Bolsonaro reapareceu em evento nos Estados Unidos, fazendo um pequeno discurso, e simplesmente não disse nada de novo. Parece, um dia, ter decorado algumas frases e, papagaiando-se, repete-as à exaustão. A repetição, segundo Freud, é o instinto de morte no comando. No caso de Bolsonaro, tudo é pior pela pobreza da forma. Pelo visto, não analisou os motivos da derrota, nem reavaliou-se.
Continua a soar incerto. Se pensa por conta própria, não age como tal, pois, como se sabe, ele fala sem pensar e não pensa no que fala. É incapaz de ter insights, aquelas eurecas que são sinais de inteligência. Lembra um martelo batendo numa bigorna, satisfeito com o mesmo movimento e o mesmo som, como um boneco programado para esse único efeito.
Mesmo quando se defende, como no caso das joias sauditas, a resposta é instável. Não convence com a razão até quando é vítima de injustiças. Como carece de argumentos e clareza, falha na persuasão, e, como insiste em ser assim, parece culpado sempre. Está certo que políticos se alimentam de mágoas e recalques, mas não faz mal temperar as atitudes.
Piores foram as expressões faciais enquanto falava, o conhecido regozijo de si, a vaidade mal disfarçada, a suposta superioridade moral (nisso se parece com Lula), o ar de deboche juvenil, triste num homem de 67 anos, simplesmente incompatível com uma personalidade que se supõe adulta.
Bolsonaro parece um adolescente que não cresceu, preso numa etapa retroativa do desenvolvimento. Ultradefensivo, acossado por pulsões internas que não controla, talvez por obra e desgraça de um Superego severíssimo, hipervigilante, isso o atormenta, limita e prejudica. É o que me sugere.
Não sei qual é o problema, mas tem um. Todo mundo têm. Se fosse ele, sério!, procuraria um psicólogo e abriria o coração. Talvez conseguisse acessar áreas que parecem encobertas por medos tremendos, sublimados com arrogâncias, daí seu talento para viver em litígio com a vida. Um monte de gente procura ajuda, é cada vez mais comum. Mas será que ele possui condições de admitir suas limitações e lidar com seus fantasmas?