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Cultura e entretenimento

Comercial pediu devolução de obras da Pinacoteca do Clube sob guarda de museu

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Buscando esclarecer um questionamento feito por Henrique Pires, jornalista e ex-secretário federal de Cultura, sobre a possível venda de obras da Pinacoteca do Clube Comercial, desde 2018 sob guarda do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o Amigos conversou com o diretor do Museu, professor Lauer dos Santos.

As obras da Pinacoteca do Comercial continuam sob a guarda do MALG?

A quase totalidade, sim. Em 1º de dezembro último, fomos procurados pelo presidente do Clube Comercial, Hipólito Ribeiro, e por um representante jurídico do Clube, advogado Cláudio Amaral. Solicitaram a devolução de quatro das 38 obras totais da Pinacoteca do Clube sob guarda do museu – dois quadros de Aldo Locatelli, um de Leopoldo Gotuzzo e um de Pedro Weingartner. Lembramos que, para isso, conforme o termo de comodato (guarda do acervo) assinado entre Clube e MALG, seria necessário um pedido por escrito de devolução e um laudo técnico nosso. Os dois procedimentos foram feitos.

O termo de comodato prevê mais algum procedimento formal por parte da UFPel para liberar as obras além do pedido de devolução por escrito e do laudo técnico do MALG?

Não.

O MALG entregou as quatro obras?

No dia 23 de dezembro último, após assinatura do laudo técnico e do termo de devolução, uma obra foi devolvida. A obra O Ancião, de Gotuzzo. Entregue a Hipólito e Cláudio. Eles retiraram a obra. Assinaram o pedido e o laudo de recebimento.

O MALG deu ok formal para liberar as outras três obras pedidas?

Sim. No momento, levaram apenas a obra citada, O Ancião. Eles desistiram de retirar as outras neste momento. Poderão pedir novamente, ou não, essas ou quaisquer obras ou todas elas.

Quais são as outras três obras?

Duas do Locatelli e uma do Weingartner.

Houve alguma manifestação do Comercial em relação às demais obras da pinacoteca do Clube?

Formal, não. Recebemos a visita de Antonella Caringi, que, segundo o Comercial, está trabalhando em parceria com o Clube. Ela fotografou as quatro obras citadas.

Formalmente foi dado motivo para o pedido de devolução?

É um direito do Clube requerer a devolução das obras. O termo de comodato estabeleceu que este poderia ser suspenso por qualquer das partes, pelo MALG, guardião das obras, ou pelo Comercial, proprietário delas. E que, em caso de suspensão, as obras deveriam ser devolvidas ao proprietário.

O pedido de guarda foi feito por qual motivo?

O Clube solicitou que o MALG abrigasse as 38 obras, um conjunto de obras de Aldo Locatelli, Leopoldo Gotuzzo, Pedro Weingartner, entre outros, a fim de preservar o conjunto pictórico e histórico, já que o clube passava (passa) por obras. O comodato foi assinado com duração de um ano e renovação anual automática.

O poder público restaurou alguma obra?

Não. Nós fizemos o laudo técnico para entrada das obras no Museu, higienizamos cada uma e as expusemos nas nossas galerias.

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Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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O charme do outono. Por Geraldo Hasse

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Esse tempo chuvoso me transportou automaticamente para a salinha do teletipo nos fundos da redação do Diário Popular. Eu cursava o terceiro ano noturno de jornalismo e ganhava um salário vespertino para traduzir telegramas que chegavam em espanhol via Agência France Presse (AFP). Também pela mesma máquina vinham notícias da Agência JB, mas essas não era preciso traduzir, vinham em português de boa qualidade (na época, o Jornal do Brasil era um modelo de jornalismo, atividade hoje subalterna ao marketing).

O teletipo foi a atração daquele ano no jornal, que se considerava portador de uma revolução redentora dos costumes da região. Às vezes um dirigente da empresa aparecia na salinha rebocando um visitante supostamente interessado em conhecer o aparelho mágico. Eu, mero coadjuvante, nem sempre chegava a ser apresentado. Era um mero acessório da máquina, o zé ninguém da redação. Mas quem municiava o jornal com o noticiário nacional e internacional? Era eu e ninguém mais.

O teletipo passou o ano inteiro cuspindo principalmente reportagens sobre a guerra do Vietnã; certo dia, trouxe a notícia da morte em estranho acidente aéreo no Ceará do marechal Castello Branco, o primeiro chefão do governo militar; semanas depois, morria fuzilado na selva boliviana o revolucionário argentino Che Guevara. E eu ali na solidão da salinha 3 x 4 vivendo e aprendendo sobre a marcha da civilização.

Nos intervalos daquele matraquear incessante, eu lia os grandes poetas brasileiros editados pela Editora do Autor e me animava a escrever versos que nunca foram publicados mas ainda não desapareceram da minha memória (lá vai):

“Eu te ofereço meus ternos versos,

são o presente mais puro que te dou:

são beijos em minha boca imersos,

sobras do banquete que acabou”.

O que deveria ser um soneto não passou de uma quadrinha. Faltava não apenas inspiração, mas tempo para ir além do trivial. Fora o tactac do noticiário, havia as distrações do ambiente. O céu cinzento, a umidade impregnando paredes e os telhados gotejando a chuva intermitente me desviavam para cenas inesperadas.

Lembro que através da vidraça da janela eu via numa árvore já sem folhas — um cinamomo, provavelmente — algumas pombas encolhidas sob a chuva: pareciam “corvos de cinema” (estávamos ainda sob o impacto do filme Os Pássaros, no qual a pobrezinha da Tippi Hedren, indefesa, era atacada sem motivo aparente por bandos de aves negras amestradas pelo terrorista Alfredo Hitchcook).

Por tudo isso, senhoras e senhores, o outono, mesmo com chuva, continua encantador. Em Pelotas e em outras latitudes.

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