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Opinião

Ainda a discussão entre uma moradora e a prefeita

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Ninguém está livre de perder o controle. Faz parte da vida, sem distinção nem mesmo de classe.

Na manhã de ontem, quarta-feira, aconteceu com a professora Paula Mascarenhas, atual prefeita de Pelotas. Foi no Barro Duro, um pouco antes de ela dar início a uma solenidade de assinatura de contrato para iluminar um trecho de rua do balneário.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a prefeita batendo boca de igual para igual com uma inconformada moradora dos balneários.

Pelo vídeo, parece que foi a mulher quem deu início à discussão. Não é possível, porém, identificar com certeza o motivo.

Pelo que se vê, a mulher dispara a xingar Paula, aparentemente por uma variedade de insatisfações com os serviços públicos.

Tudo foi um pouco surpreendente. Não só pela reação da manifestante, mas também pela transformação comportamental, até física, da prefeita, que parecia outra pessoa, ao menos uma face nova da mesma pessoa, que a moradora fez emergir.

Estamos habituados a uma pessoa de gestos contidos, circunscrita ao protocolo, afeita a frases de ofício. Não é a que vemos no vídeo.

Reagindo à metralhadora vocal da moradora, que parecia ter um motorzinho debaixo da língua, Paula, exaltada, com o dedo em riste, disparou, por exemplo, um febril “baixa tu o teu dedo”, entre outras agulhadas. A mulher, simplesmente, não parava de falar, eletrificando o ambiente de tal forma que o motorzinho sob a língua começou a operar também na boca da prefeita.

Vídeo: Paula discute com moradora no Balneário dos Prazeres

A manifestante agitava um braço em protesto, enquanto mantinha o outro ocupado por uma garrafa de erva-mate e a cuia, como numa briga de vizinhas, embora vizinhas não sejam.

Ironicamente, as cenas calientes transcorreram logo no Barro Duro, também conhecido como Balneário dos Prazeres, o que não deixa de ser uma ironia.

Tentando acalmar os ânimos, o vereador do governo José Benemann provocou uma dessas respostas que calam as almas. No meio do furdunço, esboçou um “deixa disso”. Porém, um homem lembrou que “a conversa não era com ele, mas com Paula”. O vereador insistiu em falar porque “também era autoridade”. Foi quando a voz de uma outra mulher se sobrepôs ao vereador: “Autoridade, pra mim, é Deus”.

Um escritor mais criativo diria que só faltou uma galinha voando aos cacarejos sobre a cabeça de todos.

Como se fosse a última coisa que estivesse fazendo na vida, a moradora continuava a protestar, fazendo com que a prefeita avançasse uns centímetros em direção a outra, invocando respeito, além dos etc., uma briga sobre a rua, com a chefe do Executivo, impaciente, chegando ao ponto de assustar o bairro ao sugerir que “já que não queriam benefícios ali, que ela então os levaria para outra região da cidade onde os moradores quisessem”.

Tudo não passou de uma descarga de energia. Um sinal do abismo entre a política e a realidade.

Não demora e daqui a pouco ninguém mais se lembra da confusão. Hoje, porém, devemos lamentar o mal que deve ter causado para as entranhas dos envolvidos uma voltagem como a que eletrizou o ambiente no Barro Duro.

Enviada aos jornalistas pela assessoria de imprensa da prefeitura, uma das fotos da assinatura do contrato mostra a prefeita com o semblante abatido, uma pessoa extenuada e um retrato que resume, parece, todo o mal-estar.

Bem, como a imagem (no alto) sugere, certamente não pode ter feito.

Paula sobre briga: ‘Pedi desculpas, mas estavam ali para agredir’

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

3 Comments

3 Comments

  1. Nereu Vargas

    05/10/19 at 15:36

    Paula foi ao Barro Duro numa cerimônia para assinar contrato… espera-se que o proposto seja executado o mais rápido possível ou a prefeita não conseguirá mais colocar os pés no balneário dos prazeres.

  2. Fernando

    28/09/19 at 14:34

    A única que entendeu ou usou corretamente a democracia foi a pessoa com menos instrução formal.

  3. Jair Paulo Cerentini

    26/09/19 at 19:17

    A moradora está certa……está gestão esta uma tremenda m…..somente arrogância e prepotência….aos poucos as pessoas estão acordando…..só promessas…só promessas….sou morador aqui na duque….funcionários que não sei de quem …terceirizados só podem…. cortaram minha calçada para colocarem tijoletas para cegos….o lixo está meses…….reclamo para quem….acho vou colocar o lixo na porta da prefeitura….coloquei fotos no instagram da prefeita…..e aí….

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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Opinião

Incômodas indicações para cargos na prefeitura

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Há pouco a prefeitura demitiu Pai Cleber de Xangô do cargo de “diretor de Patrolamento” da Secretaria de Obras. Numa cidade com muitas ruas de terra nos bairros, o setor é visado. Quando chove, as ruas, esburacadas, alagam. Ao ver a patrola, os moradores ficam felizes. O ponto: segundo o vereador César Brizolara, do PSB, Pai Cleber foi indicado ao cargo pelo vereador Márcio Santos, do PSDB, partido da prefeita Paula Mascarenhas. A demissão veio após Brizolara afirmar que Cleber entregava aos moradores cartões oferecendo serviços religiosos e propagandeando que o serviço de patrola ocorria graças a Santos.

Já na Secretaria de Assistência Social, o servidor Juliano Nunes foi guindado ao cargo de função gratificada de “diretor de Alta Complexidade”. Segundo o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, em depoimento ontem (19) na Câmara, Nunes foi indicado ao cargo pelo vereador Carlos Júnior, do PSD, da base do governo. Como Pai Cleber, Nunes foi afastado do cargo, depois de denúncias de que desviava dinheiro público de beneficiários do Serviço de Prestação Continuada. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado esteve na casa de Nunes, onde fez buscas e apreensões.

Já no Pronto Socorro Municipal, Misael da Cunha, então vice-presidente do PSDB e ex-tesoureiro do partido, foi elevado ao cargo de “gerente executivo do Pronto Socorro”, de onde acabou afastado após a descoberta de pagamentos em duplicidade a uma empresa específica. O caso motivou uma CPI, em curso na Câmara, onde Brizolara tem insistido em que se abra uma outra CPI específica para investigar a Secretaria de Assistência Social.

Por esses casos estima-se os riscos da indicação política de pessoas para cargos-chave. De apelo eleitoral. E que operam verbas.

Vereadores indicando cargos, de qualquer tipo, e a autoridade na prefeitura aceitando, é um sinal da miséria brasileira, da falta de entendimento do papel institucional. Às vezes cansa falar disso.

A imagem da patrola parece resumir o que ocorre.

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