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Cultura e entretenimento

Prédio do Sanep será cedido inteiro para Conservatório de Música da UFPel

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O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) vai sair do andar térreo do prédio histórico localizado na esquina da Félix da Cunha, com Sete de Setembro, para que o Conservatório de Música possa ocupá-lo integralmente e, assim, ampliar suas atividades e os projetos de ensino, pesquisa e extensão do curso de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa, no início da tarde desta quarta-feira (4), pela prefeita Paula Mascarenhas e pelo reitor Pedro Curi Hallal, no salão Milton de Lemos, do Conservatório.

“É uma alegria muito grande estar aqui, nesse dia que a gente esperou por tanto tempo. Depois de anos, em que todos estivemos lutando pela mesma causa, ainda que em lados diferentes da mesa, é um privilégio poder anunciar esse que, eu considero, é um presente para Pelotas”, disse Paula.

A prefeita recordou que, embora reconhecesse o mérito da demanda, o Município só poderia retirar o Sanep do prédio se encontrasse outro local que fosse central e adequado às necessidades da autarquia – o que ocorreu após diversas reuniões realizadas ao longo de três anos, com o reitor da UFPel.  

Enquanto o atendimento aos usuários do Sanep vai permanecer no mesmo local — no imóvel alugado pela Prefeitura, ao lado do Conservatório, na Félix da Cunha —, todos os demais setores que funcionavam no andar térreo do prédio histórico serão transferidos para a antiga Justiça do Trabalho, na Lobo da Costa, 585, um prédio com cerca de mil metros quadrados.  

“A troca será vantajosa para o Sanep também. O outro prédio tem mais espaço e vai viabilizar uma série de melhorias que queríamos fazer”, adiantou o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia. 

A previsão é de que a mudança tenha início em algumas semanas e no começo de 2020 o Conservatório já esteja ocupando todas as instalações do prédio, e os setores de RH e demais departamentos do Sanep (exceto o atendimento ao público) estejam na antiga Justiça do Trabalho.

Para operacionalizar a troca, no primeiro momento a UFPel, que tinha cessão temporária do espaço, irá declarar à Superintendência de Patrimônio da União (SPU), que não tem mais interesse em ocupar o prédio da antiga Justiça do Trabalho, o que viabilizará a cessão temporária do prédio à Prefeitura de Pelotas, para instalação do Sanep. 

Na sequência, a Prefeitura também formalizará a cessão do prédio da Félix, na esquina da Sete à UFPel, para uso exclusivo do Conservatório de Música. Hallal disse que esse processo garante o funcionamento dos dois espaços pelos próximos anos, com tranquilidade, até que seja concluído o trâmite de doação definitiva, de ambas as partes.   

A notícia foi ovacionada diversas vezes, pelos presentes – além da imprensa local, dezenas de estudantes e professores da UFPel e pessoas da comunidade, que há anos lutavam para que o Conservatório tivesse um prédio próprio. “Essa conquista é mais de vocês do que nossa”, disse o reitor, ao recordar todas as iniciativas realizadas, ao longo de vários anos.

Entre elas, Hallal destacou a atuação da professora Úrsula Silva, que ao assumir a direção do Centro de Artes priorizou a questão, e o vereador Vicente Amaral, que organizou uma audiência pública para chamar a atenção para a importância do assunto. “Amigos, obrigada por não deixar que essa pauta ficasse adormecida”, disse o reitor.    

Paula recordou ainda a importante participação da Associação Amigos do Conservatório de Música (Assamcom), representada na coletiva pela presidente, Regina de Sá Britto Fiss, que a procurou inúmeras vezes ao longo dos anos; do professor Armando Costa, que chegou a fazer um projeto de uso para o térreo do prédio, em 2013; e do músico e compositor Luiz Carlos Vinholes, que escreveu diversos artigos para os jornais locais defendendo a causa. “Preciso escrever para ele, contando. Ele vai gostar de saber.”

Na coletiva, a diretora do Centro de Artes da UFPel, Nádia Senna, e a diretora do Conservatório de Música, Leonora Oxley Rodrigues, enfatizaram o quanto a disponibilidade de mais espaço físico será importante para implantar acessibilidade no prédio, projetos para a comunidade, mais vagas para os cursos de extensão e graduação, e também projeto na área de pesquisa em música, com a instalação de um Memorial. Também presenciaram o anúncio, o secretário de Cultura, Giorgio Ronna, e o vice-reitor da UFPel, Luiz Amaral, entre outras autoridades locais.  

Patrimônio Cultural do EstadoInaugurado em 18 de setembro de 1918, o Conservatório de Música é a única instituição voltada ao ensino musical com atividades ininterruptas em Pelotas e a segunda entidade do gênero fundada no Rio Grande do Sul, sendo a quinta no Brasil. 

Em julho de 2004, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul (Lei 12.133, de 26/07/2004), e é considerado uma das motivações para a criação da UFPel, há 49 anos. O Conservatório busca promover, valorizar e perpetuar a arte musical no município, através do estímulo a jovens artistas e do enaltecimento de renomados nomes da música.

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Napoleão, o filme, é belo de ver, mas tem montagem confusa. Por Déborah Schmidt

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição

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Napoleão passa por diferentes décadas da vida de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), na turbulenta França após o fim da monarquia. Sua rápida e implacável ascensão a imperador é vista através de seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), sua esposa e verdadeiro amor.

Vindo do nada como um oficial de artilharia do exército francês durante a Revolução Francesa, o filme retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa retrata diversos momentos históricos, como a decapitação de Maria Antonieta até a invasão do Egito, quando permitiu que seus exércitos utilizassem as pirâmides de Giza como alvo para treino de pontaria.

Dirigido por Ridley Scott, responsável por produções inesquecíveis ao longo de quase 50 anos de carreira como Alien – O 8° Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), um dos meus filmes favoritos, Thelma & Louise (1991), Gladiador (2000), O Gângster (2007), Perdido em Marte (2015), O Último Duelo (2021) e muitos outros. O diretor constrói épicos como poucos, com grandiosas e impressionantes cenas de batalha. Em Napoleão, a ascensão e queda de Bonaparte nos altos escalões do governo francês é intercalada por importantes conflitos como o cerco de Toulon, as invasões à Rússia e a investida contra os ingleses em Waterloo.

O roteiro de David Scarpa traz um protagonista nostálgico, constantemente avaliador da própria vida, narrador de cartas sentimentais e dependente emocionalmente da esposa. Tecnicamente excelente, a fotografia de Dariusz Wolski aposta em sequências que enfatizam paisagens belíssimas e no vermelho-sangue das batalhas. Porém, o filme dilui as competentes cenas de ação em uma montagem confusa, que apresenta a vida de Napoleão de forma apressada e sem o devido contexto.

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição. Aliás, a trama foi bastante criticada no que diz respeito aos dados históricos retratados no filme, no entanto, a precisão histórica não pareceu uma preocupação para Ridley Scott. Prefiro deixar essa questão para os historiadores, meu assunto aqui é apenas o cinema.

Entre glória e fracasso, Joaquin Phoenix apresenta um homem falho e humano, que, entre estratégias brilhantes contra britânicos e russos, encontrou na esposa o relacionamento que assombrou sua vida. Afinal, o fato de Josephine não conseguir lhe dar um filho, um símbolo da continuidade de um império, desempenhou um papel fundamental na relação entre os dois. A química entre Phoenix e Vanessa Kirby é perfeita, com a atriz roubando a cena e sendo um dos grandes destaques da produção.

“França, exército e Josephine”, foram as últimas palavras proferidas por Napoleão Bonaparte antes de morrer. Possivelmente, as únicas três coisas que amou na vida. O filme faz questão de trazer essa passagem ao término de Napoleão, resumindo a produção nessas três palavras.

Em cartaz, Napoleão retrata o líder e estrategista militar com um olhar nostálgico e humanizado e, portanto, com falhas. Um épico que merece ser visto, preferencialmente, no cinema.

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Luiz Carlos Freitas lança novo romance: Confissões de um cadáver adiado

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O escritor e jornalista Luiz Carlos Freitas autografa na próxima quinta-feira (30), a partir das 18, na Livraria Mundial, seu novo romance: Confissões de um cadáver adiado. Freitas mergulhou no trabalho durante um ano até bater o ponto final.

O romance tem como ponto de partida e chegada a própria vida do autor, que sobreviveu a uma sentença que parecia de morte.

O prefácio fala por si:

Realidade e ficção na hora da morte Amém!

Sou filho do povo pobre e escravizado, a literatura me libertou e salvou. Perambulei por aqui e ali, encontrei guarida, força e sobrevivência financeira no jornalismo, oásis e alegria no ofício de escrever romances de cunho social, em paralelo, nas horas roubadas ao lazer e ao convívio familiar. Escrever me bastava, ser famoso e ganhar dinheiro não me atraia – expulsar fantasmas íntimos era o objetivo. Até que, no final de abril de 2011, ocorreu o que eu previa desde quando perdi meu pai, em 1973, aos 43 anos, vitimado por câncer no estômago e metástase no fígado.

Eu trabalhava na conclusão do romance MoriMundo e, em função de desconforto gástrico, fui me consultar. Desconfiança do médico, endoscopia, diagnóstico de enfermidade anunciada: tumor maligno de 2,5 cm (a mesma doença paterna) no Piloro (parte do estômago). Solução? Cirurgia. Pra ontem! Fui operado dia 13 de maio de 2011. Tudo certo! Extraíram o tumor e parte do estômago – deram-me como curado. Milagrosamente. Sem metástases. Tirei o prêmio da Mega Sena. Hurras! Vivas! Safei-me. Em julho dispensei o auxílio-saúde do INSS, voltei ao trabalho e à conclusão do MoriMundo, com a responsa de retornar a consultar-me com o oncologista em novembro, já com a tomografia em mãos.

Terminei o livro e o publiquei em setembro daquele ano. Ufa! Em novembro fiz a “Tomo” e me apresentei ao médico, pacificado, tranquilo, sem nada a temer. Choque! De alta voltagem! O cara leu o laudo do exame e me disse na lata: Problemas! Novo tumor no estômago, outro no pâncreas, um terceiro no baço e necrose no fígado. Puta… Balancei. No pâncreas! Tremi, me senti mal, meu mundo caiu, pensei: É o fim, prezado Freitas. Deu pra ti, camarada! O que temia há 40 anos se tornou realidade. Dei um tempo. Recuperei-me. E perguntei ao oncologista: Quanto tempo de vida? Entre seis meses e dois anos! Respondeu na hora, insensível e habituado às dores alheias. O que devo fazer? Extirpar os tumores por meio de cirurgia, a fim, talvez, de prolongar a vida, respondeu: Tchau e benção!

Dei entrada ao hospital dia 1º de janeiro de 2012, com cirurgia marcada para a manhã seguinte. No íntimo se digladiavam a esperança, a desesperança, o medo e um vago sentimento de aceitação do inevitável. Fiquei novehoras na mesa de cirurgia. Extraíram o tumor e o que restava do estômago, a cauda e a cabeça do pâncreas, o baço, e rasparam a necrose do fígado. Acordei e percebi que continuava no mundo dos vivos. Por pouco tempo. Deu rolo. Intercorrências nas cirurgias. Abriram-me mais cinco vezes consecutivas e instalaram um dreno no fígado para filtrar o excesso de bílis. Fui indo, dois, três dias… Bactéria estava à toa na vida e decidiu infectar-me.

Peguei infecção hospitalar das bravas. Dê-lhe litros de antibiótico e parará. A coisa piorou, choque séptico, falência de órgãos múltiplos… Adeus mundo! Quinze dias em coma! Caixão e sepultura prontos, família conformada, médicos nem aí para mais um caso perdido (aqui é força de expressão, “licença poética”). Acordei! Vi três rostos em forma de santa – não lembro a ordem: minha mãe, minha companheira, minha irmã caçula. Acordei do coma para espanto geral – milagre! –, permaneci três meses no hospital, perdi 30 quilos, voltei pra casa – milagre! A enfermidade foi superada, estou limpo  há 11 anos e 25 dias, completados hoje, 26 de setembro de 2023. Não tenho estômago, partes do pâncreas, o baço, a vesícula, a aparência e a energia de outrora…

Nesses quase 12 anos de recuperação física e mental, ganhei sobrevida, 15 quilos (meu peso oscila entre 52 e 55 Kg), paz, tranquilidade, tempo para escrever, certa lucidez, aposentadoria por invalidez, uma coluna política três vezes por semana no centenário Diário Popular (desde 2014 até dezembro de 2020), e uma vida praticamente normal – sem sequelas graves. Ainda que sobre mim paire a sombra do medo da recidiva. Entre 2014 e 2015 escrevi o romance Homo Perturbatus, publicado em 2016, reeditei Amáveis inimigos íntimos, em 2017, Odeio muito tudo isso, em 2019, e publiquei o romance Ninguém em 2020. Enquanto isso, Confissões de um cadáver adiado maturava na mente e no espírito, à minha revelia, esperando o momento certo para vir à luz. Comecei a escrevê-lo em maio de 2022, após necessária visita à aldeia Campelo, no Norte de Portugal, onde nasceram meus avôs paternos. Concluí a obra em março de 2023. Foi doloroso reabrir velhas feridas, descobrir outras, furtivas. Às vezes, chorava e lamentava meus erros, geralmente a melancolia, a nostalgia e a culpa ditaram o ritmo e as palavras. Fui em frente!

Confissões de um cadáver adiado não é um manual de superação da enfermidade – longe disso. Mas é testemunho inequívoco de que o diagnóstico de câncer – mesmo os considerados irremediáveis – já não é sinônimo de finitude. Tampouco tem a pretensão de “colonizar” o outro, como diz Saramago. O objetivo da obra é compartilhar experiências, plantar esperança, mostrar a ambiguidade, a imperfeição e a mesquinhez do ser. Há outros. Diversos.  Descubra-os!

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