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Opinião

Cinema: Quando a criada vira a queridinha da rainha

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Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Anne (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da rainha.

Ambientado na maior parte do tempo nos cômodos e jardins do palácio real, o filme tem como pano de fundo a guerra com a França, explorando um universo no qual a frágil rainha é manipulada por Sarah, que aprova leis que favorecem a guerra e pune o povo com impostos abusivos, mesmo tendo a oposição dos membros da câmara liderados por Harley (Nicholas Hoult).

Conhecido por filmes criativos, porém desconfortáveis, o grego Yorgos Lanthimos, dos ótimos O Lagosta e O Sacrifício do Cervo Sagrado, foge totalmente do tradicional que costumamos assistir em um filme de época. O belo e impecável palácio serve de cenário para que nobres tomem atitudes deploráveis, simplesmente para adquirir poder ou prestígio.

O afiado roteiro escrito por Deborah Davis e Tony Macnamara mescla humor negro a uma trama histórica e política. A trama transita entre o drama e a comédia, dividida em oito capítulos que representam diferentes fases das vidas de Anne, Sarah e Abigail. Com diálogos ácidos, vemos o futuro da Inglaterra ser resolvido em meio a um jogo de sedução entre as protagonistas, que ora é de ternura, ora é de maldade.

Tecnicamente impressionante, o longa traz todo o esplendor visual da época, com figurinos deslumbrantes, locações que transmitem todo o luxo da corte inglesa e iluminação que acentua os contrastes. A fotografia utiliza lentes grande-angulares extremas, de modo a causar distorções próximas do efeito do olho mágico das portas e a direção de arte capricha em decorações de ambientes exageradas e extravagantes.

Através de performances magníficas, o trio de atrizes se delicia com as rivalidades da corte, com direito a nuances captadas com perfeição. Olivia Colman, uma grande atriz que finalmente está recebendo a atenção que merece, está impecável mesmo limitada a uma cadeira de rodas. Sua rainha é confusa e até ingênua, e é responsável pelos melhores momentos do filme.

As primas interpretadas por Emma Stone e Rachel Weisz dão show em cena. A primeira vive uma Abigail inicialmente inocente, mas que se transforma em uma mulher manipuladora e individualista. Já Rachel Weisz entrega a melhor atuação do filme, incorporando uma mulher rígida, que, devido à influência que apresenta, praticamente leva o governo britânico nas costas e mantém seu status.

Com 10 indicações ao Oscar, A Favorita destaca-se pelo seu fantástico trio de atrizes incríveis e uma direção de arte de encher os olhos. Impecável e imperdível!

Déborah Schmidt estudou Administração de empresas

Facebook da autora | E-mail:deborahschmidt@hotmail.com

Déborah Schmidt é servidora pública formada em Administração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

Brasil e mundo

Felicidade de “segunda”, não dá mais

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Concordo com Alexandre de Moraes: antes das redes sociais, nós éramos felizes e não sabíamos. Mas éramos felizes no sentido de que uma pessoa ignorante podia ser. Hoje a farsa não convence tão fácil. As vozes se tornaram muito mais plurais, o que é positivo para a sociedade.

A tecnologia levou a percepção de felicidade a um patamar mais elevado. Aumentou a exigência. Ninguém mais se contenta com meias verdades.

Voltar no tempo é impossível, apesar dos esforços nesse sentido. O próprio Lula não entendeu isso, por isso está perdendo popularidade. Perdeu poder de persuasão. Ele e qualquer outro governante.

A própria velha imprensa perdeu poder de persuasão. Está todo mundo vendo o rei nu. Vendo e avisando a este da nudez, em voz alta. A corte toda, que inclui a velha imprensa, está nua. Ouvindo que está nua, mas se fingindo de surda.

A tecnologia muda os comportamentos. Os avanços tecnológicos provocam essas destruições criativas. Assim como foi o canhão que permitiu Napoleão, a internet e as redes sociais estão forjando um cidadão menos distraído, mais atento e engajado. Uma democracia muito mais participativa.

O mundo mudou.

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Opinião

De fato, Pelotas “mudou”

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Às vezes encontro com pessoas que estão voltando a morar em Pelotas. É comum comentarem isso: “Pelotas mudou. Havia uma vibração visível. Tinha uma intelectualidade… hoje não tem mais. O Sete de Abril, mesmo, está fechado… há 14, 13 anos… é isso mesmo?”.

Aqui vão sete coisas que parecem ter mudado a vida em Pelotas. Nem pra pior nem pra melhor. Apenas a vida mudou.

1. Condomínios fechados: as pessoas se preocupam mais com o condomínio do que com o passeio público. Com sua vida em seus espaços fechados ou, se abertos, integrados, como o Parque Una.

2. Alunos da UFPel vêm de fora por causa do Enem. Vão embora nas férias e no fim do curso. Não são daqui. Não chegam a formar um elo emocional forte com a cidade.

3. Professores da UFPel vêm de fora.

4. A cidade se espalhou.

5. A população está envelhecendo.

6. Digitalização da vida, com trabalho remoto.

7. Globalização, compras pela internet, streaming.

O mundo mudou.

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