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Opinião

“ÚNICA decisão possível” para tucanos foi apoiar a CPI dos exames de pré-câncer

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Os vereadores da base de apoio à prefeitura, maioria na Câmara, obedeceram à prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e assinaram requerimento de instalação de uma CPI destinada a investigar denúncias de fraudes nos exames de pré-câncer de colo do útero requisitados no sistema municipal de saúde. Com isso, os majoritários vereadores situacionistas se juntaram aos minoritários oposicionistas para viabilizar a primeira CPI sobre a gestão Paula.

Foi histórico por um motivo. Até agora, os vereadores da situação, também obedientes à prefeita, haviam recusado mais de uma proposta de CPI para investigar outras denúncias contra a gestão tucana. Embora fossem igualmente importantes, não houve clamor naquelas ocasiões, quase ninguém se deu conta.

Já o caso dos exames de pré-câncer é diferente. Afeta diretamente todo um gênero – as mulheres. E ainda puxa o cordão de solidariedade dos maridos, amantes e namorados. Uma “fatia e tanto do eleitorado”.

ÚNICA decisão POSSÍVEL para tucanos foi apoiar CPI

Se os tucanos Luiz Henrique Viana, Daniel Trzeciak e Enéias Clarindo + Fabrício Tavares (PSD) + Anderson Garcia (PTB) e outros do time do governo foram capazes de mudar de ideia em relação à aprovação de CPIs, esse fato merece uma consideração, esta: Ficou claro para todo mundo, até mesmo para algum humano que esteja no espaço sideral e acesse notícias de todo O Globo, que a prefeita só aceitou a investigação do episódio dos exames de pré-câncer porque as denúncias tomaram proporções dramáticas.

Não uma proporção dramática qualquer, mas uma com potencial de atingir a candidatura de Eduardo Leite ao Piratini, e mais as candidaturas de Daniel Trzeciak à Câmara Federal e de Luiz Henrique Viana à Assembléia Legislativa. Lembre-se: as denúncias dão conta de que as supostas fraudes nos exames de Papanicolaou viriam ocorrendo deste a gestão de Eduardo Leite. Não por acaso o ex-prefeito gravou, ao lado da prefeita, um vídeo onde demonstra, assim como ela, uma grande indignação, além de uma veemente defesa da CPI.

Nada como uma eleição à vista para demonstrar empatia pela população.

Pegaria mesmo muito mal aos vereadores da base do governo e aos tucanos se todos resolvessem continuar evacuando o quarteirão das CPÌs, como vinham fazendo sorrateiramente. Se os vereadores se recusassem a assiná-la (evidentemente por obediência à prefeita) seria na prática uma CONFISSÃO DE CULPA DOS TUCANOS.

Eduardo e Paula: Juntos pela CPI

Diante disso – SEM OPÇÃO – Paula tomou a ÚNICA decisão possível. Percebe?

NÃO FOI A DECISÃO MAIS CERTA. Mas sim a ÚNICA POSSÍVEL (e menos danosa) para um governo que pensa sobretudo, hoje, no futuro eleitoral de Leite e dos vereadores tucanos com pretensões à AL e à Câmara.

Ainda que tenha sido a ÚNICA DECISÃO POSSÍVEL, ela acaba sendo (ou PARECENDO  CERTA) por uma conjuntura inevitável.

Antes, o governo não queria CPI por pequenez de espírito, para não ceder espaços. Por estranho que pareça, passou a querê-la pelo mesmo motivo – aquele sentimento típico de todo ser que de repente se vê acuado.

Aí atrás escrevi que a decisão pode, em vez de certa, parecer certa, por um detalhe: o relatório da CPI só será votado depois que se souber se Eduardo Leite venceu ou foi derrotado na eleição.

Eis a política! Essa matéria invisível que obedece um jogo de interesses em que sentimentos verdadeiros são indistinguíveis dos falsos. Há quem se orgulhe da ambiguidade, vendo nela um um sinal de superioridade, uma espécie de “inteligência espectral” destinada a manejar as massas, mas, no fundo, orgulho assim é sinal de infelicidade.

Vaudeville

Assim como subitamente passou a exigir CPI, a prefeita pôs em férias forçadas Ana Costa, sua secretária de Saúde, assumindo interinamente o papel de “xerife (ou interventora) da Secretaria”, dando sequência ao Vaudeville*.  Mais uma vez, sua atitude foi midiática.

Como prefeita, Paula poderia se inteirar plenamente da situação, mantendo Ana no cargo, até porque a presença da secretária é essencial para esclarecer o assunto.

O gesto, porém, contém uma sutileza.

Ao “colocar Ana Costa em férias”, Paula está dizendo sem dizer que a responsabilidade por algum eventual problema que venha a ser confirmado é da secretária, não dela, prefeita, nem de nenhum dos tucanos. Em politica, isso aí se chama “covardia”.

Por mais que tentem fazer parecer o contrário, não é outra coisa senão uma manobra defensiva.

Fosse um governo competente, fosse uma verdadeira rede “Bem Cuidar”, a prefeita desmancharia as denúncias no ato com provas da sua fiscalização dos procedimentos. Como não é, a saída foi apoiar a CPI.

Cartaz do Vaudeville

Vaudeville foi um gênero de entretenimento de variedades predominante nos Estados Unidos e Canadá do início dos anos 1880 ao início dos anos 1930. Teatro de Variedades.

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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Incômodas indicações para cargos na prefeitura

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Há pouco a prefeitura demitiu Pai Cleber de Xangô do cargo de “diretor de Patrolamento” da Secretaria de Obras. Numa cidade com muitas ruas de terra nos bairros, o setor é visado. Quando chove, as ruas, esburacadas, alagam. Ao ver a patrola, os moradores ficam felizes. O ponto: segundo o vereador César Brizolara, do PSB, Pai Cleber foi indicado ao cargo pelo vereador Márcio Santos, do PSDB, partido da prefeita Paula Mascarenhas. A demissão veio após Brizolara afirmar que Cleber entregava aos moradores cartões oferecendo serviços religiosos e propagandeando que o serviço de patrola ocorria graças a Santos.

Já na Secretaria de Assistência Social, o servidor Juliano Nunes foi guindado ao cargo de função gratificada de “diretor de Alta Complexidade”. Segundo o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, em depoimento ontem (19) na Câmara, Nunes foi indicado ao cargo pelo vereador Carlos Júnior, do PSD, da base do governo. Como Pai Cleber, Nunes foi afastado do cargo, depois de denúncias de que desviava dinheiro público de beneficiários do Serviço de Prestação Continuada. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado esteve na casa de Nunes, onde fez buscas e apreensões.

Já no Pronto Socorro Municipal, Misael da Cunha, então vice-presidente do PSDB e ex-tesoureiro do partido, foi elevado ao cargo de “gerente executivo do Pronto Socorro”, de onde acabou afastado após a descoberta de pagamentos em duplicidade a uma empresa específica. O caso motivou uma CPI, em curso na Câmara, onde Brizolara tem insistido em que se abra uma outra CPI específica para investigar a Secretaria de Assistência Social.

Por esses casos estima-se os riscos da indicação política de pessoas para cargos-chave. De apelo eleitoral. E que operam verbas.

Vereadores indicando cargos, de qualquer tipo, e a autoridade na prefeitura aceitando, é um sinal da miséria brasileira, da falta de entendimento do papel institucional. Às vezes cansa falar disso.

A imagem da patrola parece resumir o que ocorre.

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