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Cultura e entretenimento

O recomeço, a triste história da dona Maricota!

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Lá pela década de 60, na Rua em que eu morava, havia uma vizinha muito simpática e alegre, Dona Maricota, casada e com uma penca de filhos, embora jovem…mais ou menos.

Saía cedo de casa, com sua sacolinha de ir à feira ou ao Armazém do Alemão, logo ali na esquina. Esta era a desculpa, na verdade iniciava sua caminhada para conversas e fofocas com as amigas da vizinhança, a primeira era a mulher do Seu Péricles (Maricota nunca ficou sabendo o nome dela!),

A vizinha na janela e ela na calçada, colocavam os “assuntos” em dia. Daquela janela, ela via tudo que se passava da casa do Padre e da Igreja até o Açougue do Fininho, prato cheio!

Dali a Maricota ia até à Feira, onde encontrava outras amigas, fofoqueiras, mas não maldosas, só havia concorrência de quem sabia mais, quando não tinham assunto, inventavam.

Com o tempo e o progresso vieram os riscos de se andar em certos horários ou lugares, pois os amigos do alheio estavam proliferando, Maricota teve que restringir suas saídas, ficar mais em casa e até colocar grades, assim como fez a mulher do Seu Péricles e tantas outras: COMEÇOU O PRIMEIRO DISTANCIAMENTO SOCIAL

Para salvação de todas e todos, surgiu o primeiro e único milagre do Séc. XX – o Telefone Celular. Maricota imediatamente se adaptou ao aparelho e recomeçou, não tão de perto, a conversar com as amigas, mas já nem sempre com todas do bairro em que morava, mas também de outros lugares, de outras cidades e até de outros países!

Começou, então, a globalização da fofoca e o SEGUNDO AFASTAMENTO SOCIAL!

Tudo ia bem.” Facebook”, “Whatsapp” e outras tantas formas trocar ideias, solicitar algo, fotografar o que comeu, o que comprou ou onde andou no fim de semana…e fofocar, mas de longe. Algum vírus entrava no celular ou no computador, mas logo alguém dava um jeitinho e ele voltava a funcionar.

A mulher do Seu Péricles ela só via pelo “Face”, mas estava um pouco diferente, mais nova, mais bonita, enfim, a nova tecnologia fez bem para ela… e para quase todas as outras pessoas – uma mágica eletrônica!
Mas, quando menos se esperava, surgiu o tal Coronavírus. A Maricota e as amigas, que já eram mais de duas mil, só podiam contar com o “Facebook” e com o “Whatsapp” para conversarem com as amiguinhas, pois estava ocorrendo, por conta da pandemia deste vírus, o TERCEIRO AFASTAMENTO SOCIAL!

“Sem problema”, diziam elas, podemos sempre estar em linha pelas redes sociais! Engano delas. Maricota recebeu uma mensagem de uma amiga dizendo que as fofocas tinham mudado de nome e agora eram chamadas de “fake news” e que o pessoal do Supremo, segundo a Maricota explicou, “eram os habitantes de um tal de Monte Olimpo, lugar dos deuses”. “Qualquer fofoca ou algo parecido, dava cadeia”, pronto estava definido o QUARTO AFASTAMENTO SOCIAL!

Maricota, indignada, subiu ao sótão de sua casa -nenhuma amiga sabia que ela tinha um sótão, abriu um baú antiquíssimo e de dentro retirou um objeto enrolado em um pano de seda com inscrições em uma língua desconhecida, desenrolou o objeto e era uma “varinha mágica” !!

Desceu as escadas, chegou à rua e, bem no meio, ergueu a varinha mágica, disse umas palavras em língua estranha, mas terminou em um bom português “…que tudo comece novamente!” Bateu no chão e … após um violento ciclone-bomba,“voltamos para a Idade da Pedra”!!!

Nota do autor: Conta a lenda, que uma tal de Dona Maricota, saindo de sua caverna para fofocar com a vizinha do lado, foi atingida por um raio estranhamente vindo do Monte Olimpo. Que era bem ali pertinho! Uma fofoca, naturalmente, daquela época!

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Cultura e entretenimento

Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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Cultura e entretenimento

O charme do outono. Por Geraldo Hasse

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Esse tempo chuvoso me transportou automaticamente para a salinha do teletipo nos fundos da redação do Diário Popular. Eu cursava o terceiro ano noturno de jornalismo e ganhava um salário vespertino para traduzir telegramas que chegavam em espanhol via Agência France Presse (AFP). Também pela mesma máquina vinham notícias da Agência JB, mas essas não era preciso traduzir, vinham em português de boa qualidade (na época, o Jornal do Brasil era um modelo de jornalismo, atividade hoje subalterna ao marketing).

O teletipo foi a atração daquele ano no jornal, que se considerava portador de uma revolução redentora dos costumes da região. Às vezes um dirigente da empresa aparecia na salinha rebocando um visitante supostamente interessado em conhecer o aparelho mágico. Eu, mero coadjuvante, nem sempre chegava a ser apresentado. Era um mero acessório da máquina, o zé ninguém da redação. Mas quem municiava o jornal com o noticiário nacional e internacional? Era eu e ninguém mais.

O teletipo passou o ano inteiro cuspindo principalmente reportagens sobre a guerra do Vietnã; certo dia, trouxe a notícia da morte em estranho acidente aéreo no Ceará do marechal Castello Branco, o primeiro chefão do governo militar; semanas depois, morria fuzilado na selva boliviana o revolucionário argentino Che Guevara. E eu ali na solidão da salinha 3 x 4 vivendo e aprendendo sobre a marcha da civilização.

Nos intervalos daquele matraquear incessante, eu lia os grandes poetas brasileiros editados pela Editora do Autor e me animava a escrever versos que nunca foram publicados mas ainda não desapareceram da minha memória (lá vai):

“Eu te ofereço meus ternos versos,

são o presente mais puro que te dou:

são beijos em minha boca imersos,

sobras do banquete que acabou”.

O que deveria ser um soneto não passou de uma quadrinha. Faltava não apenas inspiração, mas tempo para ir além do trivial. Fora o tactac do noticiário, havia as distrações do ambiente. O céu cinzento, a umidade impregnando paredes e os telhados gotejando a chuva intermitente me desviavam para cenas inesperadas.

Lembro que através da vidraça da janela eu via numa árvore já sem folhas — um cinamomo, provavelmente — algumas pombas encolhidas sob a chuva: pareciam “corvos de cinema” (estávamos ainda sob o impacto do filme Os Pássaros, no qual a pobrezinha da Tippi Hedren, indefesa, era atacada sem motivo aparente por bandos de aves negras amestradas pelo terrorista Alfredo Hitchcook).

Por tudo isso, senhoras e senhores, o outono, mesmo com chuva, continua encantador. Em Pelotas e em outras latitudes.

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