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Brasil e mundo

A Medicina só funciona com adesão

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A Medicina é uma ciência mas, na cultura brasileira, o paciente
usa as orientações médicas “ao seu modo”, segue algumas e não outras
prescrições. Na linguagem médica isso é a “adesão ao tratamento”, se a
pessoa vai usar o remédio corretamente ou “do seu jeito”.

Antibióticos por exemplo, se não tomar no prazo indicado (em geral 7 dias, depende do caso) pode não resolver a infecção e ainda gerar resistência, mas tem gente que para de usar logo que os sintomas aliviam. Sem falar na automedicação ou “receita de vizinha”, sem consultar o médico.

Lembrei do problema da “adesão ao tratamento” para tentar entender
a falta de adesão às medidas para prevenir o Coronavírus. Ouço relatos
diferentes a cada cidade, mas em Porto Alegre é chocante a negligência com o isolamento, médicos do Hospital de Clínicas têm enviado mensagens por
whatsapp pedindo que a população colabore porque se não diminuir o ritmo de contaminação vão faltar leitos e equipes de saúde para atendimento à população, em breve.

Porque os brasileiros (incluindo os gaúchos) estão se aglomerando
tanto em praças, parques, nas ruas? Vimos vídeos chineses das pessoas sendo retidas, impedidas de circular, aqui parece difícil de funcionar isso, já
tivemos até uma “revolta da vacina” contra medidas de saúde publica.

Ouvi relatos de cidades (na região metropolitana de Brasília) onde haveria mais adesão com o comércio aberto tendo um caráter didático, sendo multados os que descumprissem as normas sanitárias, e estaria funcionando. Será uma fatalidade brasileira, a indisciplina? Porque a adesão às medidas preventivas está tão abaixo do esperado pelos médicos que estão na linha de frente e vislumbrando o esgotamento da capacidade de atender a todos.

Esse comportamento é meramente “irresponsável” ou tem outros
motivos? Suspeito que haja outros fatores. Um deles, uma descrença nas
autoridades em geral, uma carência de empatia com outros dramas vividos pela população, especialmente o desemprego – que é outra tragédia, além da doença.

Ouvi relato de quem, incumbido pelo chefe, teve de comunicar outras
que seriam demitidas. Chocante, traumatizante. Muitas pessoas tentam
conseguir os 600 reais da caixa e não conseguem. Os dramas do desemprego e da falta de comida em casa são dramáticos, como são os das pessoas entubadas durante semanas, entre a vida e a morte.

A Medicina ensina as medidas preventivas, o que falta compreender são os motivos da não adesão a elas, por isso lancei algumas hipóteses aqui. Sem adesão não funciona.

1 Comment

1 Comments

  1. josefrade

    28/06/20 at 14:25

    A dita adesão depende sobretudo da comunicação entre o médico e o seu paciente. Se a comunicação é de boa qualidade, mais provável será a adesão do doente às indicações terapêuticas, ou, no caso, profiláticas. Qualidade comunicacional pressupõe clareza e adequação na linguagem usada, para que seja entendida sem equívocos, e ainda, convicção. Se o médico não fôr assertivo, a dúvida levantar-se-á na mente do paciente. Nestes tempos de uma nova pandemia, em que a Ciência ainda não tem muitas certezas sobre o novo agente patogênico, mais do que nunca a Medicina não deve dar o flanco ao charlatanismo. Encolher os ombros, dando a entender que talvez seja melhor aceitar como boas as fakenews, ao invés de ouvir quem é cientista, isso seria um suicídio profissional, abrindo caminho para a bruxaria e obscurantismo medieval.

Brasil e mundo

UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

***

Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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