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Brasil e mundo

UFPel: Uma aula aberta sobre política

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Devido ao mau tempo, a Reitoria da Universidade Federal de Pelotas cancelou um protesto contra o governo, que havia planejado para esta terça (11), no Largo do Mercado, mesmo dia de um ato de campanha eleitoral de Bolsonaro em Pelotas.

Para disfarçar o ato político em época eleitoral, chamaram-no de Aula Aberta. As atividades regulares seriam suspensas (aulas canceladas) para, indo à rua, “mostrar à comunidade os benefícios sociais das universidades e reclamar de bloqueios orçamentários na educação”. Era um pretexto para se contrapor com uma multidão à multidão que receberia Bolsonaro no Centro de Eventos.

Pegou mal, inclusive porque bloqueio não é corte e sim suspensão temporária de parte da verba, para analisar se é possível cortar ou não. E porque, após a proposital confusão semântica disseminada pela oposição, o bloqueio foi suspenso, anulando o mote oficial do protesto. Pior: como se descobriu, o evento foi acertado em áudios de terceiros à Reitoria. Conversas de WhatsApp de acadêmicos filiados ao PT em combinação com lideranças sindicais e líderes de partidos políticos do campo “progressista”, metáfora da esquerda para si mesma.

Essa ideia (de que progresso só é viável num governo de esquerda), não científica e sectária, é uma das razões da crescente antipatia pela mistura de política partidária e educação que, há décadas, domina a vida nas Universidades Públicas no Brasil. Por coisas assim, abstraindo os defeitos, muita gente simpatiza com Bolsonaro, vendo nele um primeiro estágio, naturalmente bruto, de uma necessária ruptura com um tipo de mentalidade que sufoca o pensamento livre e plural, muitas vezes em benefício da própria (e burguesa) carreira do “progressista” nas instituições.

Tentando manter a fachada, a Reitoria transferiu a Aula Aberta para quando não houver chuva. Descobriram tardiamente que choveria nesta terça, coincidentemente um dia após a Promotoria de Justiça dar 24 horas para a reitora explicar o evento. Ironia das ironias. Uma instituição científica, mesmo dotada do serviço de previsão meteorológica, foi incapaz de se antecipar às precipitações. Não foi de todo mal. Foi uma aula aberta sobre bastidores da política e poder.

Abaixo, pedido de explicações do promotor Márcio Gomes à reitora da UFPel, Isabela Andrade, um dia antes desta anunciar o cancelamento do protesto programado para esta terça.

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

1 Comment

1 Comments

  1. Alarico

    11/10/22 at 18:10

    Parabéns, Rubens.
    Na mosca, desta vez!

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Mundo novo: uma grande confusão

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos 10 anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar? Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e — ainda mais depois da pandemia — nos demos conta de que passamos muito bem sem elas.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem administrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações. Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la. Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo. Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Câmara aprova Mesa Diretora propor suspensão de mandato de deputado

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A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (12) resolução que autoriza a Mesa Diretora da Casa propor a suspensão cautelar do mandato de deputado federal, por até seis meses, por quebra de decoro parlamentar. A Mesa da Casa dirige os trabalhos legislativos e administrativos da Câmara, sendo liderada pelo presidente e formada por 11 parlamentares, sete titulares e quatro suplentes, todos eleitos para mandatos de dois anos.

De acordo com a nova resolução, que altera o Regimento Interno, a Mesa deve encaminhar a proposta de suspensão para análise do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que pode acatar ou não. A proposta inicial previa que a Mesa poderia suspender de forma cautelar o mandato de um parlamentar. O texto foi alterado depois de negociações entre os deputados. Agora, a Mesa tem a prerrogativa de propor a suspensão, o que antes não era permitido. 

O Projeto de Resolução 32/24 foi apresentado às lideranças partidárias pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na terça-feira (11). Segundo a Mesa Diretora, o objetivo do projeto é “prevenir a ocorrência de confrontos desproporcionalmente acirrados entre parlamentares”. No mesmo dia, os parlamentares aprovaram o regime de urgência de votação da proposta.

A resolução vem após discussões acirradas, trocas de ofensas e brigas entre parlamentares nas últimas semanas.

Para o relator do projeto, Domingos Neto (PSD-CE), a proposta é oportuna “tendo em vista os graves acontecimentos recentes, envolvendo insultos, ameaças, agressões físicas e verbais, incompatíveis com um ambiente democrático e com a urbanidade, a ética e o decoro”.

Pelo projeto, somente a Mesa Diretora poderá oferecer a proposta de suspensão do mandato, excluída a possibilidade de ser apresentada pelo presidente da Câmara.

Se o Conselho de Ética decidir pela suspensão, o deputado, alvo da punição, poderá recorrer diretamente ao Plenário. Caso o Conselho rejeite o pedido, apenas a Mesa Diretora poderá apresentar recurso ao plenário.

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