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Pelotas e RS

Leitura liberta a imaginação

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Vitor, direita

Li o primeiro livro ainda garoto. Meu pai me presenteou com A Ilha do Tesouro, de Stevenson. A memória sempre trai, mas guardei esse como o livro pioneiro.

O hábito veio também da visão de meu pai lendo jornais e livros, e de minha mãe, leitora regular de romances.

Depois dos anos 80, a garotada deixou de ler. O cinema se tornou muito mais atraente, o computador chegou com a internet.

Hoje temos o Netflix e o Now, que podem ser vistos em celulares.

A imagem pronta se impôs sobre a palavra escrita.

Meu filho, Vitor (de gorro na foto, e adolescente na outra), nasceu em 1995. Faz parte da geração que desprezou o livro, o que me preocupava.

Quando ainda era um garotinho, tentando atraí-lo para a leitura, prometi-lhe pagar R$ 10 por livro que lesse.

Para embolsar os R$ 10, ele teria de me apresentar um resumo da história por escrito. Ele tinha cerca de 7 anos e topou.

Começou a ler livros bem fininhos e a ganhar dinheiro rápido.

Depois de um tempo, ele me disse que “ler deveria ser um gesto natural, não deveria ser pago”. E interrompeu o fluxo de reais para seu cofrinho.

Curiosamente, continuou lendo, no início de forma esparsa, depois com regularidade.

Atualmente, é leitor frequente.

Claro que os livros com as aventuras de Harry Potter ajudaram bastante. Mas ele já andou lendo vários outros. Hoje, aos 23 anos, conserva o hábito.

Outro dia, em viagem pelo Peru, ele me escreveu pelo whats para dizer que tinha acabado de ler A Sangue Frio, de Capote, num banco de praça de Puno.

Acredito que pequenos gestos (sem imposições) podem fazer diferença, em se tratando de filhos.

Crianças e adolescentes são sensíveis a exemplos, não a conselhos, e me dou conta de que meu garoto sempre me viu lendo, desde muito pequeno.

Sempre me viu também escrevendo, e houve um tempo em que ele ocupava o meu computador para tentar escrever suas próprias histórias.
Hoje em dia ele me surpreende ao me dizer que prefere os livros aos filmes. Que gosta de imaginar os personagens e os cenários.

Fico feliz, com a sensação de ter acertado em alguma coisa que julgo importante.

Resumo da ópera: sou um pobre homem comum, fã incondicional do meu filho. Ainda mais um filho que me pede livros de presente. Tenho grande prazer de gastar dinheiro com ele, sobretudo nessas ocasiões.

Os livros e o cinema têm uma coisa em comum: são territórios de quem não se conforma com a realidade e prefere uma vida mais rica, mais bela, ideal.

© Rubens Spanier Amador é jornalista.

Facebook do autor | E-mail: rubens.amador@yahoo.com.br

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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Brasil e mundo

UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

***

Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Pelotas e RS

Assis Brasil sofre com falta de professores e aulas suspensas

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A gente finge não ver, porque choca. Vai tocando a vida. Este o colégio estadual Assis Brasil. A aparência atual fala por si. Descuidado, “sem vida”.

Pais têm agora reclamado que estão faltando professores e que, por isso, muitas aulas são suspensas. O problema de arrasta desde o começo do ano.

Com professores afastados por atestado médico, a escola não tem professores substitutos.

Escolas municipais também têm sofrido com a falta de estrutura. Já nos releases oficiais do governo do estado e da prefeitura, essas notícias não são divulgadas.

Não é preciso imaginar os indicadores de desempenho escolar.

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