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Opinião

Prefeitura não divulga, mas contágio provavelmente seja crescente nas empresas

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Há dois dias a prefeitura comemorava o fato de Pelotas ser o único município brasileiro com mais de 200 mil habitantes a não registrar mortes por covid-19. Neste sábado, infelizmente, deixou de sê-lo.

Uma mulher de 51 anos sucumbiu à doença. Antes dela, um pernambucano morreu de covid em solo pelotense, mas como chegou doente de fora, não foi contabilizado como óbito local.

Não é possível saber mais sobre os contaminados além do que é divulgado – gênero, idade, procedência. A prefeitura não divulga outros dados. A identidade não é necessária. Mas ao menos a profissão me parece que seria útil divulgar, como fazem em Rio Grande.

O sigilo mais amplo é uma política local, já que a legislação não impede divulgar a profissão. Esse dado, porém, possibilitaria saber se há concentração da doença em alguma atividade profissional, se viajam de ônibus etc., se a prefeitura leva esse dado em consideração em suas políticas de combate à pandemia.

É provável que trabalhe com esse dado, embora não o divulgue, possivelmente para evitar cobranças. Restam os sinais e as suposições.

Por exemplo: na quinta-feira passada, mesmo dia em que comemorava a ausência de mortes, a prefeita Paula anunciou que fechará empresas que tiverem 30% de funcionários infectados. Alterou o decreto para inserir, formalmente, esse item.

A novidade indica que identificaram o contágio crescente em empresas, provavelmente incluindo as comerciais, uma questão delicada do ponto de vista econômico.

Até aqui, a única profissão de pessoas contaminadas de que se tem notícia são dos profissionais de saúde.

Ontem divulgou-se que, dos até então 177 infectados (hoje, sábado, são 189), 19 eram profissionais do sistema de saúde de três hospitais, segundo os próprios – Hospital São Francisco de Paula/UCPel, 10; Hospital Escola/UFPel, 5; Santa Casa, 3; e Prefeitura, 1.

“Onde trabalharão os demais?” é uma pergunta de importância, creio, para entender o perfil dos contaminados e tomar conhecimento se o contágio está ocorrendo de forma concentrada ou difusa.

Ao alertar as empresas, a impressão é de que o volume de contaminados nelas está crescente. Não é possível uma resposta clara porque a profissão não é divulgada.

Rubens Spanier Amador é jornalista e autor de livros

Facebook do editor

Covid: Rio Grande, ao contrário de Pelotas, divulga a profissão dos contaminados

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando…

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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Cultura e entretenimento

Anatomia de uma queda, o vencedor da Palma de Ouro. Por Déborah Schmidt

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 Samuel (Samuel Theis) é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho Daniel (Milo Machado Graner), de 11 anos, com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma “morte suspeita”, pois é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. Sandra é indiciada e acompanhamos seu julgamento que expõe o relacionamento do casal. Entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam sobre a relação da mãe com seu filho.

Com um começo instigante, Anatomia de uma Queda coloca dúvidas na cabeça do espectador: Samuel caiu acidentalmente do chalé ou cometeu suicídio? Ou será que foi empurrado por Sandra? Ao longo de 2h e meia, o filme desenvolve sua narrativa sem pressa e de forma complexa, focada nos diálogos. A primeira parte explora a investigação e a reconstituição da morte de Samuel, enquanto que na segunda temos o julgamento, com Sandra suspeita e acusada do assassinato do marido, tendo que provar sua inocência com ajuda de Maître Vincent Renzi (Swann Arlaud).

A diretora Justine Triet acerta em cheio ao trabalhar com diferentes versões, sem nunca apresentar uma verdade definitiva e nem respostas prontas. O roteiro de Triet e Arthur Harari, seu marido na vida real, foi uma colaboração perfeita ao explorar a intimidade do casal e a relação, muitas vezes abusiva, entre eles.

Em uma das grandes atuações do ano, Sandra Hüller tem uma performance poderosa. Falando em inglês, com dificuldade em francês e sem poder falar em sua língua materna, ela passa por todas as nuances de sua personagem e, ao lado do jovem Milo Machado Graner, conferem à narrativa uma profundidade impressionante.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e forte candidato ao Oscar, Anatomia de uma Queda é um angustiante estudo de personagens que desvenda as complexidades das relações humanas.

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