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Opinião

Um pequeno, mas injusto gesto

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Com frequência, a Assessoria de Imprensa da prefeitura de Pelotas repete um procedimento que se não chega a ser um problema sério, ainda assim merece registro, pelo que revela sobre as relações entre um governo e a imprensa.

Por exemplo, quando a prefeitura produz notícias, deveria divulgar a todos os veículos ao mesmo tempo, democraticamente, certo?

Ela pode fazer isso enviando um e-mail para um mailing comum dos veículos e/ou publicando a notícia no site oficial do Município, dando acesso conjunto, em primeira mão, a todos os veículos.

Nem sempre é o que acontece, porém.

Por exemplo, a mais recente notícia oficial é sobre a conclusão das obras do Calçadão da Andrade Neves, que será reinaugurado hoje, às 19h, após mais de dois anos de trabalho.

O que aconteceu?

A Assessoria de Imprensa da prefeitura enviou a notícia a todos os veículos, simultaneamente, por e-mail, às 6h18 desta segunda-feira, além de publicá-la no site oficial seis minutos antes, às 6h12. Ocorre que quem vê a edição em papel do Diário Popular desta segunda-feira, rodado na noite anterior, encontra o mesmo texto que só chegou a todos por e-mail hoje, com ligeiros cortes que não disfarçam a origem, a prefeitura. A prefeitura enviou o texto antes ao DP – ONTEM – a tempo de ser publicado na edição em papel, para não perder o “ineditismo”.

É um pequeno gesto, uma pequena manha. Mas um pequeno gesto injusto com os demais veículos, pela cumplicidade entre o poder público e um negócio baseado no papel, que, como se depreende, está a depender de artifícios para manter-se atrativo.

Desculpe, mas não é legal isso aí.

Deixo aqui meu protesto cívico, sem desejar mal a ninguém.

Matéria publicada no sita da prefeitura

Mesma notícia enviada pela prefeitura a todos os veículos

Edição de hoje, 30 de setembro, do DP: notícia liberada com privilégio

https://amigosdepelotas.com.br/2019/09/30/paula-inaugurara-hoje-o-novo-calcadao/

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando…

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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Cultura e entretenimento

Anatomia de uma queda, o vencedor da Palma de Ouro. Por Déborah Schmidt

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 Samuel (Samuel Theis) é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho Daniel (Milo Machado Graner), de 11 anos, com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma “morte suspeita”, pois é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. Sandra é indiciada e acompanhamos seu julgamento que expõe o relacionamento do casal. Entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam sobre a relação da mãe com seu filho.

Com um começo instigante, Anatomia de uma Queda coloca dúvidas na cabeça do espectador: Samuel caiu acidentalmente do chalé ou cometeu suicídio? Ou será que foi empurrado por Sandra? Ao longo de 2h e meia, o filme desenvolve sua narrativa sem pressa e de forma complexa, focada nos diálogos. A primeira parte explora a investigação e a reconstituição da morte de Samuel, enquanto que na segunda temos o julgamento, com Sandra suspeita e acusada do assassinato do marido, tendo que provar sua inocência com ajuda de Maître Vincent Renzi (Swann Arlaud).

A diretora Justine Triet acerta em cheio ao trabalhar com diferentes versões, sem nunca apresentar uma verdade definitiva e nem respostas prontas. O roteiro de Triet e Arthur Harari, seu marido na vida real, foi uma colaboração perfeita ao explorar a intimidade do casal e a relação, muitas vezes abusiva, entre eles.

Em uma das grandes atuações do ano, Sandra Hüller tem uma performance poderosa. Falando em inglês, com dificuldade em francês e sem poder falar em sua língua materna, ela passa por todas as nuances de sua personagem e, ao lado do jovem Milo Machado Graner, conferem à narrativa uma profundidade impressionante.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e forte candidato ao Oscar, Anatomia de uma Queda é um angustiante estudo de personagens que desvenda as complexidades das relações humanas.

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