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Opinião

O fato mais pitoresco de 2021 começou em 1918

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Até agora não saiu nos grandes sites nacionais, poucas pessoas sabem, mas o fato mais pitoresco de 2021 não é da política, não é da economia, nem das celebridades. É do esporte, mas não dos grandes clubes internacionais e sim de três clubes gaúchos.

O fato mais pitoresco de 2021 começou em 1918 quando foi criada a FGF – Federação Gaúcha de Futebol – e o primeiro Campeonato Gaúcho estava na fase final quando foi interrompido pela Gripe Espanhola, a pandemia daquele ano. Os três finalistas foram o Cruzeiro de Porto Alegre, o Brasil de Pelotas e o 14 de Julho de Livramento, que haviam vencido as chaves das suas regiões.

Pois cem anos depois os três clubes se uniram e, em 2018, foram à FGF pedir o reconhecimento do título de 1918 para os três, mas a FGF naquele ano nada decidiu. Talvez pelo impacto da pandemia em 2020 e 2021 é que a FGF, já com novo Presidente, tenha enfim compreendido o impacto da gripe espanhola de 2018 e finalmente reconhecido o mérito dos três campeões.

É assim que agora, ao final de 2021, a Federação está entregando a taça de Campeão Gaúcho de 1918 a esses três clubes, 103 anos depois do acontecido! Um reconhecimento tardio e inédito, mas muito merecido, com o qual Cruzeiro e 14 de Julho repartem com o Brasil de Pelotas a honra de serem os primeiros campeões gaúchos e o Brasil passa a ser o primeiro bicampeão, pois também venceu em 1919.

Títulos repartidos já aconteceram antes, por exemplo entre Santos e Portuguesa no Campeonato Paulista de 1973, devido a um erro da arbitragem na contagem dos pênaltis, que encerrou a partida antes de um resultado irreversível, fazendo a Federação Paulista corrigir o erro declarando os dois campeões. O que nunca havia acontecido, ao que se saiba, é o reconhecimento de um titulo 103 anos depois dos fatos, comprovando a máxima de que “a justiça tarda mais não falha”.

Outras curiosidades decorrem desse reconhecimento, o Brasil é o primeiro bicampeão e agora há 3 além da dupla Gre-Nal: Brasil, Cruzeiro e Guarany de Bagé. O Cruzeiro que também foi campeão gaúcho em 1929 (ano do crack da bolsa, outro ano “de superação”) se mudou após cem anos de Porto Alegre para Cachoeirinha, onde comemora agora em dezembro o recebimento do troféu. Não sei se haverá carreata, mas poderia. Ou talvez a carreata fique para 2029, comemorando o bicampeonato. Sabemos, agora, que nunca é tarde para comemorar títulos, mesmo que sejam um século depois!

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Cultura e entretenimento

Guerra civil, o grande filme do ano até agora. Por Déborah Schmidt

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Guerra Civil mostra a fotojornalista Lee Smith (Kirsten Dunst) e o redator Joel (Wagner Moura) em meio a uma guerra civil que dividiu os Estados Unidos em diversas facções políticas. A dupla pretende conseguir uma entrevista com o presidente, mas para isso, precisa atravessar um país dividido e enfrentar uma sociedade em guerra consigo mesma. A dupla é acompanhada por Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem fotógrafa, e Sammy (Stephen McKinley Henderson), um repórter veterano.

Dirigido e roteirizado pelo premiado Alex Garland, o filme explora uma trama ambientada em um futuro distópico, porém não tão distante e nem tão improvável. Conhecido por filmes como Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018) e pelos roteiros de Extermínio (2002), de Danny Boyle e Não Me Abandone Jamais (2010), de Mark Romanek, Garland apresenta uma mistura de ação e suspense ao apresentar a viagem de carro do quarteto de Nova York até Washington. Durante o trajeto, registram a situação e a dimensão da violência que tomou conta das ruas, envolvendo toda a nação e eles mesmos, quando se tornam alvos de uma facção rebelde.

Como a dupla de protagonistas, os sempre ótimos Kirsten Dunst e Wagner Moura criam um contraponto perfeito. Enquanto Lee já está entorpecida e demonstra frieza com relação ao caos, Joel é mais relaxado e conquista o público através do carisma. A serenidade do grupo pertence a Sammy, em um personagem que é impossível não simpatizar, ainda mais com a excelente atuação de  Stephen McKinley Henderson. Cailee Spaeny, que já havia se destacado em Priscilla (2023), repete a qualidade com Jessie, uma jovem tímida, mas ousada, e que está seduzida pela adrenalina da cobertura de uma guerra. Ainda no elenco, Nick Offerman vive o presidente dos EUA, e Jesse Plemons faz uma participação curta, porém intensa, na cena mais perturbadora do longa.

Com a qualidade técnica já conhecida dos filmes da A24, a produção mescla a todo o momento sons de tiros ensurdecedores a um silêncio que fala ainda mais alto, em uma verdadeira aula de edição e mixagem de som. A fotografia de Rob Hardy (parceiro de Garland desde Ex Machina) flerta com o documentário e a trilha sonora de Geoff Barrow e Ben Salisbury (também parceiros de longa data do diretor) é discreta, mas extremamente competente ao servir como alívio de momentos mais tensos.

É instigante acompanhar a jornada desses jornalistas e o filme definitivamente se beneficia deste fato. Através de frames com fotos realistas, em preto e branco, que surgem em meio às cenas mais duras, o filme aposta na fotografia para contar sua narrativa. Mesmo que acostumados com a violência, os jornalistas são os melhores personagens para retratarem essa história e, por mais que tenham seu posicionamento frente ao conflito, o trabalho deles é apenas registrar o que está acontecendo, deixando que o público tire as suas próprias conclusões. Guerra Civil é uma bela homenagem ao papel desses profissionais em momentos de crise.

Em cartaz nos cinemas, Guerra Civil é o grande filme do ano até o momento. Um olhar crítico e sensível, ainda que essencial, sobre a nossa própria realidade.

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Brasil e mundo

Comentário em vídeo: Liberdade de expressão

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