Connect with us

Opinião

Dita Oposição farejou a fragilidade do governo Paula

Publicado

on

A eleição de José Sizenando para a presidência da Câmara vem sendo comemorada como uma vitória da oposição ao governo Paula. Parece ser uma vitória, embora devamos lembrar de alguns pontos.

Filiado ao DEM, JS, ao longo do mandato, não chegou a fazer oposição ostensiva ao governo, comportando-se como um quadro independente. Ser independente não é ser opositor sistemático.

Os demais membros da mesa-diretora acentuam a sensação de vitória da oposição, porque são filiados ao PT, ao PDT e ao PSB. Mas é preciso lembrar que o PSB deixou o governo outro dia, depois de três anos aliado, embora nem sempre tenha votado com o governo. Lembrar que o petista Marcola, várias vezes, destoou da orientação partidária, chegando a ser censurado pelo PT, que o ameaçou (ainda ameaça) de expulsão. É preciso lembrar também que, em abril próximo, haverá uma janela legal para que políticos troquem de partido. Dependendo das circunstâncias, pode ser que alguns dos membros da atual mesa-diretora migrem para siglas que apoiam o governo, inclusive o PSDB, partido da prefeita Paula.

Neste momento, o que parece seguro é que o governo perdeu o controle da Câmara. A base governista, que era sólida no começo, foi-se esfarelando ao longo do tempo, divergindo aqui e ali nas votações de matérias da prefeitura. Mesmo cedendo espaços aos partidos no governo, buscando facilitar a aprovação de projetos do Executivo, a prefeita se encontra hoje em um limbo: não consegue apoio para aprovar projetos que considera essenciais para deslanchar num momento difícil, nem tem apoio popular.

Sem dinheiro suficiente em caixa, com um déficit de cerca de R$ 60 milhões no orçamento deste ano, o governo espera poder amenizar o mau momento pagando integralmente os salários dos servidores nos primeiros meses deste 2020, deixando de parcelá-los, como fez no fim de 2019. Para isso, conta com a injeção de recursos prevenientes do IPTU e do remanejamento de verbas. Contudo, não há segurança de manter o pagamento em dia durante todo o ano, eleitoral.

A retirada dos projetos de lei da PPP da Iluminação e da taxa de luz da pauta de votação na Câmara ocorreu depois que o governo se deu conta de que seriam rejeitados. Ao retirá-los, evitou a derrota pública em plenário, e o desgaste. Hoje, os projetos da PPP e da taxa de luz, com os quais a prefeitura pretendia arrecadar R$ 30 milhões em 2020, parecem impossíveis de passar na Câmara. Como disse a própria prefeita, “se foi difícil aprová-los em 2019, muito mais difícil o será em ano eleitoral”.

Farejando a vulnerabilidade do governo, a hoje dita oposição – com a eleição da nova mesa – cria um novo problema para a Administração, que precisará se esforçar mais para viabilizar a reeleição. Se não conseguir recuperar apoio na Câmara, restará ao governo anunciar obras, inclusive com ajuda do governo do Estado, como a promessa recente de pavimentação e duplicação da Avenida Cidade de Lisboa.

Sizenando é novo presidente da Câmara

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

Clique para comentar

Cultura e entretenimento

Napoleão, o filme, é belo de ver, mas tem montagem confusa. Por Déborah Schmidt

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição

Publicado

on

Napoleão passa por diferentes décadas da vida de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), na turbulenta França após o fim da monarquia. Sua rápida e implacável ascensão a imperador é vista através de seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), sua esposa e verdadeiro amor.

Vindo do nada como um oficial de artilharia do exército francês durante a Revolução Francesa, o filme retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa retrata diversos momentos históricos, como a decapitação de Maria Antonieta até a invasão do Egito, quando permitiu que seus exércitos utilizassem as pirâmides de Giza como alvo para treino de pontaria.

Dirigido por Ridley Scott, responsável por produções inesquecíveis ao longo de quase 50 anos de carreira como Alien – O 8° Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), um dos meus filmes favoritos, Thelma & Louise (1991), Gladiador (2000), O Gângster (2007), Perdido em Marte (2015), O Último Duelo (2021) e muitos outros. O diretor constrói épicos como poucos, com grandiosas e impressionantes cenas de batalha. Em Napoleão, a ascensão e queda de Bonaparte nos altos escalões do governo francês é intercalada por importantes conflitos como o cerco de Toulon, as invasões à Rússia e a investida contra os ingleses em Waterloo.

O roteiro de David Scarpa traz um protagonista nostálgico, constantemente avaliador da própria vida, narrador de cartas sentimentais e dependente emocionalmente da esposa. Tecnicamente excelente, a fotografia de Dariusz Wolski aposta em sequências que enfatizam paisagens belíssimas e no vermelho-sangue das batalhas. Porém, o filme dilui as competentes cenas de ação em uma montagem confusa, que apresenta a vida de Napoleão de forma apressada e sem o devido contexto.

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição. Aliás, a trama foi bastante criticada no que diz respeito aos dados históricos retratados no filme, no entanto, a precisão histórica não pareceu uma preocupação para Ridley Scott. Prefiro deixar essa questão para os historiadores, meu assunto aqui é apenas o cinema.

Entre glória e fracasso, Joaquin Phoenix apresenta um homem falho e humano, que, entre estratégias brilhantes contra britânicos e russos, encontrou na esposa o relacionamento que assombrou sua vida. Afinal, o fato de Josephine não conseguir lhe dar um filho, um símbolo da continuidade de um império, desempenhou um papel fundamental na relação entre os dois. A química entre Phoenix e Vanessa Kirby é perfeita, com a atriz roubando a cena e sendo um dos grandes destaques da produção.

“França, exército e Josephine”, foram as últimas palavras proferidas por Napoleão Bonaparte antes de morrer. Possivelmente, as únicas três coisas que amou na vida. O filme faz questão de trazer essa passagem ao término de Napoleão, resumindo a produção nessas três palavras.

Em cartaz, Napoleão retrata o líder e estrategista militar com um olhar nostálgico e humanizado e, portanto, com falhas. Um épico que merece ser visto, preferencialmente, no cinema.

Continue Reading

Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

Publicado

on

Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

A área toda da Rural foi doada pelo Município à Associação em 1959. Mas a lei de doação contém uma cláusula de salvaguarda.

O juiz Bento explica:

“A legislação estabelece que a sociedade beneficiária (Associação Rural) não poderia alienar o imóvel ou parte dele em nenhum momento, sob pena de caducidade da doação e retorno do imóvel, juntamente com todas as benfeitorias existentes, ao patrimônio do Município de Pelotas. Portanto, até o momento, o direito de dispor e reaver o imóvel é do Município de Pelotas, integrando o seu patrimônio.”

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Trata-se de um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando.

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

Continue Reading

Em alta