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Opinião

Entrevista com Paula sobre a Cosip, tributo pela iluminação de LED

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Conversei com a prefeita hoje sobre a Cosip (Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública), tributo previsto em um projeto-de-lei da prefeitura que será votado na Câmara de Vereadores na próxima quarta-feira (11), associado a outro projeto, este autorizando o Executivo a firmar uma Parceria Público Privada.

O projeto de PPP precisa ser aprovado para viabilizar a Cosip, porque o valor a ser arrecadado com este tributo será empregado, entre outras coisas, para remunerar a empresa privada a ser encarregada, por contrato, de instalar e manter na cidade um sistema de iluminação LED, lâmpadas de maior brilho e maior alcance. A iluminação atual é majoritariamente obtida por vapor de sódio.

“A noite vai virar dia”, promete a campanha publicitária, que fala numa cidade mais segura.

Se a Cosip for aprovada, significará uma injeção anual de recursos entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.

Algumas críticas dão conta de que seu governo quer usar a Cosip para pagar a dívida do município com a CEEE. Procede isto?

Não procede. É preciso separar as coisas, pois são diferentes.

Há muitos anos, desde governos passados, Pelotas acumulou uma dívida com a CEEE, hoje em cerca de R$ 80 milhões, segundo a Companhia.

A CEEE começou a cobrar do município no governo Marroni, que pagou por um tempo, mas em certo ponto deixou de fazê-lo. Já o governo Fetter contestou os cálculos. Assim, a questão permaneceu em suspenso, sem uma solução.

Hoje temos buscado chegar a um acordo, solicitando, primeiramente, que a CEEE nos forneça uma memória de cálculo, um histórico que explique como chegaram ao valor da dívida em R$ 80 milhões, pois discordamos dele.

Segundo os nossos cálculos, a dívida é menor, R$ 40 milhões, metade do que a CEEE tem como montante devido. Pois bem….

Voltando à Cosip, sendo aprovada, não será utilizada para pagar a dívida com a CEEE, até porque isso não é permitido.

Em que seria empregada a Cosip?

Pelo fornecimento de energia à cidade, nós pagamos mensalmente à CEEE cerca de R$ 700 mil.

Com os projetos prevendo a instituição da Cosip e a possibilidade de firmar uma PPP para o serviço, nossa ideia é utilizar a nova arrecadação em três frentes: para pagar pelo fornecimento mensal de energia pela CEEE (os R$ 700 mil), para custear os serviços da empresa que vier a instalar a nova iluminação de LED na cidade e para fazer investimentos em outras áreas da administração.

Já para pagar a dívida com a CEEE, não será possível usar a Cosip porque há impeditivos legais para isso. Sendo assim, é um equívoco quando dizem que queremos aprovar a Cosip para pagar a dívida com a CEEE.

Com aprovação da Cosip, porém, vai sobrar R$ 700 mil mensais (pagos hoje pelo fornecimento da energia e que deixariam de ser pagos). Essa sobra poderia ser utilizada para pagar a dívida com a CEEE?

Sendo aprovada a Cosip, sobrará R$ 700 mil por mês. Vamos deixar de ter esse gasto, um montante, esse sim, que poderá vir a ser usado para quitação parcelada da dívida, além de atender demandas da comunidade.

Aproveitando, gostaria de enfatizar que não fui eu quem contraiu essa dívida. Ela vem lá de trás.

Gostaria de lembrar também que fui a primeira prefeita, numa sucessão de governos recentes, a pagar o valor efetivamente gasto pela cidade todo mês com energia; porque antes pagavam apenas uma parte da conta à CEEE, rolando dívida.

Nós regularizamos o pagamento mensal. No meu governo, aliás, terminou o litígio judicial da CEEE, que cobrava da prefeitura o devido pagamento correspondente ao fornecimento mensal.

Já sobre o passivo entre 80 e 40 milhões com a CEEE, precisamos todos entender que essa dívida um dia terá de ser quitada. Muitas vezes as pessoas não querem um novo tributo, compreendo isso, mas precisamos ter em mente que logo ali obrigatoriamente pagaremos o preço de não termos aprovado a Cosip, tendo de enfrentar uma dívida milionária que vai recair sobre todos nós. Eu me preocupo com essa dívida, porque diz respeito a toda a população.

Seus críticos dizem que, em vez se criar a Cosip, a senhora poderia reduzir o número de cargos de confiança. O que pensa disso?

Se eu demitisse todos os ccs, sobraria um recurso considerável (em outubro a prefeitura pagou R$ 1,3 milhão a 372 pessoas em cargos de confiança). Contudo, não há governo que não tenha ccs. No sistema de governo de coalizão que temos no Brasil, se o governante não abre espaço aos partidos, não governa. Meu papel não é o de transformar o sistema político, mas sim governar. E, mesmo assim, vale lembrar, por vezes enfrento dificuldades em algumas matérias, já que a adesão no Legislativo não é total.

A senhora não acha excessivo o número de ccs?

Na história recente, do governo Anselmo (Rodrigues, PDT) para cá, nosso governo foi o que menos comprometeu a folha com os cargos de confiança. O que menos gastou com ccs, cuja existência, diga-se, é prevista na Constituição Federal.

Vale lembrar ainda que os chamados ccs são muito importantes, pessoas que têm um compromisso total com a administração; que ultrapassam o horário convencional de trabalho, dedicadas 24 horas por dia.

Qual sua expectativa para a votação dos projetos?

Quando as pessoas compreendem os benefícios da Cosip e da PPP para a cidade, elas aprovam. Senti isso nas conversas que tive com várias pessoas e segmentos, como fiz com vereadores, empresários (da Aliança Pelotas, que na maioria é contra a Cosip) e a sociedade, conversas em que expliquei que os benefícios serão para todos e lembrando, inclusive, que os menos favorecidos ou não pagarão pelo serviço ou pagarão muito pouco por ele, de qualquer forma um valor ínfimo diante dos benefícios. Os projetos-de-lei estabelecem que o sistema seja implantado e operado pela iniciativa privada, em regime de contrato, com segurança jurídica, prevendo por exemplo que a empresa seja penalizada caso não venha a prestar o serviço adequadamente. Nosso propósito é começar a instalação da iluminação de LED pelos bairros, pensando sobretudo em aumentar a segurança. E, logo depois, estender para as demais regiões. Por tudo, estou otimista para a votação. Torço para que a Câmara compreenda o significado.

Por fim, o salário dos servidores poderão ser pagos com a Cosip?

Há uma manifestação do Tribunal de Contas do Paraná nesse sentido, e nada foi judicializado sobre isso. Pode-se. A Cosip pode ser usada para pagar servidores, desde que vinculada ao serviço de iluminação pública.

Paula recua e adia votação de projetos da taxa de iluminação e da PPP

PSB PELOTAS CONTRA A TAXA DE ILUMINAÇÃO

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

2 Comments

2 Comments

  1. Jorge Boris

    11/12/19 at 11:08

    Parabenizo pelo lúcido e brilhante comentário.
    É lamentável,mas nossa Cidade está na contramão do progresso.
    Não temos preferencias partidárias,mas,nota-se a carência de competência administrativa.

  2. JUNIOR

    09/12/19 at 22:22

    Boa noite!! Com todo respeito ao proprietário do site, que realizou sua função como Jornalista, mas não esperava que a Prefeita dissesse algo diferente do que um POLÍTICO diria, até mesmo com comparações com governos passados. Todos sabemos o que é o Cosip, todos sabemos para que servem os CCs, todos sabemos o que NÃO FAZEM. Os leitores sabem tudo o que se passa por trás desse Tributo. O cidadão não quer, não vai e não pode pagar e/ou aceitar a aprovação dessa VERGONHOSA forma de arrecadação para cobrir rombos, desmandos e privilégios para alguns de péssimas administrações e que vereadores que não pensam na população. O que muito me admira são os CCs e vereadores que se esforçam para a aprovação, sendo que estes serão muito penalizados, junto com suas famílias, pela conta pesada que vai chegar nas faturas de Energia. Importante, seria OUVIR a população.

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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Brasil e mundo

Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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