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Brasil e mundo

EL GRAN MAESTRO DE JAGUARÃO

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Passei a maior parte de 2020 lendo os 100 contos de Aldyr Garcia Schlee, mais o romance biográfico Don Frutos e as traduções de Don Segundo Sombra e Facundo. Também li diversos estudos, teses de mestrado e doutorado — o pessoal da academia considera AGS um bom case de literatura de fronteira.

Tudo isso para concluir que a obra de Schlee possui pelo menos três dimensões notórias: a primeira é a objetividade da maioria de seus textos de ficção, qualidade advinda do exercício do jornalismo; a segunda, o alcance sociológico de suas narrativas carregadas de humanismo; e, terceira, a refinada criatividade literária, na qual o cara que foi artista plástico, repórter, professor de literatura e de direito internacional joga brilhantemente com as palavras. E há ainda uma outra dimensão — aquela que reflete sua paixão pelos seus temas: as pessoas em geral, a ponte, o cinema e tudo que ele viu no outro lado do rio Jaguarão. Ele tinha prazer em escrever.

Viveu somente 15 dos seus 84 anos em Jaguarão, mas tudo que escreveu gira em torno de sua terra natal. “Se queres ser universal, canta a tua aldeia”, escreveu Tolstói.

Depois de escrever uma centena de contos binacionais de extrema originalidade, AGS tirou da cartola, como proeza final, um dicionário sobre o vocabulário do Pampa, o bioma que domina o território do Uruguai, ocupa metade do Rio Grande do Sul e se espraia por boa área do leste da Argentina. Corolário de anotações iniciadas nos anos 1950, o Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense foi publicado em março de 2019, quatro meses após a morte do seu autor (faleceu em 15/11/2018, livrando-se de ver o bolsonarismo e a pandemia).

Quem folheia as primeiras das 1000 páginas desse dicionário encontra os nomes dos que participaram da colheita final. Impressiona como Schlee condensou em apenas uma página, como um expediente de jornal ou revista, a lista de amigos, colaboradores, consultores, leitores, revisores… Taí uma prova sensível de quanta admiração e estima foi capaz de agregar em torno de si esse grande, notável aldeão jaguarense.

Abaixo, Schlee jogando botão, o seu hobby. Mais abaixo, a prova concreta de sua criatividade: no ‘outro lado’ da mesa, colocada como quadro na parede de sua casa, ele desenhou um mapa-mundi, como para lembrar de onde tirava seu ganha-pão: por 30 anos foi professor de direito internacional na Faculdade de Pelotas

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UFPel entregou título de Dr. Honoris Causa a Mujica

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Discretamente, na sexta passada, a direção da UFPel viajou ao Uruguai para entregar a Pepe Mujica o título de Doutor Honoris Causa. A notícia foi divulgada ontem, terça, no site da Universidade.

Algumas frase dos dirigentes universitários presentes à homenagem, às vezes em tom juvenil:

“Pepe é um grande exemplo de pessoa que consegue lutar por direitos humanos, justiça social e democracia. Resistiu bravamente aos movimentos da ditadura e, como um jardineiro, sempre plantou a esperança, a luta e a vontade dessa luta em cada companheiro. Ele planta hoje a esperança para os nossos jovens”.

“Muito obrigada por ser quem é, muito obrigada por nos inspirar a defender a educação como uma forma mais poderosa de semear o futuro”.

“A visão humanista de Mujica ressoa profundamente com os ideais que nós da Universidade Federal aspiramos cultivar, nossa instituição sempre se pautou na crença de que a educação é a base para uma sociedade mais justa e igualitária, as bandeiras defendidas por Mujica colocam o bem-estar humano e a preservação do planeta acima do materialismo e do consumo desmedido e enlouquecedor, inspiram nossos esforços e reafirmam o nosso compromisso com a busca por dias melhores”.

***

Cmt meu: Mujica é de fato um homem incomum. Coerente. Vive modestamente, de acordo com suas ideias. Há nele uma ausência de vaidades materiais que chega a ser comovente. Se morasse em Pelotas, e fosse professor de Universidade, jamais o veríamos, por exemplo, no Dunas Clube, à beira da piscina, tomando cerveja depois de disputar uma partida de tênis – em greve por salário ainda mais alto do que os que já receberia (R$ 20 mil, digamos), pensando em justiça social num país de esmagadora maioria pobre, com ganhos mensais médios de R$ 3 mil.

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Na cerimônia, Mujica disse: “Sigo confiando em los hombres, a pesar que todos los dias me deconcertan”.

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Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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