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Pelotas e RS

Alguém viu A Cor do Dinheiro?

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A Cor do Dinheiro eu havia visto faz muitos anos. Revi outro dia.

Mais uma joia do Martin Scorsese. Paul Newman levou o Oscar de melhor ator, no papel de um velho e bom jogador de bilhar e sinuca aposentado. Num salão de jogos, ele percebe o talento para os tacos do desconhecido Tom Cruise, que ainda engatinhava no cinema.

Paul se aproxima do jovem Tom e diz a ele que “joga muito”. Elogia Tom. Mas diz que, para ganhar dinheiro, precisa “aprender a perder”.

Por causa das apostas!

Porque ninguém aposta contra um cara que ganha todas.

Se todos sabem que o cara é muito bom em seu ofício de encaçapar bolinhas com precisão nos buracos, ninguém vai querer jogar com ele.

O cara é respeitado. Mas, como é temido, fica fora do jogo. E consequentemente longe do dinheiro dos apostadores. Nem a cor vê.

Isolado, fica lá… ele e seu incômodo talento. Sentado na arquibancada.

Tom recusa os conselhos de Paul para “perder de vez em quando uma e outra partida” e, assim, manter a esperança dos outros jogadores e dos apostadores.

Mais adiante no filme, Tom cede, começa a perder de propósito.

É difícil pra ele “aceitar perder pra ser aceito nos salões de jogos”. Ele termina se irritando e começa ganhar todas de novo, ao ponto de seu mentor Paul perder a paciência e desistir de fazer dinheiro por meio do pupilo.

Paul decide ele mesmo voltar aos tacos, ao giz e ao pano verde, seguindo as próprias regras. Ou seja, “perdendo de vez em quando”, para poder ter vez nas mesas e esperança de ver a cor do dinheiro.

Aceito num grande torneio em Atlantic City, Paul entra pra vencer e, depois de uma sucessão de vitórias, topa à certa altura com um oponente indesejável: Tom.

Paul joga pra ganhar do topetudo Tom. E o vence.

Depois Paul viria saber pelo próprio Tom que “não ganhara o jogo de verdade”.

Tom perdera de propósito só para faturar as apostas que ele mesmo havia feito em Paul.

Tom usou a malandragem aprendida com Paul para lucrar em cima dele. Paul não gostou da sensação.

No jogo seguinte, contra o próximo oponente, Paul começa a abrir a maleta onde traz seu taco. De repente, muda de ideia e avisa aos juízes que está desistindo do torneio e do prêmio em dinheiro.

Ele não suportou ser enganado pelo antigo discípulo.

Na cena final, Paul e Tom se encontram para um jogo a sós, às ganhas, para enfim tirar a prova de quem era melhor jogador de verdade.

Paul se prepara para dar a tacada de abertura quando Tom pergunta por que, de repente, ele, um especialista na “estratégia de perder”, passou a fazer tanta questão de vencer.

“Porque eu estou de volta”, responde Paul.

O filme termina com a imagem congelada de Paul tacando a bola com capricho, ao som do impacto que faz as bolinhas se esparramarem pelo pano.

Paul tem 60 anos. De repente, sentiu saudade da juventude.

Aquele tempo virtuoso em que fazemos as coisas por amor-próprio, não por dinheiro.

Bela história!

© Rubens Spanier Amador é jornalista.

Facebook do autor | E-mail: rubens.amador@yahoo.com.br

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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Brasil e mundo

UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

***

Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Pelotas e RS

Assis Brasil sofre com falta de professores e aulas suspensas

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A gente finge não ver, porque choca. Vai tocando a vida. Este o colégio estadual Assis Brasil. A aparência atual fala por si. Descuidado, “sem vida”.

Pais têm agora reclamado que estão faltando professores e que, por isso, muitas aulas são suspensas. O problema de arrasta desde o começo do ano.

Com professores afastados por atestado médico, a escola não tem professores substitutos.

Escolas municipais também têm sofrido com a falta de estrutura. Já nos releases oficiais do governo do estado e da prefeitura, essas notícias não são divulgadas.

Não é preciso imaginar os indicadores de desempenho escolar.

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