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Opinião

Universalização do Saneamento foi por água abaixo

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Por medo de ver os vereadores rejeitarem a integra do projeto-de-lei que cria um programa que permite ao Executivo firmar parcerias com a iniciativa privada (PPPs) destinadas a melhorar a prestação de serviços públicos, a prefeitura excluiu do texto original, de sua autoria, a possibilidade de que essas parcerias ocorram no âmbito do Sanep.

Sentindo que o “polêmico ponto Sanep” enfrenta resistência na Câmara, onde vereadores se preocupam com o desgaste de aprovar algo carimbado como “Privatização” (o valor das tarifas dos serviços da autarquia aumentaria numa PPP?), e diante de uma opinião pública desinformada do significado de uma PPP, provavelmente a prefeita Paula pensou: “Manter o Sanep no projeto poderia resultar na sua rejeição como um todo. Logo, melhor garantir ao menos a possibilidade de fazer parcerias para algumas áreas, ainda que menos urgentes”.

Politicamente, entre as duas opções, o governo optou pela melhor. Ocorre que, com o Sanep fora do projeto, o essencial e mais premente para a cidade, em termos de PPP, coisas como Saneamento Básico e Abastecimento de Água, continuarão a ser serviços prestados nos moldes atuais, de forma precária, pela Municipalidade.

“Não há ambiente político para aprovar PPP para o Sanep. Isto ficará para o futuro, caso um próximo prefeito queira”, disse o líder do governo, vereador Enéias Clarindo, do PSDB. É um deslinde de caso em que, na cabeça de bom entendedor, o provérbio se inverte: “A prefeitura entregou os dedos para preservar os anéis”. Como assim?

Lembre-se, a Universalização do Saneamento, via PPP, era o objetivo primevo da prefeita, anunciado com mão erguida em sua posse. Aquele objetivo era como se fosse os seus “dedos”, os cinco de uma mão pelo menos, dedos que, pelo somatório das palmas, o governo poderia muito bem ter utilizado a favor da cidade, mas preferiu não fazê-lo. Por exemplo, poderia ter veiculado nas mídias uma campanha de esclarecimento sobre a importância da PPP, deixando claro que não seria “privatização” e expondo os impactos da concessão dos serviços para o saneamento de uma cidade carente na área. Poderia ter feito isso, já que era a meta mais alta estabelecida pela prefeita, mas o fato é que não quis.

Uma campanha publicitária honesta, bem feita, além de convencer os pelotenses dos benefícios de uma PPP, poderia ainda anular os preconceitos de vereadores, que, ideologizando a matéria, ainda hoje insistem em bradar que a PPP se trata da “privatização do Sanep”, o que, a rigor, não corresponde à verdade, já que privatização significa vender a autarquia ao capital privado, o que não ocorre nessas parcerias, em que não há alienação do patrimônio público.

Por que preferiu não fazer uma campanha de esclarecimento dos pelotenses, aparentemente, tem mais a ver com priorizar a conveniência política do que a cidade. Apesar dos riscos de ser mal compreendido, enfrentar o tema exigia uma coragem que faltou ao governo. Em resumo, a maior ambição da prefeita em seu mandato, a Universalização do Saneamento, sem trocadilho, por foi água abaixo.

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

Cultura e entretenimento

Napoleão, o filme, é belo de ver, mas tem montagem confusa. Por Déborah Schmidt

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição

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Napoleão passa por diferentes décadas da vida de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), na turbulenta França após o fim da monarquia. Sua rápida e implacável ascensão a imperador é vista através de seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), sua esposa e verdadeiro amor.

Vindo do nada como um oficial de artilharia do exército francês durante a Revolução Francesa, o filme retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa retrata diversos momentos históricos, como a decapitação de Maria Antonieta até a invasão do Egito, quando permitiu que seus exércitos utilizassem as pirâmides de Giza como alvo para treino de pontaria.

Dirigido por Ridley Scott, responsável por produções inesquecíveis ao longo de quase 50 anos de carreira como Alien – O 8° Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), um dos meus filmes favoritos, Thelma & Louise (1991), Gladiador (2000), O Gângster (2007), Perdido em Marte (2015), O Último Duelo (2021) e muitos outros. O diretor constrói épicos como poucos, com grandiosas e impressionantes cenas de batalha. Em Napoleão, a ascensão e queda de Bonaparte nos altos escalões do governo francês é intercalada por importantes conflitos como o cerco de Toulon, as invasões à Rússia e a investida contra os ingleses em Waterloo.

O roteiro de David Scarpa traz um protagonista nostálgico, constantemente avaliador da própria vida, narrador de cartas sentimentais e dependente emocionalmente da esposa. Tecnicamente excelente, a fotografia de Dariusz Wolski aposta em sequências que enfatizam paisagens belíssimas e no vermelho-sangue das batalhas. Porém, o filme dilui as competentes cenas de ação em uma montagem confusa, que apresenta a vida de Napoleão de forma apressada e sem o devido contexto.

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição. Aliás, a trama foi bastante criticada no que diz respeito aos dados históricos retratados no filme, no entanto, a precisão histórica não pareceu uma preocupação para Ridley Scott. Prefiro deixar essa questão para os historiadores, meu assunto aqui é apenas o cinema.

Entre glória e fracasso, Joaquin Phoenix apresenta um homem falho e humano, que, entre estratégias brilhantes contra britânicos e russos, encontrou na esposa o relacionamento que assombrou sua vida. Afinal, o fato de Josephine não conseguir lhe dar um filho, um símbolo da continuidade de um império, desempenhou um papel fundamental na relação entre os dois. A química entre Phoenix e Vanessa Kirby é perfeita, com a atriz roubando a cena e sendo um dos grandes destaques da produção.

“França, exército e Josephine”, foram as últimas palavras proferidas por Napoleão Bonaparte antes de morrer. Possivelmente, as únicas três coisas que amou na vida. O filme faz questão de trazer essa passagem ao término de Napoleão, resumindo a produção nessas três palavras.

Em cartaz, Napoleão retrata o líder e estrategista militar com um olhar nostálgico e humanizado e, portanto, com falhas. Um épico que merece ser visto, preferencialmente, no cinema.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

A área toda da Rural foi doada pelo Município à Associação em 1959. Mas a lei de doação contém uma cláusula de salvaguarda.

O juiz Bento explica:

“A legislação estabelece que a sociedade beneficiária (Associação Rural) não poderia alienar o imóvel ou parte dele em nenhum momento, sob pena de caducidade da doação e retorno do imóvel, juntamente com todas as benfeitorias existentes, ao patrimônio do Município de Pelotas. Portanto, até o momento, o direito de dispor e reaver o imóvel é do Município de Pelotas, integrando o seu patrimônio.”

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Trata-se de um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando.

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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