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Cultura e entretenimento

Opinião livre: “Extremos conflitos extremos!”. Por Neiff Satte Alam

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Por Neiff Satte Alam, professor universitário aposentado |

Realmente vivemos em uma Era de Extremos! Melhor, de extremismos.

Lamentavelmente não conseguimos nos libertar deste interminável período de intransigências ideológicas, ranços ainda dos momentos de absurda não aceitação de quem pensa diferente ou principalmente que apresente ideias novas, soluções novas, novos caminhos a serem percorridos pela humanidade.

A velocidade dos problemas é infinitamente maior do que a velocidade das soluções, pois parece não haver preocupação maior em solucioná-los do que na vontade absurda de criá-los.

Há um irracional conflito de interesses entre os extremos e uma necessidade incompreensível de manter este conflito, gerando desconforto, desgaste no necessário equilíbrio e harmonia entre as pessoas e uma indisfarçável felicidade em desfazer os feitos, por melhores que sejam, entre uns e outros. A população sofre com estes contendores, que buscam verdades absolutas para seus interesses e negam argumentarem com racionalidade sobre as verdades do outro, na busca de situações que mais beneficiariam a maioria das pessoas.

Vejam bem! Um cientista, aproximadamente do ano 190 aC, determinou o número de dias do ano, praticamente sem erro – não teve maiores reconhecimentos; Pasteur teve que enfrentar uma disputa enorme com os Médicos (ele não era médico), para poder implantar seu protocolo de controle de infecções nos hospitais; Giordano Bruno foi garroteado, condenado pela Santa Inquisição, por afirmar que a Terra girava em torno do Sol, entre outras afirmações; Darwin foi perseguido pelo Bispo de sua cidade, por desenvolver a Teoria da Evolução; mais de sete anos foi o tempo que levaram para entender a importância da penicilina como antibiótico, descoberta por Fleming, mas que os cientistas da época relutavam em utilizar – já salvou milhões de pessoas e teria salvado mais caso tivesse sido utilizada logo após sua descoberta. E assim por diante.

Os anos seguiram acontecendo pelas medidas de Hiparco, calculadas há 22 séculos, mas a mente humana ainda resiste ao novo, duvida de seus cientistas, de seus filósofos e de todas as variantes destas grandes áreas do pensamento humano.

É o absurdo ideologismo dos extremos que ainda impera. É a fantástica máquina humana de moer a carne, os ossos e o cérebro dos que se arvoram de pensar diferente, que ainda tenta coordenar, e parece que ainda tem algum sucesso, a direção destas conquistas justas da humanidade.

Hoje, um dia qualquer do século XXI, conseguimos, plasmem, ideologizar medicamentos, vacinas e protocolos para controlar uma Pandemia. Argumentos, debates, conflitos, ameaças, inimizades e desaforos incontidos são proferidos, na maioria das vezes sem nenhum conhecimento sobre o tema e por pura postura político/partidária/ ideológica.

Imaginem se para tomar uma Aspirina tivesse que estudar todo o procedimento científico que levou à utilização, com sucesso deste medicamento; se um médico tivesse que enfrentar um tribunal inquisitivo para explicar porque usa máscaras durante uma cirurgia; se um Agente de Saúde Pública tivesse que mostrar um gráfico de afastamento entre as pessoas para justificar um menor contágio quando as pessoas estiverem mais afastadas; se um laboratorista tivesse que explicar como utiliza os reagentes químicos para determinar uma deficiência de determinada vitamina.

Aos 73 anos, nunca questionei medicamentos indicados pelos médicos com quem tive que tratar das diferentes doenças que tive em minha vida.
No entanto, Hoje, parece que nada disto é suficiente. Pois, para alguns, se o medicamento para prevenção ou cura de um vírus, estou falando especificamente do Coronavírus da COVID-19, for indicado por algum médico, imediatamente um segmento ideológico se coloca contra e outro a favor, em geral são pessoas que não entendem nada do assunto, somente seguem uma cartilha e ainda dão explicações, que se percebe, de pessoas que não entendem nada do que estão dizendo.

Pensamentos como este determinaram a morte de milhares de pessoas pela febre amarela, no início do século XX, por não aceitarem serem vacinadas em razão de campanhas feitas pelos especialistas de bar, que a vacina era mais perigosa do que a doença.

Por isto torço por uma vacina rápida, que venha da China, dos EEUU, da Inglaterra ou do Paraguai, pois já não suporto ver pessoas morrendo enquanto discutem a validade ou não de medicamentos que temos a mão……

É realmente uma Era de Extremos, Hobsbawm só errou um pouco, quanto ao término destes estranhos extremos…30 anos depois segue tudo igual!

Artigos de opinião refletem única e exclusivamente a posição de seus autores.

Envie seu artigo para o e-mail amigosdepelotas10@yahoo.com.br

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    Cultura e entretenimento

    Furiosa: uma saga Mad Max. Por Déborah Schmidt

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    Considerado por muitos (na qual me incluo) o melhor filme de ação do século XXI, o excepcional Mad Max: Estrada da Fúria finalmente ganha sua aguardada sequência quase uma década depois de seu lançamento. Furiosa: Uma Saga Mad Max é um prequel de Furiosa, onde retornamos às origens da heroína interpretada anteriormente por Charlize Theron.

    Novamente dirigido por George Miller, a história segue a jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy), sequestrada de seu lar pela gangue de motoqueiros liderada por Dementus (Chris Hemsworth). Logo eles alcançam a Cidadela, dominada por Immortan Joe (Lachy Hulme). Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa se vê envolvida em uma batalha incessante para retornar ao seu lar.

    Nas primeiras cenas do filme vemos a traumática infância da protagonista (vivida por Alyla Browne). Muito antes de chegar à fase jovem, ela passa por todo tipo de sofrimento, sempre calada e totalmente sem saída. A partir dessa premissa, o longa realiza um verdadeiro estudo da futura imperatriz, que precisa se adaptar perante a escassez de uma terra desolada.

    George Miller, que também assina o roteiro ao lado de Nick Lathouris, aproveita para expandir o universo de Mad Max, visto que a trilogia original iniciou no final dos anos 1970. Desde então, o australiano narra a derrocada do que sobrou do mundo, o desmanche da sociedade e os indivíduos recorrendo a atos de barbárie para sobreviver, utilizando veículos como máquinas de destruição. A produção acerta ao dividir a trama em capítulos, e a sensação é de que estamos assistindo uma verdadeira odisseia.

    O conflito entre Furiosa e Dementus é o grande destaque do filme. Com Anya Taylor-Joy dominando a tela com uma atuação de poucas palavras, densa e absolutamente concentrada no olhar, a atriz também impressiona nas sequências de ação, porém não possui o mesmo carisma de Charlize Theron. Contando com um ótimo trabalho de maquiagem da vencedora do Oscar Lesley Vanderwalt, Chris Hemsworth surge como um vilão exagerado, caótico e levemente cômico.

    Com uma fotografia de Simon Duggan menos marcante do que a de John Seale em Estrada da Fúria, a uma trilha sonora do holandês Tom Holkenborg, mais conhecido como Junkie XL, aposta na desordem de uma história grandiosa, ao melhor estilo Mad Max, em perseguições explosivas e cheias de adrenalina.

    Mesmo que inferior ao seu antecessor, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme poderoso. O longa oferece uma visão mais profunda do universo de Mad Max, explorando os desafios enfrentados por uma protagonista arrebatadora. A espera realmente valeu a pena.

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    Cultura e entretenimento

    O charme do outono. Por Geraldo Hasse

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    Esse tempo chuvoso me transportou automaticamente para a salinha do teletipo nos fundos da redação do Diário Popular. Eu cursava o terceiro ano noturno de jornalismo e ganhava um salário vespertino para traduzir telegramas que chegavam em espanhol via Agência France Presse (AFP). Também pela mesma máquina vinham notícias da Agência JB, mas essas não era preciso traduzir, vinham em português de boa qualidade (na época, o Jornal do Brasil era um modelo de jornalismo, atividade hoje subalterna ao marketing).

    O teletipo foi a atração daquele ano no jornal, que se considerava portador de uma revolução redentora dos costumes da região. Às vezes um dirigente da empresa aparecia na salinha rebocando um visitante supostamente interessado em conhecer o aparelho mágico. Eu, mero coadjuvante, nem sempre chegava a ser apresentado. Era um mero acessório da máquina, o zé ninguém da redação. Mas quem municiava o jornal com o noticiário nacional e internacional? Era eu e ninguém mais.

    O teletipo passou o ano inteiro cuspindo principalmente reportagens sobre a guerra do Vietnã; certo dia, trouxe a notícia da morte em estranho acidente aéreo no Ceará do marechal Castello Branco, o primeiro chefão do governo militar; semanas depois, morria fuzilado na selva boliviana o revolucionário argentino Che Guevara. E eu ali na solidão da salinha 3 x 4 vivendo e aprendendo sobre a marcha da civilização.

    Nos intervalos daquele matraquear incessante, eu lia os grandes poetas brasileiros editados pela Editora do Autor e me animava a escrever versos que nunca foram publicados mas ainda não desapareceram da minha memória (lá vai):

    “Eu te ofereço meus ternos versos,

    são o presente mais puro que te dou:

    são beijos em minha boca imersos,

    sobras do banquete que acabou”.

    O que deveria ser um soneto não passou de uma quadrinha. Faltava não apenas inspiração, mas tempo para ir além do trivial. Fora o tactac do noticiário, havia as distrações do ambiente. O céu cinzento, a umidade impregnando paredes e os telhados gotejando a chuva intermitente me desviavam para cenas inesperadas.

    Lembro que através da vidraça da janela eu via numa árvore já sem folhas — um cinamomo, provavelmente — algumas pombas encolhidas sob a chuva: pareciam “corvos de cinema” (estávamos ainda sob o impacto do filme Os Pássaros, no qual a pobrezinha da Tippi Hedren, indefesa, era atacada sem motivo aparente por bandos de aves negras amestradas pelo terrorista Alfredo Hitchcook).

    Por tudo isso, senhoras e senhores, o outono, mesmo com chuva, continua encantador. Em Pelotas e em outras latitudes.

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