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Brasil e mundo

Vá em paz, José Paulo Bisol. Por Henrique Pires

Tenho até hoje o bloco com as anotações que fiz naquela noite, lá por 1980, quando vi atuar, ao vivo, um exemplar daqueles que os antigos denominavam de ” espadachim da palavra”. Sim, esgrimindo termos e frases, citando de memória autores clássicos, lá estava ele com sua verve magnética, vertendo erudição aos borbotões, sua palavra, afiada como um florete, atacando e defendendo como numa pugna de espadas.

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Henrique Pires, assessor especial na Prefeitura de Pelotas, ex-secretário nacional de Cultura

Um dia, no Café Aquário, meu saudoso amigo Bolinha (Gilberto Corrêa Marcelo) avisou: virá a Pelotas o Desembargador José Paulo Bisol; vai palestrar no auditório da Faculdade de Direito. Não podes perder. Será um espetáculo. Eu fui – e foi.

Bisol: inspiração

Tenho até hoje o bloco com as anotações que fiz naquela noite, lá por 1980, quando vi atuar, ao vivo, um exemplar daqueles que os antigos denominavam de ” espadachim da palavra”. Sim, esgrimindo termos e frases, citando de memória autores clássicos, lá estava ele com sua verve magnética, vertendo erudição aos borbotões, sua palavra, afiada como um florete, atacando e defendendo como numa pugna de espadas.

Poucas vezes vi coisa parecida.

Palavras como “arquétipos”, “catarses”, em meio a versos inteiros de poetas muitos, ditos de memória e de maneira harmoniosa, me fizeram anotar bastante e buscar a enciclopédia na volta para casa, naqueles tempos em que nem cogitávamos a existência de telefone celular com acesso ao Google.

Mais tarde, tornou-se estrela de mídia graças aos comentários jurídicos no TV Mulher, elegeu se Deputado Estadual pelo PMDB e, em 1988, já Senador Constituinte, fundou o PSDB. Assim como o Marasco, o Salamoni, o Bebete e o João Ignácio, minha ficha de filiação foi abonada por ele naquele ano, em que Bisol voltou a Pelotas, assim como seu colega de Senado Fernando Henrique, para ajudarem na campanha a prefeito do pai do nosso atual governador.

O tempo passou, ele e nós todos seguimos outros rumos, mas as marcas de sua passagem por aqui ficaram tatuadas na memória. Como a citação de Fernando Pessoa, feita ao fim daquela longínqua palestra: “Quisera eu ser um carro de bois. Ao invés de esperanças, eu simplesmente precisaria ter rodas…”

Vá em paz, José Paulo Bisol.

Henrique Pires, assessor especial na Prefeitura de Pelotas, ex-secretário nacional de Cultura

2 Comments

2 Comments

  1. Luiz Fernando Lopes Moreira

    27/06/21 at 13:25

    Amigo Henrique,o teu texto expressa uma grande verdade. Paulo Bisol era um dos homens mais inteligentes que este país teve e um grande tribuno.

  2. Jorge Roberto Guimarães

    26/06/21 at 19:43

    Oportuno e necessário o artigo de Henrique Pires, trazendo à nossa memória a Figura insigne de José Paulo Bisol. Em minha opinião, a partir de meu conhecimento com a maior parte dos magistrados da Justiça de nossos Estado, seja por relações pessoais, seja pela leitura de seus julgados, Bisol ocupa a mais elevada posição entre os grandes juízes do Rio Grande do Sul, da segunda metade do Século XX. As sentenças e acórdãos de sua lavra são maravilhosas peças de erudição jurídica, filosófica, humanística, além de insuperável beleza em termos literários. Seus escritos adensam-se em pura poesia. Deixo aqui de referir a sua brilhante e honradíssima passagem pela vida política que, só de longe acompanhei, tendo Ele chegado a Senador da República. Com certeza outros brasileiros mais próximos dessa sua faceta, o farão. O passamento de Bisol abre uma insuperável lacuna na intelectualidade brasileira e mais ainda, na rio-grandense.

Brasil e mundo

Felicidade de “segunda”, não dá mais

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Concordo com Alexandre de Moraes: antes das redes sociais, nós éramos felizes e não sabíamos. Mas éramos felizes no sentido de que uma pessoa ignorante podia ser. Hoje a farsa não convence tão fácil. As vozes se tornaram muito mais plurais, o que é positivo para a sociedade.

A tecnologia levou a percepção de felicidade a um patamar mais elevado. Aumentou a exigência. Ninguém mais se contenta com meias verdades.

Voltar no tempo é impossível, apesar dos esforços nesse sentido. O próprio Lula não entendeu isso, por isso está perdendo popularidade. Perdeu poder de persuasão. Ele e qualquer outro governante.

A própria velha imprensa perdeu poder de persuasão. Está todo mundo vendo o rei nu. Vendo e avisando a este da nudez, em voz alta. A corte toda, que inclui a velha imprensa, está nua. Ouvindo que está nua, mas se fingindo de surda.

A tecnologia muda os comportamentos. Os avanços tecnológicos provocam essas destruições criativas. Assim como foi o canhão que permitiu Napoleão, a internet e as redes sociais estão forjando um cidadão menos distraído, mais atento e engajado. Uma democracia muito mais participativa.

O mundo mudou.

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Leite posta encontro com o Papa

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Atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite foi recebido pelo Papa Francisco nesta quarta-feira (14). Aproveitando o espaço na agenda do Pontífice, levou à Sua Santidade uma réplica das ruínas das Missões e uma caixa com camisas do Grêmio, do Inter e do Xavante, pra ficar de bem com todas as torcidas.

Aproveitando, convidou o Papa a visitar o Rio Grande do Sul em 2026, como parte das comemorações dos 400 anos das missões jesuíticas no estado — por coincidência ano da próxima eleição presidencial, sonho que Leite persegue.

No X, Leite postou: “Foi uma conversa muito gentil e muito amável do Papa, que lembrou ter ido muitas vezes à cidade de Pelotas, onde um tio dele (Victor José Bergoglio) morou”.

Leite acrescentou: “A sua mensagem de hoje (do Papa) é muito oportuna. O Papa Francisco falou sobre temperança e pediu aos fiéis que exercitem o equilíbrio. É uma mensagem que serve para as relações nas redes sociais, pessoais, profissionais e políticas nesse mundo tão dividido”. Com essas palavras, Leite, que tem discursado contra a polarização na política, parece confirmar uma impressão. Ele é conhecido nos bastidores como “Governador Casio”. Tudo calculado, nada é espontâneo, com vistas ao pleito de 2026”.

Na última semana, Leite gravou vídeo de apoio a Matteus, participante gaúcho da final do BBB, aproveitando a onda da audiência do programa. Matteus perdeu, contudo, e o comentário é de que “perdeu por causa do apoio de Leite”. Era o comentário hoje na aula do Pilates.

Terá sido a derrota de Matteus um mau agouro para Fernando Estima, de quem se fala que poderá ser candidato dos tucanos a prefeito de Pelotas?

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