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Opinião

Síndrome de Frankenstein. Por Neiff Satte Alam

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“Antes, o futuro era apenas a continuação do presente, e avistavam-se transformações no horizonte. Mas agora o futuro e o presente se fundiram.” Stalker, Andrei Tarkovski

Construção do conhecimento.

Construtivismo e “construcionismo”. Percebe-se que a proposta pedagógica de Piaget evoluiu com a utilização da lógica da informática sobre a lógica da construção do conhecimento por ele proposta. Ao fundir estas duas lógicas, o construtivismo passa para “construcionismo” – máquina e homem, neurônios e cibernética, o orgânico e o inorgânico fundindo-se em um procedimento de interação que surpreenderia o próprio Piaget se pudesse avaliar hoje o resultado dessa interação, o mesmo poderia dizer-se de Vigostky.

Avançando nesta ideia, buscando no passado os anseios humanos de se superar frente a natureza e seus obstáculos, verifica-se uma curiosa síndrome, a Síndrome de Frankenstein, onde o homem vem procurando reproduzir sua forma e estrutura desde os tempos mais remotos, inicialmente de forma mitológica, o homem construído do barro e a mulher da costela deste, hoje tentando copiar direto da informação genética (clonando). Mas é através da construção de máquinas – os robôs – pela linha cibernética, que tem conseguido o maior de seus sucessos. Transformar a máquina em um prolongamento de seus sentidos e membros, principalmente porque a lógica da cibernética e a lógica dos neurônios são as mesmas, assim como os princípios físicos que transmitem os estímulos nervosos e os que comandam os controles remotos e as operações das máquinas – a eletricidade.

Embora ambas as lógicas tenham início em pontos diferentes, evoluem como duas retas que convergem para o mesmo ponto – a robótica do futuro, homem e máquina em interação harmônica. A máquina passará a ser o conjunto de periféricos que faltam ao homem para dar vazão ao seu potencial de cognição, que não encontra respaldo nos “periféricos naturais”, orgânicos.

Além de tudo isto, através da robótica podemos buscar novas alternativas e/ou caminhos para obter resultados diferentes dos que obteríamos com a utilização dos meios convencionais em nossas práticas pedagógicas.

Permite-nos a robótica, desde suas primeiras e mais simples tarefas, auxiliar o aluno na compreensão dos mais elementares princípios da Física, Química e Biologia e, dando-lhe seqüência, entender Ética, Filosofia, Sociologia e compreender os caminhos temporais da História e os caminhos espaciais da Geografia, mais do que isto, estabelecer conexões e contextualizações renovando um processo de síntese entre a continuidade e a novidade.

Na tarefa mais simples de entender a lógica da construção de um robô estaremos utilizando um conjunto enorme de conceitos que nos levarão a construir novos conceitos. Está aí um procedimento pedagógico que nos incita a criar, a transformar informações em conhecimento e chegar a novas informações. Ensina-nos até a entender a estupidez humana e como “desligá-la”:

“O minilaboratório Viking, lançado da nave espacial Viking em Marte para apanhar amostras do solo tinha dois computadores com programação idêntica. Antes do laboratório automático pousar em Marte, porém, houve complicações porque os computadores começaram a enviar sinais diferentes.Outro computador na Terra administrou um teste de inteligência aos dois aparelhos da Viking e desligou o “mais estúpido!” – Azimov, O Livro dos Fatos.

Em tudo isto há a evidência de que o homem busca retratar-se, ou a outros animais, quando pensa seus robôs, até mesmo na tarefa de colocar informações nas suas máquinas. Se a máquina é muito complexa necessita de mais informação, assim como os seres vivos. Com instruções pré-programadas, em seus computadores, em número de alguns milhões de informações, o minilaboratório Viking, citado por Azimov e que comentamos antes, tinha mais informações que o DNA de uma bactéria e menos que o DNA de uma alga.

Embora estejamos abordando as qualidades pedagógicas de um robô, é natural não esquecermos da importância de sua utilidade prática, isto é, que obedeça a característica humana, e esta é exclusiva da espécie, de que tem que atender ao “significado” que damos a todas as formas, estruturas e processos. Isto deixa os robôs menos humanos e os homens mais humanos

* Neiff Satte Alam é professor Universitário Aposentado – UFPEL Biólogo e Especialista em Informática na Educação.

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Brasil e mundo

Mundo novo: uma grande confusão

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos 10 anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar? Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e — ainda mais depois da pandemia — nos demos conta de que passamos muito bem sem elas.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem administrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações. Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la. Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo. Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Cultura e entretenimento

Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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