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Opinião

A doença como metáfora

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Análise profunda sobre como doenças graves (câncer, AIDS) são vistas em nossa cultura, “A doença como metáfora”, de Susan Sontag, deveria ser lido por todos que se interessam em compreender o ser humano e a sociedade.

Carregado de conotações pejorativas no imaginário popular, suscita crenças milenares que vão do “castigo divino” até interpretações do tipo “alguma ele fez”, conotações que culpam o doente pela doença, para alívio psicológico dos que não a tem.

O outro lado da moeda é a evocação de estados patológicos como defesa para condutas ilícitas, numa ampla gama de comportamentos previstos juridicamente, que vão desde atos cometidos “sob violenta emoção” até a alegação de insanidade mental para desculpabilizar o réu, dos quais o argumento preferido é o do “estado de insanidade temporária”.

Nesse “outro lado” é que se tenta entender, agora, qual a relação entre as condutas do ex-assessor Queiroz e a grave doença (câncer) que ele enfrenta atualmente. Pois, em suas declarações, o mesmo afirma que logo após se tratar dará as explicações devidas sobre as suas movimentações financeiras de mais de 1,2 milhão, incompatíveis com sua renda e envolvendo valores de vários outros assessores que trabalhavam junto com ele. Porque a doença impediria, desde já, o esclarecimento dos fatos?

O motivo de arrecadar dos colegas, o destino do dinheiro, tudo isso pode ser informado em poucas frases tais como a alegação inicial de que fazia “negócios com automóveis”. Estar num leito de hospital não impede de falar, aliás, deveria ser fator de alívio esclarecer logo tudo isso. Queiroz tem falado, aliás, mas apenas para alegações de que “depois” vai falar e que está “sendo tratado como o pior bandido do mundo” e que há pessoas duvidariam de sua doença. Disse ele: “Estou muito a fim de esclarecer tudo isso, mas não contava com essa doença. Nunca imaginei que tinha câncer”.

A disposição em relatar detalhes da própria doença (relatou sangramentos, exames, cirurgia, etc) não poderia ser empregado em informações que a sociedade demanda do que, afinal, foi feito com o dinheiro arrecadado dos demais servidores? Pois a impressão que fica é que os valores que movimentava dos demais assessores tinham finalidade política mesmo, tal como exigir parte dos salários para financiamento de campanha, prática corrente nos bastidores da política. Ou será que quando Queiroz nos diz que não pode falar agora “por causa do câncer” está falando por metáforas, se referindo ao “câncer” do sistema político brasileiro?

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Brasil e mundo

Felicidade de “segunda”, não dá mais

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Concordo com Alexandre de Moraes: antes das redes sociais, nós éramos felizes e não sabíamos. Mas éramos felizes no sentido de que uma pessoa ignorante podia ser. Hoje a farsa não convence tão fácil. As vozes se tornaram muito mais plurais, o que é positivo para a sociedade.

A tecnologia levou a percepção de felicidade a um patamar mais elevado. Aumentou a exigência. Ninguém mais se contenta com meias verdades.

Voltar no tempo é impossível, apesar dos esforços nesse sentido. O próprio Lula não entendeu isso, por isso está perdendo popularidade. Perdeu poder de persuasão. Ele e qualquer outro governante.

A própria velha imprensa perdeu poder de persuasão. Está todo mundo vendo o rei nu. Vendo e avisando a este da nudez, em voz alta. A corte toda, que inclui a velha imprensa, está nua. Ouvindo que está nua, mas se fingindo de surda.

A tecnologia muda os comportamentos. Os avanços tecnológicos provocam essas destruições criativas. Assim como foi o canhão que permitiu Napoleão, a internet e as redes sociais estão forjando um cidadão menos distraído, mais atento e engajado. Uma democracia muito mais participativa.

O mundo mudou.

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Opinião

De fato, Pelotas “mudou”

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Às vezes encontro com pessoas que estão voltando a morar em Pelotas. É comum comentarem isso: “Pelotas mudou. Havia uma vibração visível. Tinha uma intelectualidade… hoje não tem mais. O Sete de Abril, mesmo, está fechado… há 14, 13 anos… é isso mesmo?”.

Aqui vão sete coisas que parecem ter mudado a vida em Pelotas. Nem pra pior nem pra melhor. Apenas a vida mudou.

1. Condomínios fechados: as pessoas se preocupam mais com o condomínio do que com o passeio público. Com sua vida em seus espaços fechados ou, se abertos, integrados, como o Parque Una.

2. Alunos da UFPel vêm de fora por causa do Enem. Vão embora nas férias e no fim do curso. Não são daqui. Não chegam a formar um elo emocional forte com a cidade.

3. Professores da UFPel vêm de fora.

4. A cidade se espalhou.

5. A população está envelhecendo.

6. Digitalização da vida, com trabalho remoto.

7. Globalização, compras pela internet, streaming.

O mundo mudou.

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