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Brasil e mundo

As boas brasileiras

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O Presidente chamou de “maus brasileiros” aqueles que divulgam que está aumentando o desmatamento da Amazônia o que, segundo ele, não é verdade. Essa medida é feita pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), criado em 1961 e desde então referência científica. O Diretor do INPE foi exonerado do cargo agora, em agosto, após o relatório de julho que informava o aumento do desmatamento.

Segundo o Presidente, a notícia prejudicou os negócios do país. A Europa, por exemplo, quer que o Brasil siga o Acordo do Clima para fechar o acordo comercial entre a Europa e o Mercosul. E a preservação da Floresta Amazônica é fundamental para o clima do planeta, pois sua devastação acelera o aquecimento global, o derretimento das calotas polares, o aumento do nível do mar e a amplitude térmica (mais frio no inverno e mais quente no verão).

Com satélites de inúmeros países sobrevoando o planeta, como seria possível evitar a informação do desmatamento? Há satélites americanos, russos, chineses, europeus, que sabem tanto ou mais que nós, sobre nosso território.

Lembro da minha mãe desde pequeno me ensinando que “nunca me esconda nada, por pior que seja”. Não que eu não tenha tentado esconder, mas ser descoberto é pior, é uma derrota moral, então é melhor ser sincero antes. De onde viria a lógica, então, de que divulgar dados científicos é ser “mau brasileiro”, como se pudéssemos “tapar o sol com a peneira”?

Minha tese sobre a eleição do Presidente é o sentimento de revolta popular contra o crescimento da criminalidade no país. Governos anteriores tinham o discurso de “tirar milhões da linha de pobreza”, mas a criminalidade aumentou, chegando a 60 mil homicídios por ano. O sentimento popular (segundo minha tese) é de que precisava alguém “linha dura” no poder, para combater os bandidos.

Voltando ao desmatamento, mais de 90% deste é ilegal, ou seja, passível de combate pelo governo. Porque então um governo linha dura não combate esses bandidos? Entre os que não querem a repressão aos crimes ambientais estão grandes ruralistas, mineradoras, grileiros, garimpeiros, ou seja, pessoas de grandes posses ou nem tanto que estão empenhadas em enriquecimento rápido e predatório, derrubando florestas e matando índios para se apossarem das terras.

Um governo eleito para combater bandidos não poderia ter “bandidos de estimação”, não é mesmo? Então só resta inverter o discurso e chamar de “maus brasileiros” os que divulgam dados científicos do desmatamento, como a criança da fábula que disse “o Rei está nu”. Boas brasileiras, nesse caso, serão as baratas, pois a crise do clima só acaba com as condições de vida humana. As baratas vão sobreviver.

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UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

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Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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