“O computador e o cérebro são duas máquinas, mas uma é produzida, fabricada, organizada pela mente humana, saída de uma máquina cerebral inerente a um ser dotado de sensibilidade, de afetividade e de autoconsciência. Nenhum espírito emerge do computador, mesmo numa cultura, já o cérebro tem a capacidade, pela mente, de reconhecer-se como máquina e mesmo saber que é mais do que uma máquina.” (Edgar Morin)
Há um necessário hiato entre as primeiras décadas da criação dos computadores e a utilização destes e de toda uma rede que se formou em torno destas máquinas. Realidade que causou muitas teses ou simples opiniões relativas a um descompasso entre os procedimentos e tecnologias mais tradicionais, no que diz respeito aos métodos de ensino-aprendizagem e as demais atividades humanas, isto é, a Escola sempre movimentando-se alguns passos atrás das outras instituições.
Um dos motivos de tal descompasso refere-se ao atraso em mudarmos nossa forma de pensar. Nosso pensamento linear teria que evoluir para um pensamento não linear, em rede, acompanhando tanto a forma de trabalhar da máquina artificial como o modo natural de ação de nosso cérebro – os neurônios trabalham em rede! O outro motivo é a competição entre a Inteligência artificial e a inteligência humana.
O meio pressionando para que, em momentos de maior necessidade de resposta a problemas, a inteligência humana deva ser pressionada e se valer da capacidade mental, que o computador não tem, pois a mente está sempre um passo à frente da inteligência. Uma crise planetária, uma PANDEMIA, por exemplo, pode ser o catalisador para que vençamos obstáculos, hiatos e acomodações, dando um
SALTO PARA O FUTURO.
As Escolas, tradicionais na sua pedagogia, preguiçosa no uso de novas tecnologias, achando-se autossuficiente na obtenção de resultados e limitando-se a uma conservadora linearidade, vêm-se, repentinamente, impulsionadas para uma ação pedagógica online, não presencial. Alunos e professores distanciam-se, mas precisam ter uma conexão próxima, a única forma encontrada é um trabalho remoto, cada um em um local diferente, mas conectados pela rede de computadores, a Internet.
Mesmo já existindo tecnologias de Ensino a Distância, com métodos e tecnologias apropriadas, estas não se encaixam na realidade das Escolas, totalmente presenciais, algumas com alguma atividade online, mas que não atendem a nova demanda, a nova realidade, mesmo que temporária.
Escolas públicas, praticamente todas, além da maioria das Escolas particulares, pegas de surpresas, têm que transformar o passo a passo da conquista das novas tecnologias, em SALTOS.
O primeiro salto é um misto da atividade remota, online, simplesmente replicando, substituindo, a atividade presencial. É o que denominamos de Ensino Remoto. Algumas Escolas estão desenvolvendo bem este Ensino Remoto e já se encaminhando para aperfeiçoá-lo para o próximo salto: assumir as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs)com uma fração de atividades de ensino a distância, que irá crescendo na proporção em que se dominar esta forma não linear de construção de conhecimento e competências, sempre dando mais valor a atividade presencial, onde o contato aluno/professor e aluno/aluno seja valorizado, pois “o cérebro tem a capacidade, pela mente, de reconhecer-se como máquina e mesmo saber que é mais do que uma máquina”, nesta constatação fica claro que estamos realmente dando um importante SALTO PARA O FUTURO!
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Neiff Satte Alam é professor Universitário Aposentado – UFPEL Biólogo e Especialista em Informática na Educação
Geraldo Hasse
26/06/20 at 22:48
Uai, Neiff Satte Alam virou Papa? Ele está jogando luz na escuridão, é verdade, mas torço para que continue professor on line aqui no Amigos ou onde for. Como dizia um amigo, os papas são gaios de repetição
josefrade
22/06/20 at 07:21
Uma nova realidade se impôs às características civilizacionais: a solidão. Um Papa caminhando sozinho por ruas desertas, falando para um vazio imenso, numa praça vazia ou no interior de uma gigantesca nave, são imagens bem paradigmáticas da desagregação que vivemos.
Maria Constança Caetano
25/06/20 at 21:37
Ninguém estará sozinho, quando suas palavras e até seu silêncio é acolhido por alguém, especialmente, um líder como o Papa. Há uma presença espiritual de todos aqueles que ele congrega. E essa realidade é tão viva que, se assim não fosse, a praça do Vaticano cheia de gente seria, na verdade, apenas uma aglomeração sem sentido algum.
josefrade
28/06/20 at 12:00
O simbolismo de uma imagem não altera a natureza dos vínculos espirituais. Mas pode fazer-nos pensar no algo que se perdeu com esta pandemia.r A Humanidade é um conceito multi-cultural, mas a nossa existência enquanto seres gregários pressupõe vivência social. Somos sociedade. e será difícil continuar a afirmá-lo sem a dimensão da proximidade. Muita da nossa realidade se gera pela qualidade de contacto. Passando o computador ou ou celular a ser um instrumento intermediário, interposto entre os seres humanos dispersos, a tristeza perpassará todos os espíritos, mais cedo ou mais tarde…