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Opinião

Será mesmo que precisaria ser assim?

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Na segunda passada, numa pequena entrevista com a professora Paula, perguntei sobre uma crítica nas redes sociais, segundo a qual a prefeita deveria reduzir o número de cargos de confiança, sobretudo numa hora de crise fiscal como a vivida pelo Município.

Quase evitei perguntar, pensando, por um segundo, que seria muito inocente da minha parte, uma questão incompatível com a política, onde as coisas são como são e pronto.

Acabei perguntando, porém. E a resposta foi surpreendente, para mim.

“Se eu demitisse todos os ccs, sobraria um recurso considerável. Contudo, não há governo que não tenha ccs. No sistema de governo de coalizão que temos no Brasil, se o governante não abre espaço aos partidos, não governa. Meu papel não é o de transformar o sistema político, mas sim governar. E, mesmo assim, por vezes enfrento dificuldades em algumas matérias, já que a adesão não é total”.

Segundo a folha de outubro, Pelotas tem 372 ccs, ao custo de R$ 1,3 milhão mensais.

Fiquei surpreendido positivamente, pela honestidade da resposta, verbalizada com uma sinceridade desconcertante.

Depois de desligarmos a ligação (a prefeita Paula foi, por sinal, educadíssima), fiquei remoendo mais um pouco as palavras dela.

Sim, claro! Na política, certas coisas são do jeito que são. Aprendemos que a política é um território à parte, com regras próprias, uma outra dimensão, talvez outro planeta.

Mas será mesmo que precisaria ser assim?

Não critico a prefeita. Afinal, não foi ela quem inventou o modelo de governar.

Mas, insistindo:

Será mesmo que precisaria ser assim?

Por exemplo: diante da crise fiscal do Município, não deveriam ser os próprios partidos os primeiros a pedirem a redução dos ccs? Ao mesmo tempo, não deveria a Câmara reduzir os salários dos vereadores?

Já pensou no impacto positivo que uma atitude assim teria entre os pelotenses? Que exemplo seria para o País?

Mesmo me sentindo ingênuo, fico pensando essas coisas aí.

Na mesma resposta que me deu sobre os ccs, a prefeita acrescentou:

“Na história recente, do governo Anselmo (Rodrigues, PDT) para cá, nosso governo foi o que menos comprometeu a folha com os cargos de confiança. O que menos gastou com ccs, cuja existência, diga-se, é prevista na Constituição Federal. Vale lembrar ainda que os chamados ccs são muito importantes, pessoas que têm um compromisso total com a administração; que ultrapassam o horário convencional de trabalho, dedicadas 24 horas por dia”.

Entrevista com Paula sobre a Cosip, tributo pela iluminação de LED

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando…

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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Cultura e entretenimento

Anatomia de uma queda, o vencedor da Palma de Ouro. Por Déborah Schmidt

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 Samuel (Samuel Theis) é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho Daniel (Milo Machado Graner), de 11 anos, com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma “morte suspeita”, pois é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. Sandra é indiciada e acompanhamos seu julgamento que expõe o relacionamento do casal. Entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam sobre a relação da mãe com seu filho.

Com um começo instigante, Anatomia de uma Queda coloca dúvidas na cabeça do espectador: Samuel caiu acidentalmente do chalé ou cometeu suicídio? Ou será que foi empurrado por Sandra? Ao longo de 2h e meia, o filme desenvolve sua narrativa sem pressa e de forma complexa, focada nos diálogos. A primeira parte explora a investigação e a reconstituição da morte de Samuel, enquanto que na segunda temos o julgamento, com Sandra suspeita e acusada do assassinato do marido, tendo que provar sua inocência com ajuda de Maître Vincent Renzi (Swann Arlaud).

A diretora Justine Triet acerta em cheio ao trabalhar com diferentes versões, sem nunca apresentar uma verdade definitiva e nem respostas prontas. O roteiro de Triet e Arthur Harari, seu marido na vida real, foi uma colaboração perfeita ao explorar a intimidade do casal e a relação, muitas vezes abusiva, entre eles.

Em uma das grandes atuações do ano, Sandra Hüller tem uma performance poderosa. Falando em inglês, com dificuldade em francês e sem poder falar em sua língua materna, ela passa por todas as nuances de sua personagem e, ao lado do jovem Milo Machado Graner, conferem à narrativa uma profundidade impressionante.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e forte candidato ao Oscar, Anatomia de uma Queda é um angustiante estudo de personagens que desvenda as complexidades das relações humanas.

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