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Cultura e entretenimento

Algumas impressões sobre o Luciano, da Havan

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Não conheço profundamente o Luciano Hang, proprietário da Havan. Não seria possível. Ele vive voando de um lado para outro em seu jato, bolando coisas e pondo-as em prática.

Seus detratores o chamam de “Véio da Havan”, como se ser velho fosse um defeito. Na verdade, nem idoso é, apenas 56 anos.

O que sabia de Luciano até ontem…

Que é bilionário catalogado pela Forbes, que é natural de Brusque (SC), que faz um tremendo sucesso com uma loja de departamentos, ramo considerado por analistas como em declínio – desmentindo-os na prática. Também sabia, claro, que ele não gosta da esquerda. Sobre esse último aspecto, a recíproca é verdadeira. “A esquerda também não gosta de mim”, diz Luciano, dando de ombros.

Rico como é, o megaempresário poderia se dar o luxo de “deixar a esquerda para lá”, inclusive porque, mesmo nos anos do PT, graças à própria capacidade, sua empresa seguiu crescendo. Mas ele não consegue se conter.

Algo em sua personalidade o impulsiona para o debate, para a provocação no bom sentido e, inevitavelmente, para os holofotes. Não vive apenas para produzir riqueza, sente necessidade de participar da vida nacional, expressando-se sobre vários temas, dialogando, influenciando. Em poucos anos se tornou um influencer de mão cheia.

Luciano não gosta da esquerda porque viajou o mundo e viu o Brasil de fora: “Nos países onde o governo é de esquerda, a vida é pior”, decretou ontem, na sua passagem por Pelotas. Estive na mesa do almoço, no restaurante El Paisano, onde levou a família e convidados.

Ele não está nem aí para o que diz dele a esquerda. Ao mesmo tempo, curiosamente, critica a esquerda com veemência, quase como se fosse uma rotina de trabalho.

Deixa voltar um pouco no relato.

Quando ele e os familiares chegaram ao restaurante, eu já estava lá. Pois a primeira coisa que Luciano fez quando me viu foi exclamar meu nome e me abraçar como se abraça a um amigo, como se me conhecesse de tempos.

Nunca nos vimos. Foi a primeira vez. A única vez em que falei com ele foi quando soube que pretendia abrir loja em Pelotas, e liguei pelo whats para uma entrevista. No final, pedi se poderia mandar um vídeo com uma mensagem para Pelotas. Não achei que fosse ter tempo, cheio de coisas para fazer, mas enviou o vídeo.

Também fiquei surpreso, ontem, com a exclamação calorosa do meu nome, e do abraço.

Sobre Luciano, eu já sabia também que é elétrico, como que ligado na tomada. Só não sabia, como fiquei sabendo, que igualmente é um crítico da tomada de três pinos, assim como eu e a torcida do Xavante. Para ele, todo mundo, infelizmente menos o governo, dois pinos eram mais que suficientes.

A suspeitíssima tomada de três pinos foi instituída pelo governo em 2011, no governo Dilma, aí já viu a implicância aonde vai.

Às vezes ele bate seco na esquerda, às vezes em formas teatrais, recorrendo ao humor, como no vídeo em que se paramentou de Dom Pedro e no vídeo em que “ofereceu emprego a Lula”, o ex-presidente, que está prestes a deixar a prisão.

O negócio dele é trabalho.

Algumas coisas que ele disse no encontro:

“Eu comecei vendendo tecidos numa lojinha, em Brusque. Mas sempre sonhando grande…”

“Eu gosto de inovação, da surpresa, sempre pensando em algo novo”.

“O que faz a gente acordar cedo e trabalhar é a concorrência”.

Depois do almoço, ele foi até o terreno do Jockey Club onde vai erguer a loja da Havan. Foi parado por várias pessoas. Cumprimentá-lo, tirar selfies e desejar boas-vindas.

Uma só pessoa o fustigou ali, na rua. De um carro em movimento, um homem proferiu um impropério. Um homem certamente à esquerda.

O que posso dizer é que, independente de cores ideológicas, gostei do Luciano como ser humano. Inquieto como um garoto, alto-astral, simples, cordial, espontâneo. Parece, e deve mesmo, gostar da vida.

© Rubens Spanier Amador é jornalista.

Facebook do autor | E-mail: rubens.amador@yahoo.com.br

 

Três pessoas foram decisivas para vinda da Havan na área do Jockey

Luciano da Havan comemora início das obras para breve

Vídeo: Luciano, da Havan, grava mensagem para Pelotas

Luciano da Havan comemora início das obras para breve

Liberado alvará aprovando projeto de construção da Havan na cidade

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

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Cultura e entretenimento

Luiz Carlos Freitas lança novo romance: Confissões de um cadáver adiado

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O escritor e jornalista Luiz Carlos Freitas autografa na próxima quinta-feira (30), a partir das 18, na Livraria Mundial, seu novo romance: Confissões de um cadáver adiado. Freitas mergulhou no trabalho durante um ano até bater o ponto final.

O romance tem como ponto de partida e chegada a própria vida do autor, que sobreviveu a uma sentença que parecia de morte.

O prefácio fala por si:

Realidade e ficção na hora da morte Amém!

Sou filho do povo pobre e escravizado, a literatura me libertou e salvou. Perambulei por aqui e ali, encontrei guarida, força e sobrevivência financeira no jornalismo, oásis e alegria no ofício de escrever romances de cunho social, em paralelo, nas horas roubadas ao lazer e ao convívio familiar. Escrever me bastava, ser famoso e ganhar dinheiro não me atraia – expulsar fantasmas íntimos era o objetivo. Até que, no final de abril de 2011, ocorreu o que eu previa desde quando perdi meu pai, em 1973, aos 43 anos, vitimado por câncer no estômago e metástase no fígado.

Eu trabalhava na conclusão do romance MoriMundo e, em função de desconforto gástrico, fui me consultar. Desconfiança do médico, endoscopia, diagnóstico de enfermidade anunciada: tumor maligno de 2,5 cm (a mesma doença paterna) no Piloro (parte do estômago). Solução? Cirurgia. Pra ontem! Fui operado dia 13 de maio de 2011. Tudo certo! Extraíram o tumor e parte do estômago – deram-me como curado. Milagrosamente. Sem metástases. Tirei o prêmio da Mega Sena. Hurras! Vivas! Safei-me. Em julho dispensei o auxílio-saúde do INSS, voltei ao trabalho e à conclusão do MoriMundo, com a responsa de retornar a consultar-me com o oncologista em novembro, já com a tomografia em mãos.

Terminei o livro e o publiquei em setembro daquele ano. Ufa! Em novembro fiz a “Tomo” e me apresentei ao médico, pacificado, tranquilo, sem nada a temer. Choque! De alta voltagem! O cara leu o laudo do exame e me disse na lata: Problemas! Novo tumor no estômago, outro no pâncreas, um terceiro no baço e necrose no fígado. Puta… Balancei. No pâncreas! Tremi, me senti mal, meu mundo caiu, pensei: É o fim, prezado Freitas. Deu pra ti, camarada! O que temia há 40 anos se tornou realidade. Dei um tempo. Recuperei-me. E perguntei ao oncologista: Quanto tempo de vida? Entre seis meses e dois anos! Respondeu na hora, insensível e habituado às dores alheias. O que devo fazer? Extirpar os tumores por meio de cirurgia, a fim, talvez, de prolongar a vida, respondeu: Tchau e benção!

Dei entrada ao hospital dia 1º de janeiro de 2012, com cirurgia marcada para a manhã seguinte. No íntimo se digladiavam a esperança, a desesperança, o medo e um vago sentimento de aceitação do inevitável. Fiquei novehoras na mesa de cirurgia. Extraíram o tumor e o que restava do estômago, a cauda e a cabeça do pâncreas, o baço, e rasparam a necrose do fígado. Acordei e percebi que continuava no mundo dos vivos. Por pouco tempo. Deu rolo. Intercorrências nas cirurgias. Abriram-me mais cinco vezes consecutivas e instalaram um dreno no fígado para filtrar o excesso de bílis. Fui indo, dois, três dias… Bactéria estava à toa na vida e decidiu infectar-me.

Peguei infecção hospitalar das bravas. Dê-lhe litros de antibiótico e parará. A coisa piorou, choque séptico, falência de órgãos múltiplos… Adeus mundo! Quinze dias em coma! Caixão e sepultura prontos, família conformada, médicos nem aí para mais um caso perdido (aqui é força de expressão, “licença poética”). Acordei! Vi três rostos em forma de santa – não lembro a ordem: minha mãe, minha companheira, minha irmã caçula. Acordei do coma para espanto geral – milagre! –, permaneci três meses no hospital, perdi 30 quilos, voltei pra casa – milagre! A enfermidade foi superada, estou limpo  há 11 anos e 25 dias, completados hoje, 26 de setembro de 2023. Não tenho estômago, partes do pâncreas, o baço, a vesícula, a aparência e a energia de outrora…

Nesses quase 12 anos de recuperação física e mental, ganhei sobrevida, 15 quilos (meu peso oscila entre 52 e 55 Kg), paz, tranquilidade, tempo para escrever, certa lucidez, aposentadoria por invalidez, uma coluna política três vezes por semana no centenário Diário Popular (desde 2014 até dezembro de 2020), e uma vida praticamente normal – sem sequelas graves. Ainda que sobre mim paire a sombra do medo da recidiva. Entre 2014 e 2015 escrevi o romance Homo Perturbatus, publicado em 2016, reeditei Amáveis inimigos íntimos, em 2017, Odeio muito tudo isso, em 2019, e publiquei o romance Ninguém em 2020. Enquanto isso, Confissões de um cadáver adiado maturava na mente e no espírito, à minha revelia, esperando o momento certo para vir à luz. Comecei a escrevê-lo em maio de 2022, após necessária visita à aldeia Campelo, no Norte de Portugal, onde nasceram meus avôs paternos. Concluí a obra em março de 2023. Foi doloroso reabrir velhas feridas, descobrir outras, furtivas. Às vezes, chorava e lamentava meus erros, geralmente a melancolia, a nostalgia e a culpa ditaram o ritmo e as palavras. Fui em frente!

Confissões de um cadáver adiado não é um manual de superação da enfermidade – longe disso. Mas é testemunho inequívoco de que o diagnóstico de câncer – mesmo os considerados irremediáveis – já não é sinônimo de finitude. Tampouco tem a pretensão de “colonizar” o outro, como diz Saramago. O objetivo da obra é compartilhar experiências, plantar esperança, mostrar a ambiguidade, a imperfeição e a mesquinhez do ser. Há outros. Diversos.  Descubra-os!

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Anatomia de uma queda, o vencedor da Palma de Ouro. Por Déborah Schmidt

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 Samuel (Samuel Theis) é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho Daniel (Milo Machado Graner), de 11 anos, com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma “morte suspeita”, pois é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. Sandra é indiciada e acompanhamos seu julgamento que expõe o relacionamento do casal. Entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam sobre a relação da mãe com seu filho.

Com um começo instigante, Anatomia de uma Queda coloca dúvidas na cabeça do espectador: Samuel caiu acidentalmente do chalé ou cometeu suicídio? Ou será que foi empurrado por Sandra? Ao longo de 2h e meia, o filme desenvolve sua narrativa sem pressa e de forma complexa, focada nos diálogos. A primeira parte explora a investigação e a reconstituição da morte de Samuel, enquanto que na segunda temos o julgamento, com Sandra suspeita e acusada do assassinato do marido, tendo que provar sua inocência com ajuda de Maître Vincent Renzi (Swann Arlaud).

A diretora Justine Triet acerta em cheio ao trabalhar com diferentes versões, sem nunca apresentar uma verdade definitiva e nem respostas prontas. O roteiro de Triet e Arthur Harari, seu marido na vida real, foi uma colaboração perfeita ao explorar a intimidade do casal e a relação, muitas vezes abusiva, entre eles.

Em uma das grandes atuações do ano, Sandra Hüller tem uma performance poderosa. Falando em inglês, com dificuldade em francês e sem poder falar em sua língua materna, ela passa por todas as nuances de sua personagem e, ao lado do jovem Milo Machado Graner, conferem à narrativa uma profundidade impressionante.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e forte candidato ao Oscar, Anatomia de uma Queda é um angustiante estudo de personagens que desvenda as complexidades das relações humanas.

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