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Cultura e entretenimento

Luz, mais luz …

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Havia um silêncio, uma calma matinal que precede o nascer do sol. A floresta parecia sem vida, como se fosse uma tela renascentista a espelhar o profundo sem decifrar o visível.

Neste ambiente semiclaro, molhado de orvalho, surge o primeiro raio de sol. A vida parece explodir em sons, cores e movimentos. O verde parece mais verde. A sonoridade do canto dos pássaros disputa beleza com os reflexos multicoloridos de raios de luz que se projetam sobre e através de gotículas do orvalho que, frio, aquece o cenário. A vida nasce de dentro da floresta que a possuía latente, mas necessitou da luz para mostrar-se em toda a sua beleza e abundância.

Este é o limite entre o “não saber” e o saber, entre a mera informação e o conhecimento a partir desta informação, esta é a luz que, sob a ação mágica do professor, dá vida às inteligências que pedem para eclodir, anseiam por aprender e crescer, desde os pequenos aprendizes até os adultos que com esforço e dedicação buscam, na idade adulta, conhecimento e inclusão definitiva como cidadãos.

Esta busca de um futuro que permita harmonização e integração com a natureza e com as outras só pode ocorrer através de um sistema em que o professor realize sua tarefa com afinco e competência.

Embora a visão poética de dar luz às trevas do pensamento, representada pela ignorância, a realidade da tarefa é de uma dureza e dificuldades que termina por derrotarem muitos destes combatentes que, cansados, desestimulados ou atraídos por tarefas mais fáceis de serem executadas ou mais rendosas, terminam por abrir lacunas nas fileiras de batalha por uma educação de qualidade.

De qualquer forma, luz, conhecimento e sabedoria terminam por se completar, não por conceitos, mas por uma intuição milenar de que a melhor maneira de se combater a ignorância é iluminando as mentes dando significado a informação aí posta e a transformando em conhecimento. Esta é a tarefa do professor.

A noosfera somente se enriquecerá se a aura de pensamento individual estiver fortalecida, contribuindo, desta maneira com o fortalecimento da esfera universal de pensamentos, pois nossa aura de pensamento sobrevive ao nosso corpo material e permanece viva e produtiva ao se somar a todas as demais, alimentando o mundo de sabedoria, que nos envolve e que precisa ser permanentemente descoberto a cada momento em que um professor põe luz no caminho do saber de seus alunos, iluminando o trajeto difícil que separa o passado do futuro em uma caminhada que não se faz no escuro, pois, neste caso se perderia o rumo e o sentido da vida que é evoluir na busca de realização pessoal para auxiliar os outros nas suas caminhadas…com luz, muita luz …

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Cultura e entretenimento

Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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O charme do outono. Por Geraldo Hasse

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Esse tempo chuvoso me transportou automaticamente para a salinha do teletipo nos fundos da redação do Diário Popular. Eu cursava o terceiro ano noturno de jornalismo e ganhava um salário vespertino para traduzir telegramas que chegavam em espanhol via Agência France Presse (AFP). Também pela mesma máquina vinham notícias da Agência JB, mas essas não era preciso traduzir, vinham em português de boa qualidade (na época, o Jornal do Brasil era um modelo de jornalismo, atividade hoje subalterna ao marketing).

O teletipo foi a atração daquele ano no jornal, que se considerava portador de uma revolução redentora dos costumes da região. Às vezes um dirigente da empresa aparecia na salinha rebocando um visitante supostamente interessado em conhecer o aparelho mágico. Eu, mero coadjuvante, nem sempre chegava a ser apresentado. Era um mero acessório da máquina, o zé ninguém da redação. Mas quem municiava o jornal com o noticiário nacional e internacional? Era eu e ninguém mais.

O teletipo passou o ano inteiro cuspindo principalmente reportagens sobre a guerra do Vietnã; certo dia, trouxe a notícia da morte em estranho acidente aéreo no Ceará do marechal Castello Branco, o primeiro chefão do governo militar; semanas depois, morria fuzilado na selva boliviana o revolucionário argentino Che Guevara. E eu ali na solidão da salinha 3 x 4 vivendo e aprendendo sobre a marcha da civilização.

Nos intervalos daquele matraquear incessante, eu lia os grandes poetas brasileiros editados pela Editora do Autor e me animava a escrever versos que nunca foram publicados mas ainda não desapareceram da minha memória (lá vai):

“Eu te ofereço meus ternos versos,

são o presente mais puro que te dou:

são beijos em minha boca imersos,

sobras do banquete que acabou”.

O que deveria ser um soneto não passou de uma quadrinha. Faltava não apenas inspiração, mas tempo para ir além do trivial. Fora o tactac do noticiário, havia as distrações do ambiente. O céu cinzento, a umidade impregnando paredes e os telhados gotejando a chuva intermitente me desviavam para cenas inesperadas.

Lembro que através da vidraça da janela eu via numa árvore já sem folhas — um cinamomo, provavelmente — algumas pombas encolhidas sob a chuva: pareciam “corvos de cinema” (estávamos ainda sob o impacto do filme Os Pássaros, no qual a pobrezinha da Tippi Hedren, indefesa, era atacada sem motivo aparente por bandos de aves negras amestradas pelo terrorista Alfredo Hitchcook).

Por tudo isso, senhoras e senhores, o outono, mesmo com chuva, continua encantador. Em Pelotas e em outras latitudes.

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