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Brasil e mundo

O sentimento de revolta

Foi anunciada a retirada de milhões de pessoas da linha de pobreza mas os índices de criminalidade, ao invés de diminuírem, aumentaram.

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A internet está repleta de ofensas e ironias a quem elegeu o governo atual, sem considerar que esse mesmo povo havia eleito os governos anteriores, hoje na oposição. É tradicional, no Brasil, as pessoas chamarem de “ignorantes” os que votam nos candidatos dos outros, ao invés de nos candidatos delas.

Por que mudou a tendência de voto ? – seria a pergunta séria a ser feita, ao invés de criticar a preferência da maioria. Sendo psiquiatra, decidi entrar nesse debate sobre a chamada “Psicologia de Massas”, assunto que já intrigava Freud.

A segurança pública, a meu ver, é o principal fator de mudança de opinião do eleitorado nas últimas décadas. O discurso anterior, que carregava a esperança dos brasileiros, era de que a inclusão social resolvesse o problema da violência. Foi anunciada a retirada de milhões de pessoas da linha de pobreza mas paradoxalmente os índices de criminalidade, ao invés de diminuírem, aumentaram.

O sentimento de revolta contra os bandidos foi crescendo ao longo dos anos, um dos sintomas disso foi o sucesso do filme Tropa de Elite, onde os policiais eram protagonistas, após décadas em que quaisquer forças de segurança eram associadas à ditadura militar, num ambiente cultural crítico a policiais e a militares. Na opinião pública estava sendo revertida essa tendência, com o apreço cada vez maior àqueles que simbolizam o combate ao crime.

Não foram os políticos que causaram a mudança da opinião pública, mas sim a realidade cotidiana, em que o número de homicídios foi crescendo até atingir a cerca de 60 mil pessoas assassinadas por ano no Brasil.

Se a redução da miséria não havia reduzido o crime, é porque esse carecia mesmo é de mais repressão, a solução não estaria em ações sociais – que era o discurso dos governos de 2002 até 2016 – e sim em mais limites, em maior combate ao crime, em fortalecer as forças de segurança, das polícias aos militares.

Na esfera moral, também, passou a ser valorizado o trabalho dos policiais federais no combate à corrupção, prendendo desde políticos de todos os partidos até alguns dos maiores empresários do país.

Por mais que se critique, agora, excessos e distorções, o sentimento popular de revolta contra o crime persiste, enquanto persistirem os altos índices de criminalidade. Quem pretender apresentar algum projeto para o país, hoje, tem de ter empatia e diálogo com essa realidade.

Impossível ignorar um sentimento de revolta que é tão grande que atinge todas as outras áreas da vida, trazendo apoios populares até para algumas da mais esquisitas ações desse governo. Se alguém tem rumos diferentes a propor, que comece a entender esse sentimento de revolta.

Montserrat Martins é médico psiquiatra, autor de Em busca da Alma do Brasil

Facebook do autor | E-mail: montserrat@tjrs.jus.br

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UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frases dos dirigentes universitários presentes à homenagem, em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

***

Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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