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Brasil e mundo

Pontes se saiu melhor no espaço

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Nas coletivas do governo federal sobre o coronavírus, o simpático ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, ex-astronauta, me dá a impressão de nunca ter voltado inteiramente do espaço sideral.

Foi um herói ele. Trabalhou forte pelo sonho de viajar para longe da Terra e realizou a façanha.

Em 30 de março de 2006, depois da cadela laica, depois de um macaco, dos cosmonautas russos, dos astronautas americanos, de um japonês, depois dos bilionários entediados de Wall Street e dos novos ricos da Mãe Rússia, o tenente-coronel Pontes, primeira vez um brasileiro, foi levado, de carona, ao espaço, a bordo da nave russa Soyus, até a Estação Espacial Internacional (é bom nem alardear muito isso de nave russa, pois o PR parece ter esquecido do fato, nem falar que ele foi condecorado pelo então presidente Lula).

Uma vez nas estrelas, o sorridente comandante Pontes vestiu chapéu Santos Dumont e plantou feijões numa horta artificial dentro da Estação Espacial. Com direito a horário nobre na tevê, desfraldou nas estrelas a bandeira do Brasil, como faz todo herói nacional.

Eu era garoto quando em 1969, com a família, assisti Armstrong superar Gagarin em órbita e pisar na Lua. Pelo retângulo iluminado, o feito se fez épico na voz do locutor: “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”.

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Parentese emocional (Mais ou menos por essa época, minha irmã, meu irmão e eu começamos a viajar para a lua também. As viagens ocorriam nos domingos de manhã, debaixo das cobertas da cama de nossos pais (a nave). No escuro daquele acampamento, o pai comandava o ‘lançamento do foguete’. Ele dizia que estávamos num foguete e, ativada a imaginação, nós acreditávamos. Por ordem dele, meu irmão e eu nos revezávamos nas tarefas de comandar os controles da ‘nave’ e de fazer a contagem regressiva. Ao pai cabia imitar o som da decolagem – “vuuuuuuu” – acrescentando, enquanto subiamos, uma locução que sempre foi a cara dele: “Olha lá embaixo a nossa casa, a nossa cidade, o nosso país, o nosso planeta. Olha lá o Zé, aquele de dente cariado!” Às vezes a mãe abortava o voo, convocando para o café).

 

Mesmo que não tenha sido um pioneiro nas viagens espaciais, foi bacana para o nosso orgulho ver Pontes viajar um pouco mais no rumo do infinito. Guardei dele uma imagem simpática. Foi o primeiro brasileiro a viajar num foguete.

Gostei de vê-lo a bordo da Soyus em 2006, com seus feijões. Aqui embaixo, hoje, parece que o máximo possível é criar nabos. Mas segue sorrindo, o que é um bom sinal.

* Passados uns 30 anos de nossas viagens à lua sob os cobertores dos nossos pais, minha irmã me confessou que se ressentia do fato de o pai nunca ter dado a ela a chance de acionar os controles da ‘nave’ ou de fazer a contagem regressiva para o lançamento. Direito este concedido apenas a mim e ao meu irmão. O machismo, naquele tempo, era mesmo intolerável.

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

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Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

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Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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