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Opinião

“Fumadores” de opinião

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Roni Quevedo *

Professor, Doutor, Palestrante – enfim, personagens formadores de opinião.

A situação é deveras confusa.

Eles emitem pareceres, afirmações, julgamentos e, ao mesmo tempo, curtem comprometedoras baforadas no cigarro, num cachimbo ou mesmo num charuto.

A fumaça destes objetos agressivos como seus qualificados e descuidados usuários, infestam o ambiente. Tanto físico quanto mental.

Suspeita-se que usem estes utensílios também como marketing pago.

Para si ou para quem? Esta é a dúvida.

Ao apresentarem-se com um destes acessórios contaminados e contaminantes, o que eles realmente estão fazendo?

Quem sabe estão pedindo ajuda!?  Dependentes, fraquejando frente a uma química lícita que lhes transformou o modo de vida…

Será que estão fazendo propaganda do produto? Vendendo sua qualificação? Ou eles nem sabem o que “tragam”?

A presença no tabacp de substâncias “psicoativas” causam mudança no comportamento, comprometem a estrutura e a função cerebral. Camuflando o livre arbítrio. Por isto são denominadas psicoativas.

Eles já deveriam saber disto.

São Pensadores provavelmente tenham uma justificativa razoável, plausível ou até mesmo tão complexa que escapa ao nosso entendimento. Protegem-se com o chavão do “livre arbítrio” do direito individual sem pensar no coletivo.

Certa feita fui questionado por um adolescente universitário. Era aluno de um Professor hiper graduado mas, infelizmente, um forte dependente da nicotina.

O argumento do jovem estudante:

– Será que posso acreditar na opinião / orientação / aconselhamento, etc, etc, etc deste Titulado?

Com esta referência de nicotina-dependente, ele está seriamente comprometido. Inadequado. Que segurança poderá passar?

O que ele diz, será resultado dos efeitos da química existente na composição do fumo, ou resultado de sua conceituada formação?

Segue o estudante. Por vezes me pergunto se ele está consciente da mensagem de duplo sentido que verbaliza. Coisa tipo doce-amargo. Morde-assopra.

Ele é inconsequente, irresponsável ou patrocinado pela indústria do fumo?

Roni Quevedo é médico.

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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Opinião

Ainda sobre a bomba e o duto do Lagos de São Gonçalo

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Certamente foi o tempo. Passei a gostar da palavra Equilíbrio e de seu significado. Nesta crise das enchentes, o trabalho voluntário tem sido admirável, comovente. Mas estamos vendo que o Estado tem sua importância também.

Além dos voluntários, em Pelotas o poder público tem agido e merece esse reconhecimento, não só com a prefeitura, a Universidade Federal e as forças de segurança, mas também com o Ministério Público. O caso do condomínio Lagos de São Gonçalo parece um bom exemplo – simbólico.

Fosse um regime totalmente liberal, com estado mínimo e a sociedade determinando seus rumos por si mesma, aquela lamentável bomba e aquele lamentável duto destinados a canalizar a água de dentro do condomínio de alto padrão para fora de seus muros, em prejuízo de comunidades mais carentes economicamente, talvez passasse como algo aceitável.

Não seria aceitável, porém. Não é aceitável.

O Estado agiu rápido, tomando providências.

A prefeitura informou que não deu autorização para a obra, que, construída à revelia do Estado, infringiu a lei ambiental, além de ferir preceitos de ordem moral e convivência desejados numa sociedade civilizada. A polícia registrou a ocorrência e está apurando o caso. E as conclusões da investigação servirão de base para que – como adiantou a Promotoria de Justiça – esta processe os autores da ideia da bomba e do duto.

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Opinião

Artigo: Rio Grande do Sul — o pior está por vir?

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Coronel Paulo Mendes *

A tragédia de proporções inigualáveis que atingiu o Rio Grande do Sul faz com que seja relevante uma reflexão no sentido de arguirmos como será depois da atual fase dos resgates que hoje vivemos, na qual, por óbvio, a prioridade é salvar vidas, sejam elas humanas ou não.

Quando se fala em tragédias climáticas, uma é diferente da outra, mas é senso comum que as imagens do Rio Grande do Sul muito se assemelham com o que vimos em New Orleans (EUA), quando aconteceu o Katrina. Lá, depois de passada a inundação, havia um efetivo humano de milhares de pessoas completamente sem água e sem comida que, no desespero, saiam para as ruas, furtando e roubando da maneira que lhes fosse possível.

A violência urbana aumentou consideravelmente, motivada principalmente pela falta de abrigos e pela fome. Logo, é lícito e razoável pensarmos em um quadro futuro de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), onde militares possam ir para as ruas atuar em operações tipo polícia, impedindo o incremento dos saques e outros crimes que possivelmente poderão ocorrer.

É natural, também, que as pessoas não queiram se afastar geograficamente das regiões onde sempre moraram; há um fator anímico nisso, completamente justificável. Há que haver um projeto de reconstrução, de médio e longo prazo, que deve buscar manter as pessoas onde elas moravam, contribuindo para sua saúde emocional.

Não se pode esquecer que, quando a água baixar, a sujeira e a contaminação, inclusive advinda de cadáveres de animais mortos, poderão ensejar uma crise sanitária. Nos EUA, foram inúmeros os casos de leptospirose, tétano, hepatite A e doenças diarreicas agudas (principalmente causadas por consumo de água contaminada). Além disso, o ambiente com destroços e entulhos aumenta o risco de acidentes com animais peçonhentos, como aranhas, escorpiões e cobras.

A saúde mental, tanto dos atingidos, quanto dos policiais, bombeiros, militares e voluntários envolvidos na crise é outra questão importante. Um evento traumático como esse, que atingiu os gaúchos, pode causar grave sofrimento nas pessoas, afetando de forma significativa a qualidade de vida. Em alguns casos a desordem tende a persistir podendo evoluir para um quadro de transtorno de estresse pós-traumático, gerando consequências danosas, incluindo o desenvolvimento de outras psicopatologias imediatas ou no longo prazo. No Katrina, a ideação suicida foi uma realidade dura e presente no pós-tragédia.

Certamente, na sequência dos eventos no Rio Grande do Sul, haverá a necessidade da instalação de um “centro de comando pós-tragédia” para administrar o número de refugiados que será muito grande. Essas pessoas vão precisar passar por uma triagem, na qual seu estado de saúde seja avaliado, tanto sob o viés físico quanto mental. Por óbvio, uma força de trabalho de profissionais de saúde, equipamentos de diagnóstico e tratamento; bem como um adequado estoque de medicamentos será necessário. Isto não se resolverá com a rede de saúde atualmente existente.

Por derradeiro, e com máxima honestidade intelectual, digo que agora é a hora de todos “entrarem em jogo”, independentemente de previsões legais e percepções políticas diferenciadas. Não devemos ser alarmistas, atitude que é inócua, mas sim devemos ser prudentes, lúcidos e tentar planejar as ações para o pior cenário, o qual oxalá não aconteça.


* O coronel Paulo Mendes é gaúcho de Erechim. Na carreira militar, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1995. De 2019 a 2022, foi assessor militar na vice-presidência da República, atuando na análise de temas institucionais.

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