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Opinião

Só se vai saber o significado do Proppel daqui a algum tempo

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A lei do Proppel, que autoriza a prefeitura a acordar parcerias com a iniciativa privada para incrementar os serviços públicos, vem alterando o humor de alguns vereadores, mesmo já tendo sido votada, com resultado favorável ao Executivo, autor do projeto.

Integrantes de partidos do espectro de esquerda na Câmara (não todos, diga-se) votaram contra o texto, alegando o de sempre quando o tema é PPP (Parceria Público Privada), “que o projeto autoriza privatizar patrimônio público, algo que pode afetar o bolso da população”.

Fernanda Miranda não se deu por vencida. No Facebook, a psolista publicou as fotos dos 14 vereadores que garantiram a aprovação ao Proppel e, simplesmente, titulou o bloco assim: “Álbum da vergonha”.

Alguns dos retratados não ficaram satisfeitos.

Por exemplo, Ademar Ornel, do DEM, viu no gesto de Fernanda claro incitamento ao ódio, crime portanto, observando que um comentarista do post chega a sugerir a execução mortal dele e dos demais a favor da aliança da Municipalidade com empresários.

As duas reações ao menos amainaram o marasmo do noticiário. Afinal, não parece crível que alguém chegue ao crime de morte no caso, simplesmente porque o projeto é desconhecido da população, essa é a verdade!

Mesmo agora, a esmagadora maioria não sabe do que se trata, não tem a menor noção dos efeitos de uma PPP em sua vida.

Aí, talvez, esteja um bom ângulo para se analisar o significado do projeto: o governo, que já protagonizou tantas campanhas na mídia, como a que “pedia uma cidade limpa”, tratou um assunto inédito e de relevância – PPP – como matéria trivial, sem o cuidado de explicá-la antes à cidade. Desta vez, não houve uma ampla campanha nas mídias.

Apesar disso, uma análise lógica dos fatos até aqui conhecidos não permite concluir categoricamente que a lei seja boa ou ruim, se contém armadilhas inescapáveis ou não.

Para defensores da PPP, o texto aprovado não foi ideal, já que, mutilado, deixou de fora o Sanep. Logo, a prefeitura não poderá fazer PPP em áreas como saneamento, água e lixo, justamente as que teriam maior potencial de alcançar o bolso da população, além de fornecer um cavalo de batalha para a oposição.

Para garantir a aprovação ao projeto, o governo aceitou que o Sanep ficasse de fora dele, concordando aparentemente que incluí-lo poderia se tornar um ônus difícil de carregar, ainda mais a um ano da eleição. Mais: a prefeitura não poderá firmar PPP como quiser; cada PPP que vier a ser proposta terá de ser avaliada pela Câmara, uma a uma. Já a radicalidade dos opositores, como Fernanda, fica enfraquecida justamente pelo mesmo motivo, a exclusão do Sanep.

No futuro imediato, não se poderá nem mesmo dizer que ninguém mais lembrará do caso, porque nem mesmo tomamos conhecimento dele.

Proppel: Programa de Parcerias Privadas de Pelotas.

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Cultura e entretenimento

Napoleão, o filme, é belo de ver, mas tem montagem confusa. Por Déborah Schmidt

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição

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Napoleão passa por diferentes décadas da vida de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), na turbulenta França após o fim da monarquia. Sua rápida e implacável ascensão a imperador é vista através de seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), sua esposa e verdadeiro amor.

Vindo do nada como um oficial de artilharia do exército francês durante a Revolução Francesa, o filme retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa retrata diversos momentos históricos, como a decapitação de Maria Antonieta até a invasão do Egito, quando permitiu que seus exércitos utilizassem as pirâmides de Giza como alvo para treino de pontaria.

Dirigido por Ridley Scott, responsável por produções inesquecíveis ao longo de quase 50 anos de carreira como Alien – O 8° Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), um dos meus filmes favoritos, Thelma & Louise (1991), Gladiador (2000), O Gângster (2007), Perdido em Marte (2015), O Último Duelo (2021) e muitos outros. O diretor constrói épicos como poucos, com grandiosas e impressionantes cenas de batalha. Em Napoleão, a ascensão e queda de Bonaparte nos altos escalões do governo francês é intercalada por importantes conflitos como o cerco de Toulon, as invasões à Rússia e a investida contra os ingleses em Waterloo.

O roteiro de David Scarpa traz um protagonista nostálgico, constantemente avaliador da própria vida, narrador de cartas sentimentais e dependente emocionalmente da esposa. Tecnicamente excelente, a fotografia de Dariusz Wolski aposta em sequências que enfatizam paisagens belíssimas e no vermelho-sangue das batalhas. Porém, o filme dilui as competentes cenas de ação em uma montagem confusa, que apresenta a vida de Napoleão de forma apressada e sem o devido contexto.

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição. Aliás, a trama foi bastante criticada no que diz respeito aos dados históricos retratados no filme, no entanto, a precisão histórica não pareceu uma preocupação para Ridley Scott. Prefiro deixar essa questão para os historiadores, meu assunto aqui é apenas o cinema.

Entre glória e fracasso, Joaquin Phoenix apresenta um homem falho e humano, que, entre estratégias brilhantes contra britânicos e russos, encontrou na esposa o relacionamento que assombrou sua vida. Afinal, o fato de Josephine não conseguir lhe dar um filho, um símbolo da continuidade de um império, desempenhou um papel fundamental na relação entre os dois. A química entre Phoenix e Vanessa Kirby é perfeita, com a atriz roubando a cena e sendo um dos grandes destaques da produção.

“França, exército e Josephine”, foram as últimas palavras proferidas por Napoleão Bonaparte antes de morrer. Possivelmente, as únicas três coisas que amou na vida. O filme faz questão de trazer essa passagem ao término de Napoleão, resumindo a produção nessas três palavras.

Em cartaz, Napoleão retrata o líder e estrategista militar com um olhar nostálgico e humanizado e, portanto, com falhas. Um épico que merece ser visto, preferencialmente, no cinema.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

A área toda da Rural foi doada pelo Município à Associação em 1959. Mas a lei de doação contém uma cláusula de salvaguarda.

O juiz Bento explica:

“A legislação estabelece que a sociedade beneficiária (Associação Rural) não poderia alienar o imóvel ou parte dele em nenhum momento, sob pena de caducidade da doação e retorno do imóvel, juntamente com todas as benfeitorias existentes, ao patrimônio do Município de Pelotas. Portanto, até o momento, o direito de dispor e reaver o imóvel é do Município de Pelotas, integrando o seu patrimônio.”

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Trata-se de um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando.

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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