Connect with us

Opinião

Precisamos falar sobre o Dunas

Publicado

on

A gente não ia falar mais sobre o caso do Dunas. Alguém podia pensar que era implicância.

De certa maneira, é implicância.

Mas não é uma implicância com o clube, nem como ninguém do clube. Nada, mas nada disso, mesmo.

Jornalista tem que cismar, duvidar, questionar, tem que pensar, perguntar, averiguar e, depois disso tudo, claro, a melhor parte, que é contar pra todo mundo, até mesmo em Pelotas.

Uma mulher jogada na piscina no Dunas, no meio de uma festa, é notícia por uma série de fatores.

Primeiro, o lugar. Em entrevista ao jornal, um conselheiro do clube, médico Lúcio Castagno, falou que 64 anos se passaram sem que se visse coisa igual nas dependências do Dunas. Inédito, portanto.

Segundo, quando o jornal soube, havia se passado uma semana do ocorrido; uma semana o boletim de ocorrência na polícia passou batido, enquanto outros boletins eram liberados.

Terceiro, uma semana transcorreu sem que a direção do clube se manifestasse a respeito, embora a vítima tenha, além do constrangimento nas dependências do clube social, ido à polícia registrar queixa e apontar o autor do empurrão.

Em quarto, uma coluna social publicou uma nota, nesta quinta-feira (11), descrevendo a festa como transcorrida em “perfeito clima de confraternização”, negando uma realidade que é do conhecimento de todos que estavam na festa e de muitas pessoas mais, inclusive de policiais e advogados.

O jornal publicou o caso, há alguns dias, pelos três primeiros motivos. Volta agora a ele, pelo quarto motivo.

Talvez a maior notícia em todo o episódio, até aqui, seja esta:

“A grande dificuldade que ‘temos’ de enfrentar assuntos desagradáveis publicamente, embora sejam de domínio público. Assuntos que exigiriam firmeza de princípios, mas que frequentemente redundam em minimizações, aparentemente por razões de proteção social de grupos”.

Um fato como o que se deu não abalaria a sólida e boa reputação do clube. Negar o fato é que abala.

Imagine como se sentiu a garota jogada na piscina lendo a nota sobre a “perfeita confraternização”.

‘Perfeito clima de confraternização’ diz colunista sobre festa do Dunas

Mulher empurrada por homem em piscina do Dunas Clube dá queixa na polícia

Opinião de Lúcio Castagno, conselheiro do Dunas, sobre incidente no clube

Ainda sobre a mulher jogada na piscina do Dunas

1 Comment

1 Comments

  1. Fortino Reyes

    12/04/19 at 00:03

    Vamos dar nomes aos bois. Quem foram os autores do empurrão? Tem que divulgar nomes e fotos.

Deixe uma resposta para Fortino ReyesCancelar resposta

Brasil e mundo

Felicidade de “segunda”, não dá mais

Publicado

on

Concordo com Alexandre de Moraes: antes das redes sociais, nós éramos felizes e não sabíamos. Mas éramos felizes no sentido de que uma pessoa ignorante podia ser. Hoje a farsa não convence tão fácil. As vozes se tornaram muito mais plurais, o que é positivo para a sociedade.

A tecnologia levou a percepção de felicidade a um patamar mais elevado. Aumentou a exigência. Ninguém mais se contenta com meias verdades.

Voltar no tempo é impossível, apesar dos esforços nesse sentido. O próprio Lula não entendeu isso, por isso está perdendo popularidade. Perdeu poder de persuasão. Ele e qualquer outro governante.

A própria velha imprensa perdeu poder de persuasão. Está todo mundo vendo o rei nu. Vendo e avisando a este da nudez, em voz alta. A corte toda, que inclui a velha imprensa, está nua. Ouvindo que está nua, mas se fingindo de surda.

A tecnologia muda os comportamentos. Os avanços tecnológicos provocam essas destruições criativas. Assim como foi o canhão que permitiu Napoleão, a internet e as redes sociais estão forjando um cidadão menos distraído, mais atento e engajado. Uma democracia muito mais participativa.

O mundo mudou.

Continue Reading

Opinião

De fato, Pelotas “mudou”

Publicado

on

Às vezes encontro com pessoas que estão voltando a morar em Pelotas. É comum comentarem isso: “Pelotas mudou. Havia uma vibração visível. Tinha uma intelectualidade… hoje não tem mais. O Sete de Abril, mesmo, está fechado… há 14, 13 anos… é isso mesmo?”.

Aqui vão sete coisas que parecem ter mudado a vida em Pelotas. Nem pra pior nem pra melhor. Apenas a vida mudou.

1. Condomínios fechados: as pessoas se preocupam mais com o condomínio do que com o passeio público. Com sua vida em seus espaços fechados ou, se abertos, integrados, como o Parque Una.

2. Alunos da UFPel vêm de fora por causa do Enem. Vão embora nas férias e no fim do curso. Não são daqui. Não chegam a formar um elo emocional forte com a cidade.

3. Professores da UFPel vêm de fora.

4. A cidade se espalhou.

5. A população está envelhecendo.

6. Digitalização da vida, com trabalho remoto.

7. Globalização, compras pela internet, streaming.

O mundo mudou.

Continue Reading

Em alta

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading