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Opinião

“Amigo é quem vê em você qualidades que você ainda não tem”, como dizia Chico Xavier

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Você precisa de amigos que ouçam sem lhe julgar. Que mesmo não concordando, lhe compreendam.

Você precisa de liberdade para falar sem ser distorcido, sem usarem suas próprias palavras contra você. Que captem suas melhores intenções, ao invés de imaginarem motivações negativas. Que lhe respeitem nas divergências e mesmo quando as diferenças forem grandes, que a amizade sobreviva apesar disso.

“Amigo é quem vê em você qualidades que você ainda não tem”, disse uma vez o Chico Xavier, sinalizando que estamos em evolução e um dia seremos merecedores de pensarem bem de nós. Esse “julgamento benigno” é uma dádiva no mundo competitivo de hoje, saber que existe quem vê qualidades que nem nós mesmos acreditamos ter. Mas nem precisa tanto, sermos gostados com nossos defeitos talvez seja melhor ainda.

Ser egocêntrico é fácil e instintivo, pensar só nas próprias necessidades é o mais comum. Ser capaz de se colocar no lugar do outro é que faz a diferença, porque precisamos que alguém faça isso por nós. O que você precisa é o mesmo que eu preciso, ninguém pode viver sem empatia, sem alguém que se importe com nossos sentimentos. Empatia é um nome “científico” de se interessar pelo bem estar do outro, a base de todas as formas de afeto.

A ciência já provou que ninguém vive sem afeto, crianças no primeiro ano de vida tem uma mortalidade maior quando tem menos atenção, constataram estudos feitos em hospitais. A depressão pode matar de muitas maneiras, uma delas é a inibição do sistema imunológico, que predispõe a doenças. Outro perigo é a pessoa crescer revoltada, conflituada, o que significa maior risco de vida numa sociedade violenta como a nossa.

Sociólogos apontam que na sociedade de massas, das superpopulações urbanas, os relacionamentos são cada vez mais superficiais, descartáveis. Precisamos ser “aceitos pelo grupo” e isso nos coloca em oposição a outros grupos que pensam diferente e disputam espaço. Mas o que você precisa continua sendo o mesmo que o outro precisa.

© Montserrat Martins é médico psiquiatra

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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Brasil e mundo

Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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