As milícias identitárias conseguiram o que parecia impossível: reabilitar concurso de miss.
Lembra aquele certame (concurso de miss era uma ocasião única para usar a palavra “certame”) em que se reforçavam padrões de beleza inalcançáveis para a maioria das mulheres? Pois é, esse mesmo.
Nunca houve uma miss com 1,55 m. Ou com 98 kg. Sabe aquelas (supostas) duas polegadas a mais da Marta Rocha? Nem de quadris generosos a miss podia ser. O quadril tinha que ser proporcional ao busto (mulheres tinham peitos: misses – e atrizes – tinham busto).
Até hoje, miss não pode ser casada (tem que estar “disponível”). Não pode ter 30, 40 anos de idade (tem que ser “jovem”). Querer que fosse virgem sempre foi pedir demais, mas não pode estar grávida, nem ter tido filhos.
E, claro, tem que transbordar feminilidade. Ser bela, recatada e do lar.
Concurso de miss era coisa do século passado, do tempo da Vemaguete, da televisão em preto e branco, dos maiôs Catalina, do Pequeno Príncipe.
– Quem é o responsável pelo seu guarda-roupa? – Um marceneiro lá de Itabirito mesmo.
– Qual seu prato favorito? – Colorex.
Isso era concurso de Miss.
Tinha torcida organizada. Nos reuníamos em volta de uma Telefunken numa corrente de fé pela Miss Viçosa (que nunca chegou às eliminatórias do Miss Minas Gerais). Depois, pela Miss Minas Gerais (que dificilmente chegava à semifinal do Miss Brasil). E finalmente, pela Miss Brasil – com direito a buzinaço quando Marta Vasconcelos ganhou o título, num lugar do qual eu nunca tinha ouvido falar, chamado Miami Beach (ainda não havia essa intimidade de hoje, de se tratar Miami Beach só pelo primeiro nome).
[A memória pode estar me pregando uma peça, mas acho que Sérgio Mendes tocou “Mas que nada” no evento, dando um espóiler (ainda não havia espóileres) de que finalmente chegaríamos lá.]
Depois as misses foram saindo de moda (criticadas pelas feministas) e as modelos foram tomando seu lugar (também criticadas pelas feministas). Descobrimos que concurso de miss era machista, que objetificava a mulher etc.
A última Miss Brasil de que tive notícia foi a Vera Fischer. Foi também a primeira vez que li uma crítica racial: loura e de olhos claros, ela “não representava a mulher brasileira”.
Fiquei curioso para saber o que dirão (ou já dizem) as feministas a respeito, agora que mulheres negras dominam os “certames”. Imagino que tenham outro discurso: o concurso ajuda no empoderamento, na autoestima, tem representatividade – em breve estará aceitando trans (se é que já não aceita), e mulheres com mais de 50, acima do peso…
Parece que as perguntas são sobre política, história, aquecimento global, não mais futilidades. Ainda assim, o concurso só é notícia quando entregam a faixa para a miss errada. Ou quando a escolhida não é branca.
Cheguei a ver de perto uma miss, quando eu tinha 10 ou 11 anos, mas diziam que o título tinha sido comprado, porque ela era filha do prefeito (ou seja, é possível que fosse intriga da oposição). Me lembro dela, de faixa e coroa, empoleirada na carroceria de um caminhão, acenando daquele jeito que só as acenam as misses e os chefes de Estado no topo da escadinha do avião.
As misses se tornam eternamente responsáveis por tudo aquilo que cativam.
∇
Eduardo Affonso é colunista de O Globo. Com autorização dele, republicamos no site textos de seu facebook.
A partir de 2024, o 6 de Junho será celebrado em todo o Brasil como o Dia Nacional da Doceira. O PL 6328/19, de autoria do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB-RS), foi sancionado pela Presidência da República e publicado na edição desta quarta-feira (06/12) do Diário Oficial da União.
A data, segundo o deputado, é um reconhecimento à atividade que se destacou, principalmente, na Zona Sul gaúcha, por colaborar com o reconhecimento e a expansão do setor dentro da economia do país. Coincide ainda com a realização da Feira Nacional do Doce (Fenadoce) no município de Pelotas.
A iniciativa do deputado demorou quatro anos para se tornar lei. Foi apresentada em 9 de dezembro de 2019, tramitou pelas comissões da Câmara até chegar ao Senado em 2023, onde teve o parecer aprovado na Comissão de Educação, Cultura (CE) e Esporte em caráter terminativo. Foram 18 votos favoráveis e nenhum contrário.
A assessoria do deputado diz: “Trzeciak comemorou o reconhecimento da data pela valorização das mulheres que se dedicaram no passado e transmitiram, de geração em geração, um legado que se consolidou e transformou a Zona Sul do Estado no berço da produção doceira do Brasil, assim como aquelas que, atualmente, preservam essa tradição”.
Na justificativa do projeto, Trzeciak argumentou: “Quando o mercado do charque entrou em crise, foram elas (doceiras) que abandonaram seus postos de cuidadoras do lar para arcar com parte do orçamento familiar, lançando mão sobre a única habilidade que poderiam, à época, profissionalizar: a arte de produzir doces”.
Para Maria Helena Jeske, proprietária na empresa Imperatriz Doces Finos e representante do setor, a promulgação do PL 6328/19 é um dia especial. “O Dia Nacional da Doceira vem para nos fortalecer e nos orgulhar. Somos nós, as doceiras, que mantemos uma tradição de décadas viva. E sempre inovando para manter nossa história, nossa tradição e originalidade das receitas. Essa data nos aproxima, do Sul ao Nordeste. Sentimos valorizadas, reconhecidas e incentivadas”, elogiou.
A Região Sul está de novo sob alerta laranja de tempestade, emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O aviso será válido até o fim da noite desta quarta-feira, 6.
O alerta vale para os três Estados sulistas, que sofrerão com excesso de chuva. Há a expectativa de chover até 100 mm sobre a região, de 1h01 até 23h59 desta quarta-feira.
Fora o volume de acumulado de água, o Inmet avisa: o alerta laranja de tempestade representa a ocorrência de outros dois fenômenos climáticos. Os ventos, por exemplo, poderão atingir a velocidade de 100 km/h. Além disso, há possibilidade de queda de granizo. “Há risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.”
Conforme o órgão, é preciso estar atento para não se abrigar embaixo de árvores, pois há risco de raios. Desligar aparelhos eletrônicos ou até mesmo o quadro geral de energia da residência e não estacionar carros próximos a torres de transmissão e a outdoors são outras orientações.Áreas da Região Sul afetadas pelo alerta laranja de tempestade
Confira, abaixo, a lista de regiões que estão incluídas na área de atuação do alerta laranja de tempestade do Sul do país:
Juruna
16/12/19 at 11:57
Pois é, mas ele só lembrou disso quando mulheres negras venceram. Nas décadas a fio em que loiras ganharam, silenciou e não se mostrou incomodado.