Miguel Pagano, do movimento Vem Pra Rua Pelotas, envia a mensagem abaixo:
É de extrema importância o envolvimento da sociedade para que o texto tramite no Congresso Nacional e seja aprovado. Os brasileiros precisarão “exigir que os representantes” entreguem a matéria.
Mesmo com a renovação no Congresso, todo o apoio da sociedade será necessário.
Essa PEC tinha menos aderência do que neste ano, em que os parlamentares foram eleitos com o tema de combate à corrupção e impunidade, então acredito que hoje temos condições de aprovar a proposta com quórum qualificado. Mas se a sociedade não estiver envolvida, a PEC dificilmente prosperará. Esse movimento da população já está acontecendo.
Sabemos que movimentos como o Vem Pra Rua já estão chamando a população para o dia 9 de novembro, um sábado, para uma grande manifestação contar a mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal [STF].
Creio que isso será o início de um processo contínuo de pressão até que o Congresso cumpra seu papel.
Eu estou preocupado com a possível decisão do Supremo, mas tenho o alento de vermos essa mobilização da sociedade.
O principal objetivo da PEC é TRAVAR uma possível escalada da insegurança jurídica no país. A PEC é mais sólida porque supera o entendimento do Supremo, consolida isso na Constituição e não permite que a gente fique debatendo sempre o assunto no Supremo, que deve mudar seu entendimento sobre o assunto pela quarta vez. E quando trocar de ministro, daqui dois anos? Entendimento pode mudar novamente, gerando uma insegurança jurídica enorme, sem as pessoas sabendo como se inicia o cumprimento de pena no país.
Apenas 0,3% das ações são modificadas na terceira e quarta instância, uma vez que o fato material se encerra na segunda e não há discussão de autoria ou novas provas após esse momento. Por isso não há motivos para modificar o entendimento, uma vez que mudança beneficiaria apenas os “ricos e poderosos.
A prisão em segundo grau é oportunidade de equilibrarmos a Justiça. Hoje, ela permite que quem tem mais poder e influência possa postergar condenações levando a terceira e a quarta instância, demorando até 20 anos pra iniciar cumprimento de pena -como aconteceu com ex-senador Luiz Estevan, por exemplo, que cumpriu 20 anos depois, ou com Pimenta Neves, que matou a namorada e demorou mais de 11 anos pra cumpri.
Temos que aprovar para não postergar isso para os ricos e poderosos, que conseguem mais recursos. Atualmente, a PEC está sendo avaliada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, e que a votação pode acontecer dentro de 15 ou 20 dias.
O presidente da CCJ, Felipe Francichini (PSL), está atuando para votar apenas quando o número de deputados favoráveis for suficiente. Após isso, será instalada a comissão especial para dar prosseguimento à tramitação.
Está longe, mas, como as especulações eleitorais começaram, não é descabido considerar que o deputado federal Daniel Trzeciak, do PSDB, possa não concorrer a prefeito de Pelotas em 2014.
Pelos seguintes motivos:
1. Os eleitores não gostam de políticos que abandonam mandatos no meio. Além disso, a região perderia seu único representante no parlamento, logo ele, responsável por trazer grande quantidade de verbas de emendas para hospitais, obras etc.
2. O salário de deputado é de R$ 41,6 mil. O de prefeito, R$ 15 mil.
3.Prefeitura está com déficit grave nas contas públicas. Somados o déficit de 2023 e o previsto em lei para 2024, dá um acumulado de R$ 400 milhões, um quinto do orçamento públicoanual da cidade, de R$ 2 bilhões.
4. O clima de Brasília, seco, segundo orientações de saúde, é mais favorável à filha do deputado, de um ano de idade, do que o úmido clima pelotense.
Prefeita insiste e vai recorrer contra decisão judicial que suspende projeto de lei que autoriza Associação Rural a construir empreendimento imobiliário
A pedido da prefeita Paula Mascarenhas, a Procuradoria do Município vai recorrer judicialmente para manter em curso na Câmara um projeto de lei do Executivo que autoriza a Associação Rural de Pelotas a construir um empreendimento imobiliário sobre um terreno de 25 hectares (igual ao tamanho de 25 campos de futebol profissional).
A Procuradoria vai alegar que, pela Lei 948, de 1959, o terreno está doado pelo Município à entidade. É verdade. Porém, com base na mesma lei citada, o juiz Bento Barros suspendeu nesta semana o trâmite do projeto de lei. Ele se assenta no seguinte argumento presente na mesma Lei 948:
“A legislação mencionada estabelecia que a sociedade beneficiária (Associação Rural) não poderia alienar o imóvel ou parte dele em nenhum momento, sob pena de caducidade da doação e retorno do imóvel, juntamente com todas as benfeitorias existentes, ao patrimônio do Município de Pelotas. Portanto, até o momento, o direito de dispor e reaver o imóvel é do Município de Pelotas, integrando o seu patrimônio.
Estima-se que o terreno valha ao redor de R$ 100 milhões. A prefeita quer abrir mão do terreno em favor da Rural, em vez de vendê-lo. Na prática, por alguma razão incompreensível, quer dar o terreno.
Um negócio assim, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando.
Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.