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Opinião

Que os sintomas voltem a ser dramas

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“A função do terapeuta é fazer com que os sintomas voltem a ser dramas existenciais” (Maurizio Andolfi)

Se você sente palpitações, sua frio e acha que vai morrer do coração, mas os médicos não encontram nada de errado nos seus exames, você está tendo um episódio de síndrome do pânico, uma das formas mais frequentes de ansiedade aguda nos dias de hoje.

Palpitações, suor, medo de morrer, são o que se chama de “sintomas”, enquanto a síndrome do pânico é o diagnóstico do seu tipo de transtorno. O que psiquiatras e psicólogos sabem é que os seus sintomas, antes de se tornarem sintomas, eram angústias, temores, conflitos, ou seja, emoções e pensamentos desagradáveis que você queria evitar, por isso eles foram tirados do seu pensamento e depositados no seu inconsciente.

Quando Anfolfi diz que “a função do terapeuta é fazer com que os sintomas voltem a ser dramas existenciais”, ele está dizendo que para que a terapia funcione é preciso descobrir o que está “´por trás” daquelas palpitações, do suor, do medo de morrer.

Trazer os conteúdos do inconsciente à tona, durante a terapia, para serem examinados num ambiente de empatia, onde se possam encontrar outras alternativas existenciais para aqueles sentimentos e ideias desagradáveis.

Se chama de “repressão” o mecanismo psicológico que faz com que uma vivência desagradável, em vez de ser resolvida, vá ser depositada, “escondida”, no inconsciente. Isso acontece desde a infância, são os sentimentos e pensamentos “não aceitos” no ambiente em que você vive, que são reprimidos e você “se esquece” deles, mas eles estão lá no fundo, bem guardados.

Uma criança se sente frágil e vulnerável diante dos adultos, necessita de afeto, cuidados, aceitação, assim começamos é que surge a “incongruência” entre o que vivenciamos e o que temos consciência. Por exemplo, não gostamos de algo, mas não é permitido não gostar. Ou o contrário, gostamos de algo, mas é “feio” gostar. Imagine qualquer coisa que você gostasse ou não na sua infância, mas isso não era permitido a você.

Lembro de uma sessão de terapia de família onde um paciente já adulto contava seus sintomas e o psiquiatra respondeu assim: “Isso não é nada, diante de ver sua mãe colocar o seu padrasto para dentro de casa”. O terapeuta captara os sentimentos de ciúmes do filho diante do novo relacionamento da mãe, mas ter ciúmes da mãe não era aceito socialmente.

Os exemplos são infinitos, pense nas suas emoções reprimidas, pense nos seus dramas existenciais, pense nos seus sintomas e observe se há uma associação entre as duas coisas. Os medicamentos e a psicoterapia são métodos para resolver sofrimentos que se apresentam como sintomas psiquiátricos mas que tem como pano de fundo sofrimentos humanos, profundamente humanos.

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Brasil e mundo

Mundo novo: uma grande confusão

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos 10 anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar? Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e — ainda mais depois da pandemia — nos demos conta de que passamos muito bem sem elas.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem administrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações. Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la. Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo. Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Cultura e entretenimento

Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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