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Opinião

COVID-19: SEJAM FRANCOS, A VIDA E A MORTE DIZEM RESPEITO A TODOS NÓS

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Em conversas que mantenho todo dia com profissionais da saúde de Pelotas fica evidente a preocupação deles com a divulgação de informações sobre o coronavírus. Falam comigo em confiança. Eu respeito a confiança. Quem me conhece, sabe. Não entrego a fonte.

Pelo que pude entender, receiam duas coisas:

  1. O pânico.
  2. O preconceito em relação a pacientes de covid-19. Temem que sejam estigmatizados.

***

Ao contrário do vírus, que é invisível, a tentativa de impedir o vazamento de informações é visível.

Histórico de três situações diretamente ligadas ao tema e de uma situação adjacente:

No dia 2 de abril, depois de uma entrevista ao Amigos, uma professora-doutora da UFPel pediu para eu retirar a postagem que fiz sobre o que ela me contou. O texto foi fiel ao que me disse. Trazia números alarmantes. O nome dela não foi mencionado. Entrevista em off não quer dizer que a informação não será publicada, apenas que a fonte será protegida. Mesmo assim, mostrando boa vontade, aceitei apagar o post, fazendo um esclarecimento.

Quando ontem (10) publiquei o post sobre o médico residente do Hospital Escola da UFPel que testou positivo para covid-19, um médico me telefonou preocupado com o vazamento da informação, pedindo para que amenizasse o post – acentuando que o positivo para covid era fruto de um “teste rápido” (não definitivo), um teste que dependia de confirmação de contraprova do laboratório do estado, Lacen. Fiz o que ele me pediu, acrescentei a informação sobre o teste rápido, até porque era informação nova.

Ontem (10) procurei pelo whatsapp a superintendente do Hospital Escola da UFPel, Samanta Madruga, buscando informações sobre o médico que testou positivo e as condições de segurança do HE. Não me respondeu, está em silêncio há mais de 30 horas. Em vez dela, fui procurado pela Relações Públicas do HE. Mando perguntas, ela consulta a quem de direito, me responde – e publico.

Hoje (11), um médico da Santa Casa publicou no facebook, aberto para todo mundo ler: “Por favor, não relaxem antes da hora. A cada dia, tenho notícias de mais gente conhecida com a doença. A cada dia, parece que ela vem chegando mais perto de nós, batendo à nossa porta. O que parecia apenas uma possibilidade, torna-se cada vez mais real e palpável”. Tomei o cuidado de não publicar o nome dele, apenas o teor da postagem, de evidente interesse jornalístico, ainda mais sendo ele médico, e porque se manifestou publicamente. Pois ele leu a postagem no site e enviou um comentário, aprovado e respondido. Comentou: “Não falo em nome da Santa Casa, nem autorizo que se use uma postagem minha de forma sensacionalista”. Respondi: “Onde está o sensacionalismo? Onde está a mentira? Está fiel ao que está publicamente no seu face. Não quer que se fale em público, não publique. Além do mais, seu nome não foi identificado. Boa noite. Feliz Páscoa!”

(A postagem não diz que ele fala em nome da Sta Casa).

***

Compreendo a preocupação dos médicos, como confirma o conjunto dos movimentos acima.

Mas deixa dizer uma coisa, sobre os três primeiros casos mencionados (o adjacente é apenas isso, um sintoma adjacente): não adianta cobrir o sol com a peneira, ainda mais agora com a internet e as redes sociais.

Nem fica bem esconder informações. Os nomes dos pacientes não devem ser revelados, a não ser que autorizem, tudo o mais deve.

A melhor atitude é ser FRANCO, ABERTO, porque o covid é um assunto de interesse de toda a comunidade.

Numa hora como essa, eleições, interesses pessoais, política social, não têm o menor fundamento.

A vida e a morte dizem respeito a todos nós.

Feliz Páscoa!

 ∇

 © Rubens Spanier Amador, jornalista, editor

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Com estoque baixo, HE espera 46 mil máscaras para final da próxima semana

Rubens Amador. Jornalista. Editor do Amigos de Pelotas. Ex funcionário do Senado Federal, MEC e Correio Braziliense. Pai do Vitor. Fã de livros, de cinema. E de Liberdade.

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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