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Opinião

Lockdown em Pelotas: Quais vidas estão em primeiro lugar?

“Inacreditavelmente, na prestação de contas de 7 de agosto último, referentes à primeira parte dos recursos da União (R$ 22 milhões) já recebidos pela Prefeitura de Pelotas, pouco mais de R$ 2,4 milhões foram destinados à saúde e assistência social, enquanto o restante (R$ 19,6 milhões) foi utilizado para outros fins…”

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Rodrigo Sousa Costa, vice-presidente da Federasul

Rodrigo Sousa Costa

A vida está em primeiro lugar e não há dúvidas sobre isto, porque partimos dela para prover nossas famílias com alimentos, moradia, saúde, segurança e tudo que é essencial.

Lamentavelmente, sob o argumento de que a vida é prioridade, trabalhadores, sob os mais rígidos protocolos de biossegurança, foram impedidos de trabalhar, de gerar os meios para sustentar suas famílias.

Em Pelotas, com 30 leitos disponibilizados para a Covid-19 e 28 pacientes internados, a Prefeitura decretou um lockdown de 64 horas, proibindo a circulação de pessoas nas ruas a pé ou em seus próprios carros.

Inacreditavelmente, na prestação de contas de 7 de agosto último, referentes à primeira parte dos recursos da União (R$ 22 milhões) já recebidos pela Prefeitura, pouco mais de R$ 2,4 milhões foram destinados à saúde e assistência social

Pelotas, com orçamento em torno de R$ 1,2 bilhão, dispõe de duas faculdades de medicina e um quadro de médicos exemplar mas mesmo assim, apesar dos esforços de profissionais da saúde, todos os invernos sofre com pacientes amontoados nos corredores de um Pronto Socorro Regional, por um problema histórico não enfrentado.

Numa doença em que pacientes morrem por falta de leitos de UTI, os recursos deveriam ter sido aplicados naquilo que poderia salvar vidas, a construção de novos leitos de UTI, especialmente com os mais de R$ 44 milhões destinados a Pelotas pelo governo federal em função da pandemia.

Inacreditavelmente, na prestação de contas de 7 de agosto último, referentes à primeira parte dos recursos da União (R$ 22 milhões) já recebidos pela Prefeitura de Pelotas, pouco mais de R$ 2,4 milhões foram destinados à saúde e assistência social, enquanto o restante (R$ 19,6 milhões) foi utilizado para outros fins, como cobrir a queda na arrecadação, pagando a folha de pagamento, auxílio alimentação, limpeza urbana ou requisição de pequenos valores da Prefeitura.

Com os R$ 44 milhões da ajuda federal seria possível construir mais de 100 leitos de UTI em hospitais filantrópicos já existentes e estaríamos enfrentando a pandemia com 130 leitos de UTI e um legado para uma cidade que há anos perde vidas pela falta de infraestrutura em saúde.

Quando cidadãos são proibidos de sair às ruas para garantir seu sustento porque faltam leitos, e constatamos que os recursos federais que vieram foram usados para pagar a folha dos servidores públicos, resta uma só pergunta: Quais vidas estão em primeiro lugar?

* Artigo publicado originalmente no Correio do Povo e nas redes sociais do autor.

Prefeitura presta contas do que fez com ajuda federal de R$ 44 milhões

 

 

3 Comments

3 Comments

  1. Luis Henrique Dias

    12/08/20 at 20:27

    Diante da crise sanitária global, não seria Pelotas a afortunada ilha da imunidade! Mas a realidade se torna bem mais complexa quando dedicamos poucos minutos e neurônios na análise dos fatos. Tão certo quando o vírus, questionar o pagamento dos servidores nesse momento em nada contribui no combate à pandemia, além de soar agressivo e injusto.

  2. Claudio

    12/08/20 at 18:25

    O governo federal determina o destino do dinheiro ou cabe ao município?

  3. Paulo Osorio

    12/08/20 at 17:21

    Se dinheiro fosse a solução para o problema os Estados Unidos já teria resolvido.
    Estamos vivendo um grande problema de saúde, onde a solução não se resume a dinheiro.
    Precisamos de profissionais capacitados, que não estão disponíveis no mercado.

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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