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Opinião

Cinema: A morte de Stalin

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União Soviética, 1953. Após a inesperada morte de Josef Stalin (Adrian McLoughlin), o alto escalão do comitê do Partido Comunista se vê em momentos caóticos para decidir quem será o sucessor do líder soviético.

Baseado na HQ homônima de Fabien Nury e Thierry Robin, o filme mostra o que acontece nos bastidores da União Soviética imediatamente após a morte de Stalin, em 5 de março de 1953.

Após a descoberta do corpo, o comitê se reúne e começa a discutir como será o futuro após a morte de seu líder. Porém, Lavrentiy Beria (Simon Russell Beale), chefe das forças de segurança, Nikita Khrushchov (Steve Buscemi), 1° secretário do comitê do Partido, Georgiy Malenkov (Jeffrey Tambor), vice de Stalin, e Viatcheslav Molotov (Michael Palin), ministro das relações exteriores, estão preocupados realmente com o lugar que acabou de ficar vago.

Especialista em sátiras políticas, o diretor britânico Armando Iannucci, do igualmente genial In the Loop (2009) e criador da série Veep, se distancia da obrigação de realismo. Ele trabalha com um elenco de atores americanos e britânicos falando em inglês sem sotaque russo e toma a liberdade de apresentar os principais líderes soviéticos como um grupo de homens inseguros, ambiciosos, atrapalhados e hipócritas. Entre diálogos brilhantes, nota-se que os nomes reais foram mantidos, assim como alguns surpreendentes detalhes, que vão desde o cadáver de Stalin em uma poça de urina até a morte da equipe de hóquei em um acidente de avião.

É com cinismo, piadas rápidas e muito humor negro que Iannucci, corroteirista ao lado de David Schneider, Ian Martin e Peter Fellows, explora uma União Soviética que está enfrentando uma de suas maiores crises, mas seus políticos preferem brigar entre si para decidir quem vai subir ao poder.

De certa forma, o longa aproveita para criticar os problemas de todos os regimes políticos: o desejo de tirar vantagem de tudo e a completa falta de preocupação com o povo.

O fantástico elenco representa o maior trunfo de A Morte de Stalin. Em especial, Simon Russell Beale e Steve Buscemi, que estão incríveis em cena, e melhor ainda quando atuam juntos, com personagens opostos entre si, mas igualmente gananciosos.

O lendário comediante Michael Palin, de Monty Python, interpreta Vyacheslav Molotov, político cujas declarações deram origem à famosa bomba de fabricação caseira. O casal de filhos de Stalin também entra em cena com as aparições de Svetlana (Andrea Riseborough) e Vasily (Rupert Friend). Ainda no elenco as pequenas, mas importantes, participações de Olga Kurylenko, Paddy Considine e Jason Isaacs.

Sarcástico e genial, A Morte de Stalin tem um elenco extraordinário com atuações implacáveis e memoráveis. Crítico, engraçado e, acima de tudo, inteligente.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em Administração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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