O empresário e professor Marco Marchand, atual primeiro suplente pelo PSL para a Câmara de Deputados em Brasília, após a eleição a deputado ano passado, informa que continua fiel ao estatuto partidário e avisa que, se for vontade do partido, seu nome está à disposição para a próxima eleição municipal. Caso contrário, se o partido rejeitar seu nome, Marchand diz que tem as portas abertas em outros partidos, cujas lideranças, segundo ele, o têm procurado, interessadas em que concorra por suas agremiações.
Por não ter nove deputados federais na legenda, Marchand fez uma campanha a deputado fora da televisão e do rádio, sem ajuda do fundo partidário. Ainda assim, recebeu uma chuvarada de votos em 2018. No cômputo final, 22.018 pessoas depositaram sua confiança nele.
Marchand surgiu na cena política pelotense em 2016, quando se lançou a prefeito pelo Partido Ecológico Nacional, hoje, Patriotas. Igualmente, naquela ocasião, como agora, concorreu sem ajuda do fundo partidário e sem direito a participar dos debates televisivos, contando apenas com o que ele chama de “perseverança própria, de amigos e de eleitores que o conhecem”.
O empresário disputou a principal cadeira municipal em 2016 com um discurso de “governo técnico, sem politicagem, sem loteamento de cargos políticos”, e estrutura precária. Recebeu 1.160 votos; porém, dois anos depois, multiplicou essa votação por 20 vezes, feito que o credencia naturalmente a disputar a prefeitura em 2020, embora, no momento, ele enfrente resistência dentro do PSL, tanto estadual como municipal, por ter sido autor de uma ação judicial contra um candidato eleito deputado pela mesma legenda dele.
“Com provas de ilicitudes na campanha, vi quebrarem a lisura do pleito e transgredirem as leis eleitorais. Embora sabendo que sofreria retaliações, resolvi combater irregularidades dentro do próprio partido, fatos que não foram aceitos por muitos colegas partidários. Provei, contudo, existirem ilícitos eleitorais, que resultaram em duas ações criminais contra o réu, ambas baseadas no artigo 350 da Lei Eleitoral, por omissão da verdade em documento público e falsidade ideológica”, conta ele.
Segundo Marchand, tanto o Ministério Público Federal quanto os desembargadores do TRE-RS confirmaram a procedência dos ilícitos eleitorais apontados. Porém, unanimemente consideraram o valor dos ilícitos pouco significativo para quebrar a isonomia entre os candidatos.
“Diante desta decisão, eu me senti desamparado pelas instituições que deveriam fazer valer as leis, como um filho violentado dentro do próprio lar, quando aqueles que deveriam dar proteção ao pleito foram a favor da transgressão das leis, relativizaram o crime, deixando uma mácula ao quebrar a lisura do pleito. Apesar disso, sigo no PSL. Nada fiz que justifique minha saída, além de invocar a Constituição, de maneira respeitosa, buscando reparação na justiça. Nada que justifique ou embase qualquer punição partidária a mim”.
Em termos de exaltação psicológica e de extremismo ideológico, Marchand é um quadro atípico do PSL. Mesmo leal ao estatuto, não faz jus ao estereótipo radical. Nesse sentido, é o PSL mais ponderado, talvez, de toda a região. “Eu procuro o bom senso, a moderação, não apoio radicalidades. Meu foco está no desenvolvimento da região, em gerar oportunidade de trabalho a quem precisa, atendimento à saúde pública com decência e olhar pelos bairros. Converso com todos com carinho e respeito, sem qualquer preconceitos, sempre pensando, acima de tudo, em trabalhar para garantir os direitos básicos das pessoas mais humildes”.