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Pelotas e RS

Schlee exaltado na estreia do Dicionário da Cultura Pampeana

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“Herança, aquilo que alguém herda. […] Conjunto de coisas ou valores deixados pelo testador”.

O trecho integra a mais recente produção assinada pelo escritor Aldyr Garcia Schlee, “Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense”, e está contido na significação do termo “Legado” – um dos dez mil verbetes que compõem os dois volumes da obra.

A palavra foi utilizada pela prefeita Paula Mascarenhas para descrever a relação do artista jaguarense com a história e cultura pampeana, durante o lançamento da publicação emPelotas, nesta terça-feira (9). Serão 180 exemplares distribuídos a instituições de ensino, pesquisa, bibliotecas públicas e secretarias municipais; a partir do dia 15 de abril, a edição ficará disponível para leitura e consulta online no site http://www.dicionariopampeano.com.br.

“Cada um de nós guarda muito do Schlee e vai levar consigo os momentos vivenciados com ele. Eu, por exemplo, quando penso nele, lembro do sorriso, do olhar brilhante, dos comentários inteligentes e da sua extrema generosidade”, afirmou Paula, destacando a contribuição do jornalista à vida cultural da cidade e de todo o Estado.

Cultura pampeana

A prefeita ainda aproveitou a oportunidade para reproduzir parte do discurso proferido por ela no lançamento do livro na capital gaúcha, em março, no Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini (confira na íntegra abaixo). Nele, ressalta que a obra – resultado do trabalho de mais de 17 anos do autor – representa quem somos e o que nos fez. “Um dicionário absolutamente autoral, cujo universo é a literatura e a cultura pampeana sul-rio-grandense e platina, que tanto encantaram e povoaram o pensamento do Schlee”, assinalou.

Representando os familiares, amigos e admiradores presentes no lançamento e conquistados ao longo dos anos pelo artista, o jornalista Luiz Carlos Vaz relatou parte do processo de construção e elaboração do dicionário, frisando a persistência do autor para concretizar o projeto.

“Em meio à diversidade de pessoas e coisas é que o Schlee produzia a sua literatura”, acrescentou.

Schlee exaltado na estreia do Dicionário da Cultura Pampeana

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Além de Pelotas e Porto Alegre, a obra também será lançada em Jaguarão no dia 12 de abril, sexta-feira. Ao todo, 1,8 mil exemplares serão distribuídos a instituições gaúchas. A publicação tem projeto gráfico de Valder Valeirão, o selo Fructos do Paiz e patrocínio da Braskem, por meio do financiamento do Pró-Cultura RS.

Com mais de 1,4 mil páginas, o livro faz um registro aprofundado e atualizado da linguagem verbal, oral e da cultura de quem vive no Pampa do Rio Grande do Sul. A pesquisa para a criação da obra começou em 2001, e também demonstra a influência da língua castelhana no vocabulário de quem vive na região.

Dicionário da cultura pampeana, de Schlee, lançado hoje na cidade

Os secretários de Cultura, Giorgio Ronna, e de Governo, Clotilde Victória; o cônsul geral do Uruguai em Pelotas, Pablo Bayarres; o vereador Ivan Duarte (PT); e a representante da Ato Produção Cultural, Roberta Manaa, também acompanharam o lançamento.

Trajetória de Schlee

Schlee nasceu em Jaguarão, em 1934, mas viveu grande parte de sua vida em Pelotas. Publicou mais de 15 livros, entre crônicas, ensaios e romances. Foi premiado com vários troféus importantes, como a Bienal de Literatura, Açorianos, 300 Onças e Esso de Jornalismo. O escritor também ajudou a fundar o curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), onde também tornou-se professor titular na Faculdade de Direito. O autor é responsável pela criação do atual uniforme da Seleção Brasileira de Futebol.

O discurso da Paula em Porto Alegre

“Em artigo publicado nesta semana no Diário Popular de Pelotas, Paulo Luis Rosa Sousa diz que Schlee era um homem do campo a fora e não de Palácios. Uma homenagem no Salão Negrinho do Pastoreio, no entanto, talvez desfizesse nele a sensação de clausura arcaica e lhe permitisse seguir conectado com o que de melhor produziu a nossa liberdade pampeana: a obra de Simões Lopes Neto, escritor que o obcecava, e a sua própria obra.

A forma iconoclasta com que Schlee olhava para os fatos da vida e da literatura me fazem em certos momentos associá-lo ao pensamento sartreano, que negava peremptoriamente a imortalidade, mas caminhava inexoravelmente, do alto de seu talento, para ela. E me lembro bem do choro convulsivo e comovido do Schlee ao sentar-se ao lado da estátua de Simões na Praça Coronel Pedro Osório em Pelotas. Nega-se a fixação do mito, mas não se resiste aos afetos, permeados de sensações estéticas, produzidos por ele. Schlee caminha em direção ao mito. Ainda é cedo, reconheço.

Eu mesma, ainda penso nele como o amigo de sorriso fácil e olhos brilhantes, que encontrava em nossas caminhadas matinais na praça de todos os encontros. Mas não demora falaremos nele como aquele amigo de Simões que, como o velho Capitão, palmilhava as ruas retas de Pelotas. Como o grande escritor, o talento singular, capaz de dar voz tão verdadeira e original a tantas mulheres na obra-prima que criou com os Contos Gardelianos. Talvez seja injusto citar apenas esta obra literária de um escritor que produziu tantas coisas inesquecíveis. Mas para esta leitora, os Contos Gardelianos são suficientes para garantir a seu autor a presença entre os maiores.

Alguns desses homens, que ganham a imortalidade ainda que a contra-gosto, costumam deixar um testamento, seja para afirmar-lhes ou para contestar-lhes o que foram. Com Sartre e As Palavras aconteceu o segundo movimento. Em Schlee, temos seu Dicionário. Concebido, compilado, curtido, e escrito ao longo de muitas obras e de muito tempo vivido. Um dicionário absolutamente autoral, cujo universo é a literatura e a cultura pampeana sul-rio-grandense e platina, que tanto encantaram e povoaram o pensamento do Schlee.

Um dicionário de nós, do que somos, do que nos fez. Um dicionário que diz muito sobre o “pampa incomensurável”, paisagem familiar a seu autor, e que diz sobre a língua na qual fomos forjados, portanto, sobre uma matéria atávica que nos pertence coletivamente e que, não fosse eu uma sartriana, sobretudo num discurso em que citarei Sartre mais de uma vez, tenderia a chamar de nossa essência cultural.

O testamento de Aldyr Garcia Schlee não poderia ser mais mítico e mais explicativo do que ele próprio foi durante sua vida: um explorador e um encantador de linguagens, um esteta, um pesquisador, um homem da fronteira e do pampa, um poeta, um professor.

Só num dicionário, num elenco de palavras o escritor poderia reunir suas tantas facetas, seu talento, sua originalidade.

Ele ganha com isso a imortalidade, pode até vir fazer companhia ao Simões no banco da praça, quem sabe, mas não se deixa fixar na rigidez dessa glória fria tão temida por Sartre: com seu dicionário lança um gesto a um futuro criativo e capaz de se renovar a cada página, a cada vocábulo empregado, a cada obra que ainda está por nascer.”

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Pelotas e RS

RS terá diminuição da chuva e dias de sol

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Do MetSul: A chuva vai diminuir consideravelmente no estado neste fim de maio e no começo de junho. Passado o ciclone extratropical que trará chuva e vento neste começo de semana, os gaúchos terão muitos dias com nuvens e sem chuva volumosa ou com a presença do sol. Para entender o que vai ocorrer.

O ciclone que trará chuva neste começo de semana vai na sequência proporcionar dias de tempo mais firme.

Ciclones costumam impulsionar ar seco a partir do Oeste quando começam a se afastar, ou seja, trazem ar mais seco depois para o estado. Por isso, passada a instabilidade deste início de semana, que não será longa e não vai trazer novas enchentes de rios nos locais já castigados, o ciclone vai garantir vários dias seguidos sem chuva volumosa ou com sol e nuvens, proporcionando a baixa dos níveis dos rios.

Como ciclones funcionam como “motores” para levar ar frio mais ao Norte, justamente a ausência de ciclones intensos no fim de abril e ao longo de maio nas latitudes médias do continente manteve o bloqueio do ar quente por tempo demasiado no Centro do Brasil, o que resultou na chuva recorde e nas enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul.

Numa analogia, o ciclone do começo desta semana será como levar injeção. Por óbvio que é dolorido no primeiro momento, na hora da picada, mas dias depois acaba por curar a doença.

Neste segunda-feira (27), o sol chega a aparecer com nuvens em parte do estado, mas a nebulosidade aumenta e o tempo se instabiliza na maior parte do Rio Grande do Sul com chuva no decorrer do dia. Pode chover localmente forte em alguns pontos, sobretudo na Metade Leste do estado. O vento se intensifica no final do dia.

Na terça-feira (28), o vórtice do ciclone vai estar sobre o mar junto ao litoral Sul do Rio Grande do Sul e traz muitas nuvens com chuva e garoa no estado. Provoca chuva por vezes forte a intensa no Sul gaúcho no começo do dia enquanto na maioria das regiões do estado cessa o risco de fenômenos severos. A circulação de umidade do sistema na costa, porém, ainda traz abundante nebulosidade e pode ter garoa ou chuva fraca em diferentes pontos, intercalada com aberturas de sol em vários locais.

Na quarta-feira (29), o centro do ciclone estará sobre o Oceano Atlântico mais distante da costa do Sul do Brasil e se afastando do continente. O sol aparece com nuvens no estado, mas com momentos de maior nebulosidade. Ainda pode ocorrer chuva ou garoa isolada e passageira.

Na quinta-feira (30), a tempestade já estará mais distante da costa e o sol aparece com nuvens no Rio Grande do Sul, embora ainda ocorram momentos de maior nebulosidade em diversos pontos do estado por nuvens baixas ou nevoeiro, especialmente no início do dia.

Na sexta (31), por sua vez, o centro de ciclone vai se localizar muito longe do Rio Grande do Sul, no Atlântico, e o território gaúcho terá um dia com sol, nuvens e momentos de maior nebulosidade em que o céu pode ficar nublado ou encoberto em diversas localidades, principalmente no começo do dia por camadas de nuvens baixas ou nevoeiro.

No sábado (1º/6), o sol predomina no Rio Grande do Sul, mas haverá nevoeiro e nuvens baixas em diferentes pontos do estado com momentos de maior nebulosidade entre a madrugada e o períodos da manhã. Será mais um dia sem chuva no território gaúcho.

No domingo (2), a nebulosidade torna a aumentar no Rio Grande do Sul com uma frente fria, mas os dados hoje indicam que a chuva associada à passagem deste sistema frontal não teria altos volumes e, assim, não produziria o risco de novas cheias de rios.

Na segunda (3), ar mais frio ingressa no estado e o tempo melhora na maioria das cidades gaúchas com sol e nuvens. Na Metade Norte ainda pode ter instabilidade, mas sem indicativo de chuva volumosa que possa gerar cheias de rios.

Na terça-feira (4), uma frente quente traria chuva para o Uruguai e a Metade Sul do Rio Grande do Sul, entretanto os dados no momento não indicam volumes significativos no território gaúcho com interferência relevante em níveis de rios.

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Pelotas e RS

Prefeita recomenda que moradores da Vila Farroupilha, Ceval, av. Francisco Caruccio, av. Brasil e áreas baixas da Colina do Sol deixem suas casas

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Em live há pouco, prefeita Paula recomenda que moradores da Vila Farroupilha, Ceval, av. Francisco Caruccio, av. Brasil e áreas baixas da Colina do Sol deixem suas casas imediatamente.

Segundo ela, os alagamentos já ameaçam as residências.

As áreas acima estavam em laranja no mapa. Passaram a vermelho hoje, depois da subida do volume da água após as chuvas dos últimos dias.

Acumulados de chuva que variam entre 130 a 160 milímetros nas últimas horas  (pluviômetro do Sanep na região da Gotuzzo marca 167 milímetros até às 6h30 desta sexta, desde quarta).

Segundo Paula, “a chuva superou o previsto pelos institutos de meteorologia para Pelotas, com acumulados que variam entre 130 e 160 milímetros, por isso precisamos mudar o mapa e sinalizar novas áreas em vermelho, o que significa que as pessoas precisam levantar os móveis e sair de casa”.

Conforme Paula, citando o Corpo de Bombeiros, nessas regiões já se têm ruas alagadas. Moradias, no entanto, ainda não foram invadidas pelas águas.

A prefeita disse também que a sistema de drenagem do município trabalha a pleno desde a noite passada, por meio das casas de bomba e das bombas suplementares cedidas pela iniciativa privada. Porém, essa estrutura já está no limite, mandando água para o canal São Gonçalo – manancial que apresenta níveis históricos de alta. A última medição, das 8h, indicava 2,88 metros – a mesma da enchente histórica de 1941, que no dia 16 deste mês chegou a 3,02 metros.

A previsão é que a chuva continue até o fim da tarde desta sexta. Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros já estão nos locais considerados como áreas de risco nesta manhã.

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