Li uma entrevista feita pela Assessoria de Comunicação da UFPel, sobre os três anos do reitorado de Pedro Curi Hallal na UFPel.
À certa altura, o reitor diz:
A UFPel possuía um passivo de cerca de 300 processos administrativos disciplinares e 200 prestações de contas de convênios e contratos, muitos dos quais engavetados por anos. Hoje estamos totalmente em dia nesses dois setores.
Recebemos a instituição com R$ 11 milhões de déficit, e hoje o déficit é zero.
As Fundações de Apoio, historicamente envolvidas em escândalos, hoje são administradas com zelo e seguindo as normativas pertinentes.
Procurei por ele, pedindo se poderia avançar um pouco mais sobre os três pontos acima. Ele me atendeu:
Ponto 1
A UFPel possuía um passivo de cerca de 300 processos administrativos disciplinares e 200 prestações de contas de convênios e contratos, muitos dos quais engavetados por anos. Hoje estamos totalmente em dia nesses dois setores.
Resposta de Pedro:
A Coordenação Permanente de Processos Administrativos Disciplinares (CPPAD) investiga as possíveis faltas funcionais cometidas por servidores da instituição. No início de 2017, ao assumirmos a administração da UFPel,nos deparamos com um passivo de mais de 300 processos, a maioria dos quais com mais de cinco anos sem qualquer tramitação, ou seja, literalmente engavetados.
Esse passivo é ainda mais grave se considerarmos que as faltas funcionais possuem um prazo para apuração, de forma que vários desses processos acabaram arquivados por prescrição. Só para que os leitores tenham uma ideia da gravidade disso, havia processos de (a) agressão física contra mulher, cometida dentro da instituição; (b) desaparecimento de bens públicos; (c) suspeita de quebra do regime de dedicação exclusiva; (d) assédio.
Felizmente, com o excelente trabalho desenvolvido pelos servidores da CPPAD e por dezenas de outros servidores, esse passivo foi completamente zerado, e hoje a instituição não possui qualquer pendência na apuração de faltas disciplinares. Com a eliminação desse passivo, hoje existem cerca de 20 a 30 processos tramitando simultaneamente, investigados por comissões independentes e que cumprem os prazos estabelecidos em lei.
Recebemos a instituição com R$ 11 milhões de déficit, e hoje o déficit é zero.
Resposta de Pedro:
Sempre que a UFPel recebe recursos públicos para execução de um convênio, seja de pesquisa, ensino ou extensão, é obrigatória a prestação de contas, logo após o término da execução do convênio. Ao assumirmos a gestão da UFPel em 2017, recebemos um passivo de mais de 200 convênios, cujas análises das prestações de contas estavam pendentes. A maioria desses convênios haviam sido encerrados há quase uma década, sem que a Universidade concluísse a análise das contas apresentadas.
Felizmente, com o excelente trabalho desenvolvido pelos servidores da Coordenação de Convênios e Contratos e por dezenas de outros servidores atuando em processos de Tomada de Contas Especial, esse passivo foi eliminado, e hoje a instituição praticamente não possui pendência na análise das prestações de contas de convênios.
O volume de recursos públicos identificados como irregulares nessas prestações de contas se aproxima dos R$ 50 milhões. Caso as análises tivessem sido feitas em tempo hábil, certamente haveria chances muito maiores de que tais recursos fossem devolvidos ao erário. Vários desses processos hoje estão no Tribunal de Contas da União para tentativa de recuperação dos recursos públicos mal empregados.
As Fundações de Apoio, historicamente envolvidas em escândalos, hoje são administradas com zelo e seguindo as normativas pertinentes.
Resposta de Pedro:
Sobre as Fundações de Apoio da UFPel, infelizmente havia um histórico de as mesmas ocuparem mais espaço nas páginas policiais do que nas páginas de ciência e tecnologia nos veículos de mídia. Escândalos envolvendo as Fundações de Apoio da UFPel foram identificados em vários momentos, mas especialmente entre os anos de 2012 e 2014.
Felizmente, atualmente, não há mais notícia de bolsas pagas fora dos valores previstos em lei, nem de utilização de recursos de um projeto em outro, tampouco de demissão ‘premiada’ de servidores que conseguiram outros empregos, ou critérios pouco transparentes de contratação de pessoal.
Hoje as Fundações de Apoio da UFPel são motivo de orgulho para a instituição. Elas gerenciam dezenas de projetos de ensino, pesquisa e extensão, lidando com alto volume de recursos financeiros, mas os utilizando com transparência e obediência aos regramentos legais.
Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.
Foi um esforço louvável da atual Administração, e deu ótimos frutos. Regularizou convênios e recuperou a “normalidade institucional”, que havia sido relegada a segundo plano em administrações anteriores, especialmente na última.
O gestor atual pode ser criticado pelas posições “heterodoxas” que adotou em temas de grande relevância, como a ameaça que fez de fechar a universidade (obrigado a isso, se o MEC mativesse o corte de verbas), mas no aspecto abordado merece todos os elogios possíveis e mais alguns.
O escritor e jornalista Luiz Carlos Freitas autografa na próxima quinta-feira (30), a partir das 18, na Livraria Mundial, seu novo romance: Confissões de um cadáver adiado. Freitas mergulhou no trabalho durante um ano até bater o ponto final.
O romance tem como ponto de partida e chegada a própria vida do autor, que sobreviveu a uma sentença que parecia de morte.
O prefácio fala por si:
Realidade e ficção na hora da morte Amém!
Sou filho do povo pobre e escravizado, a literatura me libertou e salvou. Perambulei por aqui e ali, encontrei guarida, força e sobrevivência financeira no jornalismo, oásis e alegria no ofício de escrever romances de cunho social, em paralelo, nas horas roubadas ao lazer e ao convívio familiar. Escrever me bastava, ser famoso e ganhar dinheiro não me atraia – expulsar fantasmas íntimos era o objetivo. Até que, no final de abril de 2011, ocorreu o que eu previa desde quando perdi meu pai, em 1973, aos 43 anos, vitimado por câncer no estômago e metástase no fígado.
Eu trabalhava na conclusão do romance MoriMundo e, em função de desconforto gástrico, fui me consultar. Desconfiança do médico, endoscopia, diagnóstico de enfermidade anunciada: tumor maligno de 2,5 cm (a mesma doença paterna) no Piloro (parte do estômago). Solução? Cirurgia. Pra ontem! Fui operado dia 13 de maio de 2011. Tudo certo! Extraíram o tumor e parte do estômago – deram-me como curado. Milagrosamente. Sem metástases. Tirei o prêmio da Mega Sena. Hurras! Vivas! Safei-me. Em julho dispensei o auxílio-saúde do INSS, voltei ao trabalho e à conclusão do MoriMundo, com a responsa de retornar a consultar-me com o oncologista em novembro, já com a tomografia em mãos.
Terminei o livro e o publiquei em setembro daquele ano. Ufa! Em novembro fiz a “Tomo” e me apresentei ao médico, pacificado, tranquilo, sem nada a temer. Choque! De alta voltagem! O cara leu o laudo do exame e me disse na lata: Problemas! Novo tumor no estômago, outro no pâncreas, um terceiro no baço e necrose no fígado. Puta… Balancei. No pâncreas! Tremi, me senti mal, meu mundo caiu, pensei: É o fim, prezado Freitas. Deu pra ti, camarada! O que temia há 40 anos se tornou realidade. Dei um tempo. Recuperei-me. E perguntei ao oncologista: Quanto tempo de vida? Entre seis meses e dois anos! Respondeu na hora, insensível e habituado às dores alheias. O que devo fazer? Extirpar os tumores por meio de cirurgia, a fim, talvez, de prolongar a vida, respondeu: Tchau e benção!
Dei entrada ao hospital dia 1º de janeiro de 2012, com cirurgia marcada para a manhã seguinte. No íntimo se digladiavam a esperança, a desesperança, o medo e um vago sentimento de aceitação do inevitável. Fiquei novehoras na mesa de cirurgia. Extraíram o tumor e o que restava do estômago, a cauda e a cabeça do pâncreas, o baço, e rasparam a necrose do fígado. Acordei e percebi que continuava no mundo dos vivos. Por pouco tempo. Deu rolo. Intercorrências nas cirurgias. Abriram-me mais cinco vezes consecutivas e instalaram um dreno no fígado para filtrar o excesso de bílis. Fui indo, dois, três dias… Bactéria estava à toa na vida e decidiu infectar-me.
Peguei infecção hospitalar das bravas. Dê-lhe litros de antibiótico e parará. A coisa piorou, choque séptico, falência de órgãos múltiplos… Adeus mundo! Quinze dias em coma! Caixão e sepultura prontos, família conformada, médicos nem aí para mais um caso perdido (aqui é força de expressão, “licença poética”). Acordei! Vi três rostos em forma de santa – não lembro a ordem: minha mãe, minha companheira, minha irmã caçula. Acordei do coma para espanto geral – milagre! –, permaneci três meses no hospital, perdi 30 quilos, voltei pra casa – milagre! A enfermidade foi superada, estou limpo há 11 anos e 25 dias, completados hoje, 26 de setembro de 2023. Não tenho estômago, partes do pâncreas, o baço, a vesícula, a aparência e a energia de outrora…
Nesses quase 12 anos de recuperação física e mental, ganhei sobrevida, 15 quilos (meu peso oscila entre 52 e 55 Kg), paz, tranquilidade, tempo para escrever, certa lucidez, aposentadoria por invalidez, uma coluna política três vezes por semana no centenário Diário Popular (desde 2014 até dezembro de 2020), e uma vida praticamente normal – sem sequelas graves. Ainda que sobre mim paire a sombra do medo da recidiva. Entre 2014 e 2015 escrevi o romance Homo Perturbatus, publicado em 2016, reeditei Amáveis inimigos íntimos, em 2017, Odeio muito tudo isso, em 2019, e publiquei o romance Ninguém em 2020. Enquanto isso, Confissões de um cadáver adiado maturava na mente e no espírito, à minha revelia, esperando o momento certo para vir à luz. Comecei a escrevê-lo em maio de 2022, após necessária visita à aldeia Campelo, no Norte de Portugal, onde nasceram meus avôs paternos. Concluí a obra em março de 2023. Foi doloroso reabrir velhas feridas, descobrir outras, furtivas. Às vezes, chorava e lamentava meus erros, geralmente a melancolia, a nostalgia e a culpa ditaram o ritmo e as palavras. Fui em frente!
Confissões de um cadáver adiado não é um manual de superação da enfermidade – longe disso. Mas é testemunho inequívoco de que o diagnóstico de câncer – mesmo os considerados irremediáveis – já não é sinônimo de finitude. Tampouco tem a pretensão de “colonizar” o outro, como diz Saramago. O objetivo da obra é compartilhar experiências, plantar esperança, mostrar a ambiguidade, a imperfeição e a mesquinhez do ser. Há outros. Diversos. Descubra-os!
A prefeitura avisa que começou uma nova etapa da obra na ponte do Laranjal.
Dizem que, nexta-feira (24), começaram uma nova etapa da obra de recuperação da cabeceira da ponte sobre o arroio Pelotas, a terceira. “A empreiteira contratada fez a perfuração das microestacas e começou o trabalho de concretagem”.
“Entramos, agora, na terceira etapa da obra, que é a das estacas que servirão de cortina para a contenção. O prazo para conclusão dessa parte é de, aproximadamente, dez dias, se o tempo for bom”, diz o secretário de Obras e Pavimentação, Giovan Pereira.
A obra é decorrência de problemas na contenção do material na travessia. Custo: R$ 400 mil, dos cofres do Município.
Alarico
08/01/20 at 23:15
Foi um esforço louvável da atual Administração, e deu ótimos frutos. Regularizou convênios e recuperou a “normalidade institucional”, que havia sido relegada a segundo plano em administrações anteriores, especialmente na última.
O gestor atual pode ser criticado pelas posições “heterodoxas” que adotou em temas de grande relevância, como a ameaça que fez de fechar a universidade (obrigado a isso, se o MEC mativesse o corte de verbas), mas no aspecto abordado merece todos os elogios possíveis e mais alguns.