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Brasil e mundo

Um pequeno mas decisivo passo. Por Mateus Bandeira

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Mateus Bandeira

A aprovação da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados foi provavelmente o que de melhor aconteceu para o Brasil, em termos de administração pública, neste século 21.

Como na conquista da Lua, o passo de Neil Armstrong foi custoso e penoso, mas abriu o caminho para o homem desbravar o universo.

No entanto, dada a natureza do buraco que o Brasil cavou, a reforma está longe de ser o lenitivo para nossos problemas estruturais. Buraco cavado por nós, brasileiros. Não pelo imperialismo norte-americano ou soviético das teorias conspiratórias arcaicas. Reformar as aposentadorias foi uma construção coletiva e que demonstrou maturidade. Do presidente da República, do Congresso Nacional e da sociedade civil.

Apesar de ter ficado aquém do desejável – pois não cobriu o imenso fosso que separa servidores públicos dos trabalhadores –, foi um avanço. Embora não represente dinheiro novo, trará substancial economia de recursos.

Os debates, que começaram com mais vigor no governo Temer, indicavam que o caminho rumo à solvência do erário não seria fácil. Diferente da ingestão de remédios que trazem alívio imediato, mudar a Previdência não implica benefício instantâneo; mas abre o caminho à cura.

O Brasil é um país à beira da ruína fiscal. Estados como o Rio Grande do Sul são apenas um estágio avançado do que acontecerá com o Brasil se nada for feito.

O nível de desemprego nacional é alarmante: 28,5 milhões de subutilizados, no conceito do IBGE. Nossa ascendente dívida pública beira os 80% do PIB.

Nosso orçamento é disfuncional, pois não dá margem ao investimento – essência propulsora do crescimento econômico. Pior, ele é direcionado para atender as corporações de servidores e os setores escolhidos do empresariado.

Nosso sistema econômico inibe a livre concorrência e freia a inovação. Nosso regime tributário desestimula a livre iniciativa. Nossas despesas públicas crescem mais do que cresce a economia. Pior. Os gastos aumentam para dentro, para autossustentar o Estado perdulário, não para investir em saúde, educação e segurança.

Nosso Estado, enfim, em vez de servir ao cidadão, serve-se dele. Numa inversão absoluta de valores, funciona como se o cidadão existisse para financiar a opulenta e inoperante engrenagem do Estado.

Não somos um país pobre. Somos um país injusto. É nesse contexto, aparentemente desanimador, que a aprovação da reforma surge como fator estimulante.

Com as mudanças nas aposentadorias, teremos dado o indispensável primeiro passo. Agora, há de se pensar no dia seguinte. De imediato, mais do que a economia, ela mudará as expectativas. Expectativas positivas, no entanto, têm data de validade.

Será estupidez desperdiçar este momento de prudente euforia. No lugar de dissiparmos energia, os brasileiros – governantes e governados – devem aproveitar o embalo e subir a ladeira que leva à prosperidade.

Esse futuro alvissareiro não virá sem outras mudanças estruturais que exigirão que ultrapassemos novos e, talvez, mais difíceis obstáculos.

A boa notícia é que não precisaremos inventar a roda. Outros países, que hoje exibem prosperidade econômica e, em consequência, progresso humano, já desbravaram esse caminho. E ele passa necessariamente por liberdade individual, igualdade de oportunidades e livre iniciativa.

Algumas destas mudanças já estão engatilhadas. A reforma tributária, que nos ajudaria a suplantar nosso intrincado emaranhando de impostos, pode ser a primeira da lista. Esta, pelo menos, parece ser a disposição do Congresso Nacional. Trata-se de outro passo inestimável rumo a um novo Brasil.

Ao mesmo tempo, precisamos tirar o Estado do cangote do cidadão. Um bom começo é acelerar as privatizações prometidas na campanha eleitoral. O Estado não precisa gerir fábrica de camisinhas ou chips. A iniciativa privada faz isso muito melhor.

Nunca é demais lembrar os benefícios advindos das históricas privatizações do governo Fernando Henrique. O sistema de telecomunicações, a Vale e a Embraer, apesar de graves percalços, são prova pulsante de que os empresários são muito melhores administradores do que burocratas indemissíveis e excessivamente remunerados.

As privatizações devem vir acopladas ao estímulo à livre concorrência. Para isso, Executivo e Legislativo devem promover a abertura comercial e reduzir a burocracia, entre outras medidas microeconômicas.

Nas eleições de 2018, além de mostrar que está saturado com a corrupção, o eleitor exibiu disposição para atuar na cobrança diuturna dos governantes. As redes sociais, em que pesem os exageros, facilitam essa tarefa.

A aprovação da reforma da Previdência exibiu um novo momento. O presidente da República propôs, o Congresso Nacional encampou a iniciativa, e as ruas mostraram que estavam de acordo. Essa inusitada simbiose deve se repetir se quisermos sonhar com um Brasil sem limites para quem quiser investir e empreender.

A consequência disso, contra as ultrapassadas teorias socializantes, será um país mais justo e com oportunidades para todos. Como os astronautas, que há 50 anos avistaram a Lua a bordo do módulo de comando, nós brasileiros já avistamos o futuro. Precisamos, agora, apertar os botões corretos antes de pousarmos no novo Brasil. Uma missão difícil, mas possível.

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Caminhão com doações para RS tomba em rodovia

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Um caminhão dos Correios que levava doações para as vítimas das intensas chuvas no Rio Grande do Sul capotou na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). O acidente ocorreu perto de Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo, na noite desta quarta-feira, 8.

Com o acidente, que ocorreu no km 129, sentido capital paulista, às 21h16, parte da carga do caminhão se espalhou na estrada.

O condutor da carreta não se feriu.

Os Correios informaram que uma operação resgatou os itens doados.

Os temporais que atingem o RS já deixaram 107 mortos, 136 desaparecidos e 374 pessoas feridas até esta quinta-feira, 9. As informações são da Defesa Civil.

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Se os governos não atrapalharem, já fazem muito

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Nos últimos anos nossa vida não anda fácil. Numa hora, recomendam “fique em casa”. Noutra, “saiam de casa”. Felizmente não houve enchente na pandemia. Os governantes teriam um problema de lógica.

Até hoje a postagem de maior reação no Amigos de Pelotas foi a da construção da ponte de Nova Roma do Sul. Ali ocorreu algo inédito no Brasil. Em vez de esperar pelo governo, a própria comunidade do pequeno município gaúcho arrumou dinheiro e construiu uma ponte para substituir a que havia sido derrubada na enchente anterior. E a fez mais rápido e mais barata do que programara o governo do estado. Esta sim — foi uma verdadeira façanha.

A união da população vem se repetindo neste momento de enchente no RS, inclusive para captar recursos. A Associação de Nova Roma do Sul, que envolve empresários, está se organizando ela mesma para resolver os problemas na serra. E recomendando que outros municípios da região façam o mesmo.

Ao mesmo tempo temos visto a burocracia oficial atrapalhando o socorro à população na enchente que aflige o estado. Parecem ser casos isolados, mas que chocam, porque entram em conflito com a urgência que o caso requer.

Ainda assim temos visto que a própria sociedade assumiu a frente nas ações de resgate e logística, com os governos chegando depois, atrasados, com apoio aquém do esperado, porque a estrutura de suporte é precária. Os governos não estão preparados para momentos de emergência.

A ministra Simone Tebet disse que “o governo não pode mandar dinheiro já porque nem os prefeitos gaúchos sabem ainda do que precisam”. É no mínimo uma fala desastrosa.

Por que mais iniciativas como a de Nova Roma, cuja ponte nova, erguida dois metros mais alta em relação à anterior, vem suportando bem a enchente, não ocorrem? Porque o nível de impostos é tão alto que não sobra recursos para iniciativas da população. Ainda assim, outra façanha, os próprios cidadãos gaúchos, de todas as classes sociais, vêm ajudando no socorro, com jet-skis, barcos, os braços, o que for.

A sociedade vem mostrando que nem tudo precisa passar pelo Estado e pelos políticos. Se esses não atrapalharem, já fazem muito.

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