado do cargo, depois de denúncias de que desviava dinheiro público de beneficiários do Serviço de Prestação Continuada. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado esteve na casa de Nunes, onde fez buscas e apreensões.

Já no Pronto Socorro Municipal, Misael da Cunha, então vice-presidente do PSDB e ex-tesoureiro do partido, foi elevado ao cargo de “gerente executivo do Pronto Socorro”, de onde acabou afastado após a descoberta de pagamentos em duplicidade a uma empresa específica. O caso motivou uma CPI, em curso na Câmara, onde Brizolara tem insistido em que se abra uma outra CPI específica para investigar a Secretaria de Assistência Social.

Por esses casos estima-se os riscos da indicação política de pessoas para cargos-chave. De apelo eleitoral. E que operam verbas.

Vereadores indicando cargos, de qualquer tipo, e a autoridade na prefeitura aceitando, é um sinal da miséria brasileira, da falta de entendimento do papel institucional. Às vezes cansa falar disso.

A imagem da patrola parece resumir o que ocorre.

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