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Opinião

Sistema público está anárquico

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O sistema público brasileiro está anárquico. Exemplos próximos confirmam isso. No último dia de outubro passado, a prefeita Paula Mascarenhas avisou, na véspera do pagamento dos salários aos servidores, que iria atrasá-lo, por falta de recursos em caixa. Ela pretendia pagar o salário de outubro a 28% dos funcionários em dois momentos: no final de novembro a uma parte deles e, no final de dezembro, à outra parte.

A justiça reagiu com liminar, determinando o pagamento em 72 horas e a prefeita acabou pagando, usando para isso – como socorro – dinheiro do Sanep e do fundo previdenciário dos servidores, o Prevpel, e agora conta com o pagamento de IPTU para saldar os salários de novembro, dezembro e 13º. Por lei ela precisa fechar o ano tendo devolvido o que pegou do Sanep e do Prevpel, outra dificuldade.

Além disso, só neste novembro a prefeita foi revelar que fechará o exercício de 2023 com um déficit no ano de R$ 110 milhões, um déficit acumulado desde o começo do ano, mas que estranhamente ficou oculto, sem que um Plano de Contingência tivesse sido elaborado lá atrás para enfrentar a crise.

Mais: a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), enviada há pouco pelo Executivo para votação na Câmara, prevê um déficit de R$ 282 milhões no orçamento de 2024 do município, quase o triplo do verificado neste ano.

A prefeitura está quebrada.

Já Eduardo Leite, governador do RS, disse nesta semana que pretende aumentar o ICMS de 17% para 19,5%, uma paulada no custo de vida, já que a elevação do imposto resulta no aumento dos preços das mercadorias. Foi uma desagradável surpresa, já que, na campanha eleitoral, Leite avisou: “Pode confiar, não aumentaremos impostos”.

Por sua vez, ontem, o deputado federal Daniel Trzeciak anunciou que obteve meio milhão em emendas para custear uma festa de Reveillón no Laranjal. A legislação não permite redirecionar verbas carimbadas de um setor para atender prioridades em outro setor, uma situação, porém, que leva a pensar, pelo quadro relatado, que precisaria ser repensada.

Ainda assim, creio que é questionável a destinação daquela alta quantia para o fim que terá: pagar um show da banda de pagode carioca Revelação e a estrutura de apoio à festa. R$ 500 mil que, em grande parte nem ficará em Pelotas, será levado pela banda carioca.

Entre outras possibilidades, poderiam ter decidido gastar aquele meio milhão para promover, por exemplo, mais de um festival anual de teatro escolar, com prêmios, envolvendo alunos e professores. Seria algo bom para as escolas. Quantos talentos não poderiam surgir? Mesmo que não surgissem, os festivais integrariam a comunidade, os alunos, seus pais, as famílias, como ocorre com o Jepel, os jogos esportivos municipais, que aglutinam a comunidade e são um aprendizado para os estudantes, que ganham, perdem, vivem emoções.

Com aquela verba, seria possível fimanciar alguns festivais anuais de teatro ou de música, algo verdadeiramente útil, em vez torrar aquele dinheiro num show de duas horas, meio milhão literalmente posto fora, sem trazer ganhos culturais duradouros à sociedade.

Os fatos reunidos neste artigo mostram que, além de um descontrole financeiro nas contas públicas, está faltando planejamento e foco nas prioridades. Será que as pessoas estão mesmo interessadas em festa de Reveillón? Não estarão com a cabeça em outro lugar, em outras prioridades? As pessoas devem ficar baratinadas com a falta de coordenação dos nossos representantes.

Jornalista. Editor do Amigos. Ex-funcionário do Senado Federal, do Ministério da Educação e do jornal Correio Braziliense. Prêmio Esso Regional Sul de Jornalismo. Top Blog. Autor do livro Drops de Menta. Fã de livros e filmes.

Cultura e entretenimento

Napoleão, o filme, é belo de ver, mas tem montagem confusa. Por Déborah Schmidt

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição

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Napoleão passa por diferentes décadas da vida de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), na turbulenta França após o fim da monarquia. Sua rápida e implacável ascensão a imperador é vista através de seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), sua esposa e verdadeiro amor.

Vindo do nada como um oficial de artilharia do exército francês durante a Revolução Francesa, o filme retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa retrata diversos momentos históricos, como a decapitação de Maria Antonieta até a invasão do Egito, quando permitiu que seus exércitos utilizassem as pirâmides de Giza como alvo para treino de pontaria.

Dirigido por Ridley Scott, responsável por produções inesquecíveis ao longo de quase 50 anos de carreira como Alien – O 8° Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), um dos meus filmes favoritos, Thelma & Louise (1991), Gladiador (2000), O Gângster (2007), Perdido em Marte (2015), O Último Duelo (2021) e muitos outros. O diretor constrói épicos como poucos, com grandiosas e impressionantes cenas de batalha. Em Napoleão, a ascensão e queda de Bonaparte nos altos escalões do governo francês é intercalada por importantes conflitos como o cerco de Toulon, as invasões à Rússia e a investida contra os ingleses em Waterloo.

O roteiro de David Scarpa traz um protagonista nostálgico, constantemente avaliador da própria vida, narrador de cartas sentimentais e dependente emocionalmente da esposa. Tecnicamente excelente, a fotografia de Dariusz Wolski aposta em sequências que enfatizam paisagens belíssimas e no vermelho-sangue das batalhas. Porém, o filme dilui as competentes cenas de ação em uma montagem confusa, que apresenta a vida de Napoleão de forma apressada e sem o devido contexto.

Com duas horas e meia, já foi anunciado um corte do diretor com 4 horas de duração que será exibido no streaming, o que explica os cortes na edição. Aliás, a trama foi bastante criticada no que diz respeito aos dados históricos retratados no filme, no entanto, a precisão histórica não pareceu uma preocupação para Ridley Scott. Prefiro deixar essa questão para os historiadores, meu assunto aqui é apenas o cinema.

Entre glória e fracasso, Joaquin Phoenix apresenta um homem falho e humano, que, entre estratégias brilhantes contra britânicos e russos, encontrou na esposa o relacionamento que assombrou sua vida. Afinal, o fato de Josephine não conseguir lhe dar um filho, um símbolo da continuidade de um império, desempenhou um papel fundamental na relação entre os dois. A química entre Phoenix e Vanessa Kirby é perfeita, com a atriz roubando a cena e sendo um dos grandes destaques da produção.

“França, exército e Josephine”, foram as últimas palavras proferidas por Napoleão Bonaparte antes de morrer. Possivelmente, as únicas três coisas que amou na vida. O filme faz questão de trazer essa passagem ao término de Napoleão, resumindo a produção nessas três palavras.

Em cartaz, Napoleão retrata o líder e estrategista militar com um olhar nostálgico e humanizado e, portanto, com falhas. Um épico que merece ser visto, preferencialmente, no cinema.

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Opinião

Decisão surpreendente a da prefeita!

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Foi surpreendente, e até chocante, ver a prefeita Paula Mascarenhas tentando na prática dar um terreno valioso do Município para a Associação Rural. Ela quer dar de mão beijada uma área da prefeitura do tamanho de 25 campos de futebol profissional (25 hectares), para que seja comercializada. Quer ceder a terceiros uma gleba pública, e daquelas dimensões, como se fosse propriedade sua.

O juiz Bento Barros não concordou com a transação. Mandou parar tudo e, em seu despacho, ainda mandou uns recados indiretos à prefeita. Mencionou a crise financeira da prefeitura e relembrou a ela da possibilidade legal de que venda (por licitação) o terreno que a Rural pretende comercializar, o que, no caso em questão, seria o lógico e esperado de um gestor atento ao interesse público.

A área toda da Rural foi doada pelo Município à Associação em 1959. Mas a lei de doação contém uma cláusula de salvaguarda.

O juiz Bento explica:

“A legislação estabelece que a sociedade beneficiária (Associação Rural) não poderia alienar o imóvel ou parte dele em nenhum momento, sob pena de caducidade da doação e retorno do imóvel, juntamente com todas as benfeitorias existentes, ao patrimônio do Município de Pelotas. Portanto, até o momento, o direito de dispor e reaver o imóvel é do Município de Pelotas, integrando o seu patrimônio.”

O terreno, em valor estimado ao redor de R$ 100 milhões, teria por finalidade um vultoso empreendimento imobiliário na Rural — não um fim social, como o originalmente previsto na cessão da área. Trata-se de um negócio que, se consumado, seria típico do Brasil, possível graças à mão caridosa e amiga do Estado. Pior é que o projeto de lei do Executivo autorizando a transação já tinha passado numa comissão da Câmara. Vereadores, que no papel são fiscais do interesse público, estão apoiando.

SABE LÁ DO QUE SE TRATA ISSO?

Há milhões de motivos para preocupações.

Ainda falta muito para o Brasil ser uns Estados Unidos, onde o empreendedorismo é tão admirado pelos nossos liberais. Se é que seria possível uma empreitada semelhante.

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